Noite de nevasca, aquecimento insuficiente e eu estava lá, sozinho em minha sala a datilografar documentos que deveria ter deixado prontos dois dias antes, mas a distração com a chegada de Katya foi tamanha, o alvo sorriso, o olhar de quem sabe mais do que as palavras saídas da pequena boca rosada revelam...rosa, o doce rosa, cor feminina, das pétalas abundantes de beleza e perfume.
A tarefa era árdua mas o fato de estar sozinho facilitava as coisas, sem interrupções de colegas incompetentes ou clientes desaforados em telefonemas intermináveis.
Com toda aquela neve se acumulando lá fora, eu provavelmente estaria preso até a manhã, devia ter dado atenção à previsão.
O som dos tipos tocando o papel na prensa formava uma sinfonia propícia ao sono e a cada palavra datilografada a concentração caía e os erros apareciam. Não tardei a sucumbir aos desígnios de Hipnos, para em seguida ser presenteado por Morfeu com um sonho do qual não queria acordar, Katya, sempre Katya! Mas, como minha vontade pouco importa aos caprichos do universo, fui despertado pelo toque inesperado do telefone.
TRIM TRIM...
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Trim trim
HorrorTarde da noite um homem trabalha. Lá fora a neve, lá dentro o horror chega através da linha telefônica.