Capítulo 14~

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Três dias.

Desde domingo o festival foi uma loucura na cidade,e a curiosidade com a grande nova experiência em conhecer o aquário mais de perto foram uma correria. Meu pai parecia querer ver mais desse movimento ,abrimos ao público em maiores comemorações,o que são bem poucas vezes para conseguir satisfazê-lo. Já estamos em setembro,o Halloween está a pouco menos de um mês,e logo no outro semestre as festas de fim de ano,o que eu posso apostar que será de um público ainda maior. Mas eu tenho contado muito com um retorno pela minha carta de recomendação da instituição do Hawaí. A proposta é obter novas esperanças aos golfinhos,mesmo baleias,que acabaram por quase perder suas vidas,ficando reclusas de uma vida normal qual levavam.

Eu sei,já há tempos que a carta fora ,nos meus 19 para ser mais precisa. Também já vi casos em que levou 4,5 anos até voluntários terem a chance,e sinceramente eu estou a planear uma viagem para lá. Isso é tempo demais que estou a perder.

Bem,logo após o período do festival nós voltamos às rotinas,a sala já está a parecer uma galeria. Desde então não entendi esse atrativo do meu pai,mas eu entendo como sua vontade é transformar as paredes com arte criatiava e,o pintor está a fazer destas vontades. Não obtemos diálogo algum desde o ocorrido no festival,e a verdade é que isto tem me encomodado.

Sinto que devo falar conosco,pois tanto sua estupidez como a minha foram um ato de nos mantermos na defesa.

Vendo que é tão inútil quanto,mal sabemos sobre o outro.

Deixei o livro de experiências da mamãe na gaveta,e fui em busca de outra blusa. Noaphe sujou-me durante seu banho,o que pouco resolveu para seu pelo fedorento. Acabei por vestir um moletom com o símbolo dos Rolling Stones,mudei meu skinny para um azul e por fim,calcei meus chuck taylors. Coloquei o celular no bolso traseiro e desci rumo ao meu carro tragicamente sujo.

Isso que eu o usei ,sei lá,umas 5 vezes. Coloquei o cinto e dei a ingnição logo assim. Espero não perder a viagem,ou mesmo a paciência.
( ... )

Deixo o carro numa vaga do outro lado e saí andando durante uns minutos,como sempre o vento por aqui era mais forte. Abracei meu corpo afagando os braços arrepiados,meus olhos vagando mais à frente a procura do ser com uma tela . No entanto,não havia sinal algum dele. Estranhei,pois já nem era tão cedo assim,10:20 ao que meu celular indicava.

Persisti em mais uns metros e estava tudo na mesma,o movimento mais calmo,talvez fosse isso. Meu estômago começara a dar sinais de que entraria em uma erupção,encarei uma lanchonete ali bem pertinho. Claramente apressei os passos até lá,mesmo frustrada por não ter o visto-menos mal na verdade-não iria perder a viagem assim.

Entrei no pequeno lugar mais aquecido,fui diretamente ao balcão já com o pedido em mente.
-Oi,bom dia-cumprimento e o rapaz uniformizado retribui com um meio sorriso.
-Já sabe o que vai querer?-ele prepara o papel e a caneta.
-Uhmm,sim. Um sanduíche de bacon,batatas e um refrigerante!-ele ri com minha forma de dizer,assentindo . O mesmo indica uma mesa para mim,como o lugar estava cheio praticamente restou-me a que sobrou. Ficava mais reservada,porém tinha um cara ali,de cabeça baixa.

Dei de ombros por um momento e sentei-me do lado oposto ao seu,concentrada na caixinha de guardanapos. Não eram comuns,de pano xadrez e todos bem dobrados.

Ousado,mas também simples.

-Seu pedido,moça-o mesmo rapaz o deixa ali e eu dou um pequeno sorriso agradecendo. Ele assente satisfeito e volta a atenção para o cara a balançar o copo de café. Podia jurar que já vi essa mania antes.

-O senhor deseja mais alguma coisa?
-Ficar sozinho já serve muito-diz curto e grosso. Claro,tinha de ser...O rapaz sai sem graça e eu não me controlo.
-É um imbecil mesmo,não precisava ser grosseiro conosco-me altero e ele revira os olhos.
-Não é da sua conta ,na verdade-rosna.
-Já é-sorrio irônica.
-Claro,sempre se metendo onde não é chamada.
-Nem precisa,eu posso-retruco. Dou uma pequena mordida no sanduíche sem tanto entusiasmo,o objetivo em mente era justamente falar com ele. Mas logo me arrependo desse pensamento incrédulo.
-É incrível como me persegue-desconversa e eu rio.
-Tá,tá bom. Os lugares me chamam mesmo-dou outra mordida no sanduíche,tenho a impressão de que seus olhos observavam-me. Desvio o olhar para o lado já incomodada.

Por que eu estava aqui mesmo?

-Não estou convencido disso,estou achando que tem algo mais aí-comenta e a lasca de gordura do bacon faz-me engasgar no mesmo instante. Tomo três goles urgentes do refrigerante para reverter o efeito,qual vai se acalmando aos poucos.
-Acha demais,não é? Está aí um dos seus tantos problemas-o encaro e seu cenho franze desacreditando.
-Uma coisinha arrogante como você não tem o direito de se meter onde não lhe diz respeito,como minha vida-ignoro-o e chamo uma moça que estava esperando ter mais utilidade,acabo pedindo pra ela embalar o pedido.
-Nem quero-suspiro já me levantando. Não demora nada e a embalagem já está numa sacola.-Valeu-forço um sorriso e ela retribui se virando para outra mesa de 5,6 pessoas.
Acho que nunca agradeci tanto como hoje. Era até estranho na verdade.-Mas..você não está de todo errado-digo assim que saio do caixa.-Pois eu decidi que queria me desculpar,por ontem-minha voz sai quase no meio fio,então reverto isso com um encolher de ombros.
-Devia,como minímo-diz ríspido.
-Eu sei disso-concordo e saio abraçando meu corpo novamente,arrependida de não ter trazido uma jaqueta ou um casaco.

Curiosamente vejo aquele mesmo garotinho que estava com o pintor no dia em que fui atropelada,ele correu até a lanchonete. Parei por um momento e o vi sentar-se ao seu lado,posso apostar que o garotinho o cumprimentou,mas ele continuou de cara fechada. O loirinho sorriu sem graça,fico tentada a observar como seus olhos se encheram de vida quando o rapaz incensível lhe ofereceu seu copo de café.

Talvez nem tão incensível.

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⏰ Última atualização: Apr 02, 2016 ⏰

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