Ao atender tive a impressão de que o telefone estava mudo, mas não apenas isso, era como se eu estivesse ouvindo o vazio, aos poucos bem distante, um som, baixo, era como uma faca riscando louça e vozes sibilantes falando muito rápido e em uma língua desconhecida. Não foram só os ruídos, algo naqueles telefonemas me inquietou.
Não voltei a dormir, tampouco ao trabalho, estava tomado por um medo inexplicável que tentava combater fazendo afirmações lógicas, mas estava em um estado de ansiedade progressiva. Queria ir para casa, já não me importavam os malditos prazos, até mesmo o emprego, nem mesmo Katya me faria ficar ali.
Eu ouvia o uivo do vento que parecia um lamento, os galhos riscavam as janelas e tudo parecia querer me manter onde eu estava, o aquecedor já não funcionava tão bem e o frio me incomodava, tudo acontecendo de forma inexplicável e repentina.
Tentava me tranquilizar afirmando em voz alta que estava cansado e que uma boa noite de sono resolveria qualquer problema, meu coração parecia começar a desacelerar quando...
TRIM TRIM...
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Trim trim
HorrorTarde da noite um homem trabalha. Lá fora a neve, lá dentro o horror chega através da linha telefônica.