Será que a distância pode enfraquecer um laço de amizade?
Será que a distância consegue apagar as lembranças de um coração partido?
Será que a distância...
POV - Ron
Cada caminho leva-nos a um lugar; muitas vezes podemos chegar onde queríamos, outras vezes não, mas o importante é que chegamos em algum ponto. É esse sentimento que gostaria de sentir agora, que cheguei em algum lugar, mesmo que não fosse onde eu gostaria, porém estou de mãos atadas nessa situação.
Tentando fugir dessa situação, voltei minha atenção para meus estudos, afinal tinha que me preparar para começar meu mestrado na Europa; talvez a distância melhoraria esse sentimento, pelo menos essa era minha esperança. E assim passaram dois dias de preparo, arrumando malas e documentos; estava feliz que minha mãe ficou comigo durante todo o processo, ela sempre esteve nos momentos que eram decisivos para mim. Agora com tudo pronto, só me faltava esperar o voo, embora ela não pudesse ficar, só de ter estado comigo foi tudo o que eu precisava.
Aqui estou, assistindo TV numa sexta a noite muito monótona até que meu celular toca e vejo quem está me ligando, meu coração dispara.
- Alô?
- Oi Ron, é o Zelune. O que faz de bom agora?
- Nada pra falar a verdade.
- Então você está intimado a vir aqui em casa agora pois tem uma coisa aqui para você.
O que será? Surpresa do Zelune?
- O que é Zelune?
- Não vou contar, você vai ter que vir aqui pra descobrir!
- Tudo bem, estou indo pra ai então.
E assim me arrumei e fui, curioso para saber o que me esperava na casa dele; realmente pensei que não o veria antes de ir embora, ele estava muito ocupado com quatro vídeos para editar, não quis atrapalhar, mas não conseguiria pelo menos não dar tchau para ele.
Quando cheguei ele estava me esperando na entrada do prédio; as surpresas começam a partir daqui? Quando me viu, veio correndo e me abraçou.
- E ai meu amigo? Disse me abraçando.
- Tudo bem e com você Zelune?
- Você não pensou que ia embora sem se despedir de mim né? Disse sorrindo, estava muito feliz.
- Claro que não, só não vim antes por não querer atrapalhar sua correria cara.
- Pois você nunca atrapalha, sabia? Vamos subir, teremos muitas emoções essa noite.
Uau, como assim? O que ele quis dizer com isso?
E assim subimos, ele sempre me perguntando como estava as coisas, se deu tudo certo; quando chegamos em seu apartamento, ele abriu e a porta e acendeu a luz e meus olhos não acreditaram. Todos os meus amigos estavam lá, Cellbit, Felps, Guaxinim, Alan, e outros; fizeram uma festa surpresa para mim, não acreditava no que estava acontecendo.
- Não acredito galera, nossa, como vocês fizeram isso? Gente eu-eu não tenho palavras para agradecer...
- Foi tudo ideia do Zelune sabia? Disse Cellbit.
- Valeu cara, estou muito feliz de verdade, obrigado Zelune.
- Não tem o que agradecer, você não poderia ir embora sem ver seus amigos preferidos né? Disse piscando para mim.
E assim passamos uma noite ótima, meu coração se alegrava só de estar lá com eles, foi a melhor festa de despedida, embora no final alguns ficaram triste, mas garanti que voltaria logo para nos reunirmos de novo. Um a um foi indo até que apenas eu fiquei, ficamos sozinhos.
- Zelune, muito obrigado por tudo. Você não imagina o quanto estou feliz, foi o melhor presente que alguém poderia me dar.
Com um olhar fixo e intenso, se aproximou até que faltavam poucos centímetros para estarmos no mesmo espaço pessoal.
- Não tem o que agradecer Cueio. Sua voz grave mexeu comigo.
Ainda com aquele olhar, se aproximou mais um pouco até que nossas bocas estavam a milímetros uma da outra; sem nenhuma dúvida, eu me aproximei mais um pouco, e foi o que ele precisava para diminuir a distância entre nós. No começo foi um beijo calmo, afinal era a primeira vez que beijava um homem ( e acredito que ele também), mas foi se intensificando até que precisamos parar.
Respirávamos descompassadamente, seu olhar nunca deixando o meu. Não dissemos nada por alguns segundos, até que precisei falar o que pensava.
- Por que?
Ele ainda olhava com aquele olhar, não conseguia interpretá-lo, mas era algo forte, intenso que fazia seus olhos brilharem.
- Porque eu não podia deixar você ir embora sem uma lembrança. Nossa.
Suas palavras me confundiam, não sabia o que ele sentia, se aquilo era algo bom ou ruim.
- Preciso ir, meu voo sai bem cedo amanhã. Obrigado por tudo Zelune. Olhei diretamente em seus olhos, para que ele visse a sinceridade em minhas palavras.
- Não agradeça Cueio, eu que agradeço. Boa viagem amanhã e volta logo ok? Senti sua voz estremecer.
- Pode deixar.
Quando estava saindo da porta do prédio, ele puxou minha mão e me abraçou, me senti tão confortável naquele abraço, sentia seu carinho e sua saudade que já começava aparecer. Caminhando para casa, olhei para trás e o vi parado na frente de seu prédio acenando para mim, até que a escuridão da noite me recobriu e não o vi mais.
No dia seguinte, estava no caminho para entrar no avião, porém alguns pensamentos me rondavam até que através do vidro da janela vi alguém acenando para mim, e quando olhei bem era Zelune. Não tinha como eu voltar, mas mesmo longe ele fez eu entender; fez um coração com as mãos e depois apontou para mim. Será que aquilo significava que ele me amava?
Sem pensar muito fiz os mesmos gestos, e fiquei olhando, nossos olharem fixados um no outro até que um funcionário disse para continuar o caminho, pois o avião estava para decolar. Acenando, continuei até que a última coisa que vi foi seu sorriso sumindo através das paredes.
Quando o avião estava decolando, finalmente pude pensar um pouco, sentia uma mistura de sentimentos; feliz pelos gestos que pareciam me dizer que ele me amava, porém a saudade já marcava presença no meu coração. Não sabia o que sentir, só esperava que de alguma maneira conseguiria seguir em frente.
Procurando meu notebook vi uma caixinha com um laço, tinha me esquecido.
Indo em direção a porta do prédio, Zelune puxa meu braço e abraça com todo seu sentimento, e ao final me estende uma caixinha.
- Abra apenas quando estiver no avião, tudo bem?
- O que é isso Zelune? Pergunto confuso.
- É pra você lembrar de mim.
Quando abro a caixinha, vejo um chaveiro vermelho em forma da letra Z, e embaixo um papel dobrado que dizia:
Será que a distância pode enfraquecer um laço de amizade?
Será que a distância consegue apagar as lembranças de um coração partido?
Será que a distância faz esquecer um beijo apaixonado?
Será que a distância faz enxergar o que realmente sentimos?
Será que a distância...não.
Não é preciso distância para ver que tudo isso resume em uma palavra: amor.
Boa viagem Cueio.
Zelune.
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Alguém Especial
RomanceO que fazer quando o amor surge entre uma grande amizade? Será que pode dar certo? Qual sentimento é mais forte? Ron e Zelune queriam saber as respostas.