O começo..

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Oque fazer quando a gente não se encaixa na sociedade? Como viver a vida? Como eu poderia me definir? Qual minha música favorita? Nem isso eu sei responder.    

Muitas coisas me dão medo, tenho que enfrentar, eu sei, mas não é fácil. Ontem comemoramos o ano novo, foi tudo muito bom, família reunida, brincadeiras,presentes e várias outras coisas, não vou entrar em detalhes porque estou com medo do que há por vir.    

Esse ano é meu ultimo ano no ensino médio, irei me formar, como se isso fosse grande coisa, o que dá medo é como vai ser minha vida depois desse ano, não tenho muitos amigos e será que conseguirei manter os poucos que tenho depois do fim desse ano?    

No dia seguinte as 12h00min:

- Filha acorde, o dia está lindo. Vá aproveitá-lo

Dá pra acreditar, era minha mãe, querendo que eu me levantasse, é minhas férias, acordar no meio da tarde, então respondi a ela:

-Recém é meio-dia mãe, me deixe dormir até as duas que eu lavo a louça a noite, pode ser?  

-Filha, hoje é o segundo dia do ano, o dia está lindo, aproveite lá fora meu amor.  

 -Com tudo respeito mãe, a senhora já disse que o dia está lindo e todas essas besteiras para tentar me fazer levantar e ver como minha vida é, nem sei como definir minha vida!

Minha mãe tinha um péssimo habito de dizer uma coisa mais de uma vez, não sei se é a idade, ou ela fazia para me estressar ou tentar me convencer, não sei, mas isso me estressava muito. 

- A senhora esqueceu que eu estou de férias, com todo o respeito me deixe dormir, como um adolescente normal, que dorme até de tarde do dia.

- Mocinha, levante rápido dessa cama!

Era o meu pai falando, com uma voz grossa, como se estivesse descontente com algo.

- Porque eu levantaria?

- porque você deve almoçar com sua família, se depois do almoço você ainda quiser dormir, durma. a vida é sua aproveite como você quiser, ou não aproveite se você quiser, mas não vou abrir mão de almoçar com minha família.

Não conseguia acreditar, pelo tom de voz dele, ele não estava brincando, ele estava me ordenando. Então, mesmo contra minha vontade, me levantei, escovei meus dentes e me dirigi à mesa.

Chegando lá, o meu pai e minha mãe ainda estavam sentados à mesa já havia almoçado e também minha mãe já havia lavado a louça. Os dois estavam sentados à mesa conversando, provavelmente sobre meu comportamento. Eu me aproximei deles, eles pararam de conversar no instante que eu entrei na sala de jantar.

Meu pai era magro, tinha aproximadamente um metro e oitenta, sua pele era clara e seus olhos eram castanhos escuros que por muitas vezes era confundido com um preto, seus cabelos eram escuros, estava sentado com uma postura ereta, com uma expressão brava e estava com a mão encima da mão da minha mãe e ela, por sua vez estava com uma expressão triste, provavelmente não estava à vontade com a situação que iria presenciar.

-Só espero que os próximos dias vocês não (...)

Ele me interrompeu e não deixou eu terminar de falar, e estava olhando no fundo dos meus olhos, e por um instante senti um arrepio percorrer meu corpo enquanto ele falava:

- Angela, já é meio-dia e meia, e o almoço aqui nesta casa é servido ao meio-dia, você está atrasada meia hora.

- Mas pai...

- Não tem de, mas pai, por fazer eu e sua mãe esperar, você vai acompanhar sua mãe nas compras hoje à tarde, e como já comemos e sua mãe já lavou a louça, você lava o que sujar e também de um jeito na cozinha, limpe-a como sua mãe faz.

Não sabia por que ele estava agindo desta forma, ele bem dizer não se importava comigo, com o que eu faço ou deixo de fazer, acho que ele estava triste com alguma coisa no trabalho e estava descontando em mim, não sabia o que estava acontecendo, então simplesmente falei:

-Claro pai, como você quiser.

Após o almoço pedi licença aos meus pais, dizendo:

- Vou para meu quarto, que horas vamos sair mãe?

- As 16h00min, vou dar um tempo para você descansar, procure não se atrasar.

Quando eu estava me retirando da sala de jantar, meu pai me falou:

- Você não está esquecendo-se de nada?

-Eu acho que não pai, já comi como eu disse anteriormente, agora vou para meu quarto.

-E você pensa que esses pratos vão para a pia sozinhos e vão se limpar?

-Amor, pode deixar que eu arrumo.

-Não, é a Angela, tenho certeza que amanha ela não vai se atrasar.

-Okey, pode deixar que eu arrumo.

Então lavei os pratos e limpei a cozinha e logo após fui para meu quarto, liguei o computador e deixei no lado da minha cama, deitei abraçada no travesseiro e peguei no sono. Exatamente as 15h30min me acordei e coloquei musicas a tocar e fui para o banho, me arrumei e fui ao mercado com minha mãe como eu havia combinado com a criatura que estava no corpo do meu pai..

No carro enquanto minha mãe dirigia, eu fiz uma pergunta:

-Mãe, porque o meu pai agiu daquela maneira hoje ao meio dia?

-Como assim? ele agiu normalmente.

-Não, ele me obrigou a me levantar e almoçar com vocês

- O que há de estranho em ele querer almoçar com a família dele?

Fiz um longo suspiro, fiquei sem resposta, Fiquei quieta não respondi nada. Não é porque eu não queria responder e sim porque eu não tinha respostas, fiquei pensando nisso o dia todo, fizemos as compras, mas só o meu corpo estava ali, pois minha mente estava naquilo que minha mãe falou, pode ser uma coisa normal, mas aquilo me afetou de tal forma, que não sei descrever o porquê.

Então, por longos dois meses vivi quase que de forma uma ditadura na minha rotina, acordar antes um pouco do meio dia e depois do almoço dormir até um pouco antes da janta de noite procurar o que fazer, olhar televisão, assistir algum filme, ouvir musica e depois dormir de novo e depois tudo isso de novo de uma forma continua.

Até o fimOnde histórias criam vida. Descubra agora