Four

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Quando eles se reencontraram, Audrey não se encontrava em suas melhores condições. Dominada pela raiva, a menina gritava. Lágrimas caiam descontroladamente de seus olhos cinzentos e garrafas de bebida eram arremessadas até se partirem e vidros se espalhavam por todo o pavimento. Marcas feitas por unhas cobriam todo o seu braço e as botas pretas chutavam constantemente a parede do beco escuro. Harry, por sua vez, estava perplexo. Não podia acreditar que a garota misteriosa que vira há meses atrás era a mesma que estava à sua frente a gritar para o nada, como se de alguém se tratasse. Seus cabelos caíam pela sua face e suas mãos os puxavam com força, assustando a qualquer um que passasse e visse aquela cena. Quando seus joelhos foram de encontro ao chão e seus gritos se cessaram, um silêncio invadiu todo o espaço. Com seus braços, ela abraçava seus joelhos - agora feridos pelo vidro partido - e suas costas apoiaram-se de exaustão na parede pichada e em minutos só se podia ouvir o choro da menina.

Com cuidado, Harry caminhou até seu corpo encolhido e, afastando os vidros com seu tênis preto, se ajoelhou, em uma tentativa de ficar à sua altura.

"Audrey?" - ele pergunta.

"Vá embora, Harry" - ela responde, amargurada.

"Não. Me diz o que houve" - ele insiste.

"Não houve nada. Agora vai!" - ela retruca.

"Me deixa te ajudar."

"Você não pode me ajudar, Harry. Ninguém pode."

"Me deixe tentar."

Ele não obtêm resposta. Um longo suspiro se ouve de seus lábios e, relutante, o rapaz leva sua mão até os joelhos machudados da menina, analisando com cuidado o ferimento que apenas tendia a piorar. Assim que retira as mãos de sua pele fria, ele levanta seu rosto encontrando a jovem adormecida, recostada a parede fria. As lágrimas que antes escorriam pela sua pele suave já haviam se secado e seus olhos coloridos se escondiam atrás de suas pálpebras, enquanto a menina descansava após longos minutos de tortura absoluta. Lutando com a ideia de a deixar sozinha e ir para casa, Harry se levanta, e com cuidado, levanta seu pequeno corpo do chão, deixando que sua cabeça descansasse em seu peito coberto pela camisa listrada e caminhando sem qualquer ajuda com Audrey em seus braços.

Chegando próximo ao seu ouvido, Harry sussurrou: "Com certeza, eu não sou a melhor pessoa para te manter a salvo. Mas eu prometo, Audrey, que se alguma coisa lhe acontecer, serei o primeiro a tentar lhe curar as feridas." 

...

October {H.S} - Shortfic (completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora