Olá, meu nome é Artur. Minha história começa quando eu conheci Felipe Evangelista num dos colégios mais renomados e caros da minha cidade. Juntos nós fizemos o nono ano (antiga oitava série) e todo o Ensino Médio. Quando eu passei pro nono ano, Felipe era o único repetente da minha sala. Apesar dele ser apenas um ano mais velho que os demais alunos, a discrepância dele para os outros meninos da turma era enorme. Enquanto os outros ainda tinham um jeitão de criança, viam desenho animado e conversavam sobre vídeo game, Felipe já tinha um jeito bem mais adolescente, falava de sexo e sempre andava com uma revista pornô na mochila. Felipe era bem mais alto que todos os outros meninos da classe (tinha uns 1,80), tinha um corpo muito magro e super definido, com os músculos do braço e do torso bem rasgados. Seu cabelo era loiro levemente ondulado, mas apesar disso ele não era nada angelical já que seu rosto tinha o formato muito quadrado e másculo. Felipe sempre andava com um olhar de malícia e um risinho debochado no canto da boca.
Além do uniforme obrigatório do colégio, ele sempre usava tênis e mochilas de marca. Todos os meninos queriam ser como o Felipe: ele era rico, mandava bem em todos os esportes e não levava desaforo pra casa. Felipe sabia como debochar e ridicularizar qualquer um, e também sempre peitava uma briga. Muitas meninas eram loucas para ficar com ele (só as mais castas que se faziam de santa não admitiam que sentiam tesão no jeito bruto e másculo dele). Por causa do seu temperamento explosivo, com frequência, ele era expulso de sala e mandando à diretoria.
Em muitos pontos, eu era o oposto do Felipe: eu era um menino tímido que preferia gastar meu tempo lendo mangás e vendo animes do que assistindo vídeos pornôs; era mais de correr de brigas do que de cair na mão de fato; não era rico (só consegui estudar naquele colégio porque ganhava bolsa integral); até tinha alguns colegas, mas nem de longe eu era popular como o Felipe. Para muitos no colégio era mais um zé-mané que não fede nem cheira.
Apesar de viver caçando briga e confusão com todo mundo na escola, Felipe não estava disposto a repetir o ano mais uma vez. Se isso acontecesse de novo seu pai cortaria toda sua mesada. Para não correr esse risco ele estava disposto até mesmo a contar com a ajuda de um zé-mané.
Um dia a professora de História pediu que a turma se dividisse em duplas para um trabalho. Felipe negou fazer trabalho com todos os seus amigos mais próximos, atravessou toda a sala até se aproximar da minha carteira e falou comigo:
- Opa, você manda bem em História, né?
- Er... acho que sim...
- Topa fazer o trabalho comigo?
- Claro! – não consegui conter minha euforia, afinal nunca havia imaginado que alguém tão descolado fosse me chamar pra ser sua dupla.
- Beleza. Aparece lá em casa amanhã de tarde – disse enquanto pegava uma caneta do meu estojo e rabiscava o endereço e um número de telefone na folha do meu caderno – Qualquer coisa me liga nesse número aqui.
- Tá bom! Acho que sei como chega lá. Chego por volta de duas horas... – enquanto eu falava ele já ia virando as costas, se afastando da minha carteira em direção a seu lugar.
No dia seguinte, cheguei de ônibus até o endereço do Felipe. Cheguei no prédio com uma fachada luxuosa e um hall de entrada muito refinado. Pedi para o porteiro interfonar para o apartamento indicado. Quem atendeu foi uma mulher. Ela pediu que eu subisse ao apartamento. Chegando lá, uma jovem morena uniformizada de empregada me recebeu na porta. Ela me levou até o quarto do Felipe. O apartamento era cheio de obras de arte, aparelhos tecnológicos de última geração e móveis planejados. O quarto de Felipe era enorme, cabia minha casa inteira dentro daquele cômodo.
