O NOIVO

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O grande chefe Caian, levanta-se, põe sobre ela um olhar examinador como que procurando defeito na mercadoria. Faz ele um gesto para que Caiakan levante-se de onde está sentado. E nesse momento Yaman confere que seu pretendente é realmente o guerreiro de pele dourada.

- Aqui tem um Caiaporano, meu filho, meu valoroso guerreiro, que caça animais ferozes, luta com eles é os vence. Homem que sabe tratar negócios com muitas tribos, faz trocas e sabe pescar também, com suas flechas certeiras, acerta peixes até em águas profundas. Esse é Caiakan. - Fala o chefe pegando seu filho pelo braço e o apresentando.

Caiakan leva seu olhar até Yaman, examina seu olhar triste e lhe sorri, como que querendo tranquiliza-la, porém, ela não consegue se acostumar com a ideia de que vai casar.
Após as apresentações, a tribo faz duas fileiras, deixando um corredor para que os noivos caminhem. Os índios seguram em suas mãos ramos de trigo. Yaman e Caiakan colocam-se lado a lado em frente da passarela feita por esse corredor humano, porem não se tocam e nem se olham, caminham um ao lado do outro e a tribo vai tocando neles com os ramos de trigo, os abençoandos. De quando sua chegada no final do corredor, Caiakan se posiciona a frente dela, a olha-a nos olhos sorrindo e fala alto para que toda a tribo o escute, bem como seus pais.

- SIM! - Grita ele levantando um dos braços para o alto.

Toda a tribo grita em euforia, pois todo aquele ritual, era para que ele falasse se aceitava ou não a oferta do pai de Yaman. Sendo o ritual apenas para cumprir as normas da tribo, pois acordos firmados entre chefes não poderiam ser desfeitos e Caiakan diria sim de qualquer jeito.
Eles voltam a seus lugares e ela mantém os olhos baixos até a chegada de uma das idosas da tribo ao seu lado, que lhe toca o ombro e a acompanha de volta para sua tenda. De dentro de sua rede, Yaman ouve os gritos de alegria de seu povo por estarem casando a filha do grande chefe, ela se coloca encolhida no fundo da rede mais ainda e em sua triste conformação, dorme.

Ao nascer do sol, Yaman, levanta-se de sua rede, examina seus pais deitados na esteira feita de cipó coberta com couro e lã. Ela não dormiu quase nada durante a noite e resolve ir até a beira do riacho se banhar. Sai da aldeia e caminha em uma trilha de relva, ao chegar a seu local preferido para o banho, uma grande lagoa que se formara com a escavação do rio e onde em toda beirada dela, ela é sua avó paterna, plantaram rosas, deixando assim o local como um verdadeiro paraíso. Ela ouve ruídos, vindo da sequência da lagoa, onde os homens da tribo fazem pescaria. Resolve se achegar até lá, caminha alguns passos e olha através dos arbustos, lá em pé em uma pedra, com um arco e uma flecha certeira, Caiakan acerta um peixe. Ela o examina as costas, verificando ser ele tão belo daquele anglo quanto de frente.

Nesse momento, o nobre índio ouve som de pegadas nas folhas secas, vira-se e dá de encontro com os mais belos olhos castanhos que já virá.

- Bom dia Yaman. Estou a pescar para que assim em nossa festa não falte alimentos. - Ele sorri para ela.

Ela nada lhe diz, dá as costas a ele voltando para seu lago encantado, lá, entra na água e deixa-se levar por suas lembranças de sua avó. Ela lhe contava sempre a mesma história e lhe chamava de pequena guardiã, dizia que um dia ela, Yaman, ainda seria conhecida por toda a região, como a grande Guardiã, que ela era a escolhida por Tupã para guardar algo de rara beleza e encanto. Tudo isso lhe era dito enquanto plantavam as roseiras que ali estavam. Os pensamentos de Yaman vagueiam, fazendo com que ela se esqueça de Caiakan. Porém o rapaz a seguiu e a observa, ele sorri ao ver a moça de costa na água, deixando-se levar por sua marola. Ele volta a pensar em seus sonhos com a deusa da floresta e agora tem certeza que é Yaman tal mulher. Já não tem mais dúvidas do que tem que fazer, pois em seus sonhos ela sempre o orientava como um dia ele chegaria até ela.

A MAGIA DA ROSA AZULOnde histórias criam vida. Descubra agora