Parte 2

83 2 1
                                    

E eu disse''imagina'' mas eu nem sabia o que era judia. E nem agora eu sei direito.
A Fanny me explicou, me explicou, mas eu não entendi nada . Ela disse que e religião, mas não e só religião, é tradição, tem um pais que é Israel e eles São israelitas e são israelenses, sei lá!
Mas o Maurício não ia as festinhas da gente, uma vez a Clarinha convidou,ele disse que ia mas não foi.
Também ele nunca falou comigo, só no telefone. Era cada conversa comprida... Uma vez a gente ficou quase uma hora no telefone...
E ele nunca dizia que era ele.Quer dizer, ele nunca dizia o nome dele .
A primeira vez que ele telefonou eu perguntei quem era, ele disse''adivinha''.Mas eu sabia que era ele, porque ele tinha levado a tarde inteira passando pra baixo e pra cima na minha rua de bicicleta.
Aí eu falei''eu sei quem é'' e ele disse''quem? '' e eu disse'' é da classe da minha prima''. Naquele tempo ele estava na classe dela .
''É mas diz meu nome'' ele falou .Eu disse''dá mais uma dica''.Ai ele disse
''Eu tenho olhos azuis''.Eu achei que ele era muito convencido. E quando a gente se encontrava no Colégio a gente fingia que não se conhecia .
E eu ficava pensando:
"Será que gente grande também fica pensando essas coisas?"
Eu só sei que naquele dia minha mãe se arrumou toda, botou perfume, botou umas meias pretas, eu achava o máximo meias pretas, mas minha mãe não deixava eu usar. E ela até deixou eu ir dormir na casa da Fanny, deixou eu ir depois pra casa do meu pai e almoçar lá e ir no clube com ele e com a Ana.
Eu só voltei pra casa no domingo de noite e quando eu cheguei ja era umas dez horas e a minha mãe também estava chegando com um cara que eu não conhecia e o meu pai perguntou "quem é esse? " e eu disse "sei lá? ''.

De repente Da CertoOnde histórias criam vida. Descubra agora