Aquilo na escuridão

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  O quarto nem esta tão escuro assim. Pensou Lucas, um rapaz magro e pálido, de 16 anos, de cabelos negros, crespos, curto e espalhado. Adorava ficar trancado em seu quarto, com a luz apagada, iluminado apenas pela tela do computador.
  Recentemente sua mãe estava reclamando sobre a iluminação. Lucas sempre achou isso um exagero, afinal a tela do computador era enorme, e iluminava razoavelmente o quarto.
- Da até pra ver sua cara sua cara de zangada.- Disse certa vez Lucas, numa tentativa falha de fazer piada. Ele não era muito bom nisso.
  Mais o que ela não entendia era a necessidade que Lucas tinha de ficar só, como um mecanismo de defesa.Alias, o que o mundo tinha a oferecer? Nada que ele não pudesse acessar dali mesmo. Era melhor jogar seus vários jogos online, do que se socializar. Escola pra que? Só tem gente chata e falsa, os personagens da sua serie favorita eram mais interessantes.
  Lucas estava nesse momento jogando into the darkness 4, um jogo de terror, estava viciado nesse tipo de jogo ultimamente. Se concentrando bastante em sua tela de computador, de repente, do canto do olho, viu algo passar por de baixo de sua porta muito rapidamente.
  Ele virou a cabeça pra ver o que aconteceu ali. Mas não enxergou nada. Então voltou sua atenção ao jogo, neste momento ele estava tentando resolver um puzzle para poder abrir uma porta que estava trancada no jogo.
  Do nada, sua cama da um pequeno pulo, não grande o suficiente pra fazer um barulho alto, nem pequeno o suficiente para não ser notado.
  Mas o que está acontecendo? Pergunta para si mesmo em pensamento. Ele sai da sua cadeira de computador, e se abaixa pra ver o que foi que entrou de baixo da cama, mas a pouca iluminação estava atrapalhando. Lucas acende a luz, seus olhos doem um pouco. To aqui a quantas horas mesmo? Se pergunta enquanto tenta acostumar sua visão em um ambiente mais iluminado.
Se abaixando de novo pra ver o que estava acontecendo, ele não vê nada demais, apenas o que ele sempre guarda ali, um par de tênis, algumas revistas e uma caixa cheia de jogos para computador, nada de diferente. A não ser talvez, que de baixo da cama estava um pouco mais escuro, ou era impressão dele?
  Resolveu que deixaria o assunto de lado, não deve ter sido nada de mais, apenas impressão. E quando foi apagar a luz de novo, viu de canto de olho algo escuro saindo de baixo da cama e indo pra de baixo da mesa do computador. Um rato?
  E procurou por tudo quanto é canto na mesa do computador. A procura daquilo que talvez fosse um pequeno animal invasor, mas Lucas não achou nada. Eu devo estar com muito sono. Ele olhou par o relógio, duas da manhã, melhor ir dormir.
  Enquanto tentava dormir, não parava de ter a sensação de que alguém o observava silenciosamente na escuridão. Foi difícil pegar no sono, mas conseguiu dormir, afinal, tinha que ir pra escola amanha de manha.
  Luuucaaaas....
  Lucas acorda assustado, alguém tinha sussurrado o nome dele.
- Mãe? - pergunta na escuridão do quarto, espera um tempo e faz outra pergunta. - Tem alguém aí?
  Mas nada responde. Devo estar imaginando coisas de novo. E volta  a dormir, já estava quase na hora de levantar, tinha de ir pra escola.
  A escola estava chata como sempre, alunos fazendo barulho demais, professores tentando dar aula para uma sala desatenta, tudo igual, nenhuma novidade.
  Voltando pra casa, Lucas foi direto pro quarto. Nada melhor que o meu quarto. Pensou abrindo a porta, mas ao entrar no quarto já escuro, mais uma vez ele viu a sombra de mexendo de canto de olho.
  - Dessa vez você não escapa! - Falou Lucas para o possível invasor.
  Revirou todos os moveis, não encontrou nada. Será que era um rato mesmo? Lucas começou a meditar sobre tudo o que sabia sobre ratos. E tudo o que Lucas sabia sobre ratos vinha dos desenhos animados, mesmo assim tentou. Sabia que gostavam de queijo, que nenhum gato era páreo para eles, e por algum motivo sempre faziam buracos nas paredes...
  Foi imediatamente olhar as paredes para encontrar algum buraco suspeito. De novo, sem resultados.
  Lucas senta em sua cama, perplexo, se perguntado se ficou louco mesmo. Talvez esteja, talvez ficou tanto tempo nesse quarto que realmente começou a enlouquecer. Começou a cogitar se não devesse sair um pouco, aproveitar mais o dia. Resolveu que iria sair do quarto, mas ao tentar abrir  porta, percebeu que a maçaneta não girava.
   Luuuucaaaaaaassss......
   Lucas olhou para trás assustado, algo sussurrou o seu nome de novo, uma voz lenta e arrastada que parecia ter saído debaixo da cama. Ele vai devagar até a cama. Devo estar alucinado. Pensa enquanto se abaixa para ver o que o chamou. Nada de novo,em baixo da cama esta a mesma escuridão de sempre, as mesmas trevas de sempre.
  O que eu ia fazer lá fora mesmo? Aqui dentro está bem melhor. E assim Lucas desiste da ideia de sair, liga o computador e começa a jogar into the darkness 4. Lucas perdeu sua vontade de sair de casa, perdeu sua vontade de ir pra escola, preferiu ficar na escuridão de seu quarto. E dia após dia, ficou apenas jogando e dormindo, de vez em quando via sombra de ratos pelo canto do olho, ouvia alguém chamando ele debaixo da cama, mas Lucas nem ligava, tinha o seu computador.
  Sua mãe tentava tira lo de seu quarto varias vezes, mas em vão. Ela apenas decidiu deixar o filho ali, com a porta declarações escuridão.
  Lucas não precisava de ninguém, não queria ver ninguém, apenas a companhia de seu computador, e da mulher de vertido negro como a escuridão. Ela saia da escuridão de seu quarto e falava que ele não precisava de mais ninguém, que apenas jogar seu jogos eram o suficiente, que lá fora pessoas iria machuca lo.
   Apenas fique na escuridão. Era o que a mulher repetia sempre que aparecia. Sua pele pálida, seus cabelos longos e negros, seus olhos brancos, sem pupilas, seu vestido tão preto que se confundia com a escuridão. Lucas não  importava com nada disso, apenas sorria e balançava a cabeça.
  De vez em quando, a mulher dizia que um dia o levaria para um lugar maravilhoso, era so ele se comportar. Lucas se comportou, ele ficou quietinho, nem ligava mais o computador, apenas ficava sentado na cama em silencio. Brigava com a mãe sempre que ela abria a porta, e a expulsava imediatamente.
  Lucas esperou sentado na escuridão, esperou sentado, enquanto a escuridão ficava não densa. Enquanto a escuridão o engolia...

Aquilo na escuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora