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Com mais ou menos uma hora de caminhada avisto o portão de casa.
Estou cansada de verdade, e isso é bom.

Menos tempo acordada...

Entro em casa, não há ninguém na sala para me receber.

Claro. O que eu queria?

Subo as escadas correndo e percebo que tem alguém no meu quarto.
É a Débora.

- O que está fazendo?!! - Grito com raiva e Débora se assusta.

- O que faz aqui, Lia? Cabulou aula, não foi?! Qual será o seu castigo dessa vez?!

- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? - grito mais uma vez, com mais raiva.

- Não é da sua conta. Agora me dê essa mochila. Me deixe ver o que tem dentro.

Ela ficou louca?
Por que está me tratando assim? Como se eu tivesse roubado algo.

- O que você quer com a minha bolsa? E por que está mexendo nas minhas coisas? - pergunto exaltada.

- Lia! Me dá essa bolsa. - ela grita tirando a mochila das minhas costas e abrindo com violência.

Eu desço correndo e vou até a cozinha. O Ricardo não está em casa.
Menos mal.

Olho para trás e vejo Débora descendo as escadas com a cara de taxo de sempre.
Observo que ela não tem nada nas mãos. O que me deixa aliviada e confusa.
Não sei o que está acontecendo, e nem quero saber.
Só tenho vontade de subir e me trancar no quarto.

- Ei, Lia. Por favor. Deixa eu...

- Cala a boca, sua chata. -Grito e subo novamente. Batendo a porta do quarto com toda força que eu tinha.

Aquela mulher está me deixando louca, eu preciso fazer algo.
Preciso sumir, morrer... sei lá.
Quero que tudo isso passe.

Meu celular toca.

- Alô ?
- Oi Lia, lembra de mim?
- Não. Quem é?
- Ai, para. Como assim tu não lembra? Esqueceu da melhor amiga, mina. Ta louca?! aaffs
- Claro que lembro, só estou brincando. Ana, você ligou na hora certa. Tô pirando aqui. - Falo quase chorando.
- Ei, Lia. O que aconteceu? Ela de novo?
- ... - Fico em silêncio e começo a chorar baixinho.
- Pequena, tá me ouvindo? Não chora não, ta?! Deus está ai com tu, por que não fala com ele?

Essas palavras são como um soco no estômago. Eu nunca acreditei em Deus e ela sabe, agora vem me dizer uma coisa dessas...

- Ficou louca, Ana? Você sabe que essas coisas não existem. Eu odeio quando fala disso. Vou desligar, certo? Tchau!

Não dou tempo pra ela responder e encerro a ligação.
Afinal, o que a Ana está pensando?
Tanta coisa ruim acontece comigo e ela vem me falar de Deus?
Se ele existisse eu não estaria passando por isso. Meu pai não teria morrido, eu não teria sido... enfim.
Ela só pode ter enlouquecido.

Deito na cama e penso no meu dia maravilhoso - só que não - com meus novos colégas.

Acabo pegando no sono.

[...]



As Crônicas De LIAOnde histórias criam vida. Descubra agora