Harry sorria abertamente, as covinhas profundas aparecendo em suas bochechas, os cabelos cacheados sendo bagunçados pelo vento. Andava tentando se equilibrar pelas ruas escuras da madrugada de Londres. Estava bêbado. Os cabelos bagunçados e os olhos avermelhados dizia muito sobre seu estado de sobriedade. Estava cansado de fingir por motivos miseráveis e divinos, sempre pregados por hipócritas. Então, no fim de semana, sem que ninguém saiba, Harry sempre sai para festas diferentes. Ele dança, canta, bebe e faz o que sempre quer fazer. A vida boêmia é tentadora demais e ele não consegue negá-la com toda juventude que corre em suas veias. Durante a semana Harry é só um estudante de jornalismo com uma vida medíocre na zona norte da cidade. Um cigarro pairava entre os dedos, e a cada tragada ficava mais difícil conter o sorriso que se formava em seus lábios. Uma súbita felicidade se instalava em seu peito.
Harry era grato pelo que tinha. Gostava de seu apartamento, cursava uma ótima faculdade e seus amigos eram tão bons para ele. Uma família que escolheu. Mas, não podia evitar. Sua liberdade sempre gritava mais alto em seu peito. E, por isso, gostava tanto disso. De poder sentir-se só e livre de julgamentos durante duas madrugadas na semana.
Ele cruzava uma esquina quando acabou esbarrando em um homem. E Harry conhecia bem aquele rosto. Era Louis, seu colega de classe. E Louis riu ao perceber o débil disfarce de Harry. E bem, ele acompanhou o riso, constatando que não poderia querer ser qualquer outra versão dele esta noite.
Deuses, Louis o achou bem a tempo.
E então Harry descobriu que naquele momento tinha sede de se sentir jovem novamente. Pela milésima vez na noite.
Louis se jogou em seus braços, beijando Harry sem ter noção do que estava fazendo. Harry retribuiu o beijo e depois desse momento, a noite era só deles. Eles compartilharam cigarros, compraram garrafas de vinho. Louis o chamou de amor e acariciou seus cachos. E também descobriu que Harry é louco, no melhor dos sentidos, e Harry sentiu que aquele homem charmoso e quente não se importaria de o acalmar diariamente. Um equívoco. Naquela noite, eles também roubaram um carro, fingiram ser detetives, dirigiram bêbados. Por fim, decidiram chamar seus filhos de Jackie e Wilson e criá-los no Rhythm & Blues.
Agora, os dois estavam deitados em um lugar longe da cidade, observando as luzes. Deitados sob o capô preto, com as mãos dados, eles riam e trocavam carícias. Conversas sobre assuntos banais. Momentos roubados. Uma eternidade em minutos só deles. A noite ganhando um sentido bonito.
Completos.
"Queria que pudéssemos nos esconder. Eu e você, com suas íris azuis sob a luz do sol." a voz rouca de Harry soou um tanto embargada e Louis riu.
Ele sabia que todas as versões de Harry estava enterradas em algum lugar dentro dele. Mas, naquele instante, ele era algo completamente diferente. Único.
"Hazzy, sente-se e observe o mundo passar" Louis se sentou e Harry o acompanhou descansando sua cabeça cacheada sobre o ombro do baixinho. E então Harry começou a cantarolar:
"But you will remember me. Remember me for centuries"
E Louis completou;
"And just one mistake, It's all it will take!" riu ao terminar. Pegou a garrafa de vinho barato quase vazia ao seu lado e bebeu um gole. "Essa é a nossa vinheta, amor" levou uma de suas mãos aos cabelos cacheados de Harry acariciando ali.
E então, depois daquela noite, eles tentaram fazer dar certo. Mais um equívoco. As diferenças entre eles se sobressaíam. Quebrados pela vida demais para uma paixão de meia noite. Eles insistiram um no outro porque o que tinham era mais. Era quente e terno. Mas, o ego pode ser um tanto quanto um problema. E em dose dupla é venenoso demais para o amor.
Eles não querem aprender a amar, afinal.
E então, pela última vez eles brigam e gritam um com outro destroçando mais um pouco o que nem chegaram a construir. Mas, depois de discussões sem fundamento, eles escutam o CD de Jazz favorito de Harry. E fazem amor nos lençóis baratos do seu quarto.
Pela última vez, se beijam.Contudo, Harry estava feliz por ver tudo dando errado. Um tipo de felicidade recompensadora que o acalenta e sussurra para ele que está tudo bem. Ao menos, ele está certo.
Ao mesmo tempo, queria reiniciar sua mente das lembranças de Louis.
Olhando através de um cigarro e de uma garrafa de vinho barato, ele já se foi. Harry começa a cavar seu peito, à procura do que sobrou de si e deles. O cheiro daquele homem que o bagunçou ainda estava em suas peças de roupas. As memórias dos dois eram ativadas em qualquer canto daquele lugar. Ele daria essas lembranças que o atormentavam para qualquer pobre alma que quisesse.
Como a memória de Louis e do pequeno infinito dos dois é boa demais para ficar guardado dentro do seu peito, Harry subitamente decide chamar seus filhos de Jackie e Wilson e criá- los no Rhythm & Blues.
Porque a paixão que existiu no pequeno espaço de tempo dos dois é boa demais para ficar esquecida nas gavetas frias do seu cérebro estúpido.
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olá¡! tudo bem com vocês?
bom essa é a minha primeira oneshot, e ficou bem pequenininha mais eu amei tanto szsz Bom, Jackie and Wilson é uma música do Hozier com um significado muito especial pra mim. Ai me veio a idéia de colocar "no papel" e saiu isso :) espero que tenham gostado, me desculpem por algum erro ♡♡xx
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Jackie And Wilson {larry}
FanfictionNa qual em uma noite, Harry encontra Louis e eles decidem chamar seus filhos de Jackie e Wilson.