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Londres , dia 17 de julho - 2016

Harry Pov's – (28 anos)

Era manhã , e como toda manhã o clima estava gélido, mas nada fora do normal para o horário, ainda estava meio sonambulo pelo fato de acabar de acordar, suspirei antes de olhar para o relógio que marcava 7:00 da AM , fechei os olhos brevemente , soltando outro suspiro, e finalmente jogando as cobertas de lado e levantando da cama indo direto para o banheiro e logo após para o closet. Quando pisei pra fora de casa me aconcheguei ainda mais ao casaco pesado de lã que me cobria e indo em direção ao meu Audi que me aguardava na garagem ,andava até lá em passos lentos, sem a menor vontade de chegar àquela empresa logo de manhã e ver a pilha enorme de novos contratos em cima da minha mesa novamente, e com isso juntando o fato de ter que vê-lo como em todos os dias da semana. Estávamos no meio do ano, então vários contratos estavam para vencer, sendo assim, tinham que ser renovados, essa era a parte mais corrida do ano todo. Mesmo assim a parte mais desanimadora era a que eu veria Zayn, meu sócio, e assombração pessoal nas horas vagas. Entrei no carro e dirigi calmamente pelas ruas pouco movimentadas por conta do horário, até parar em um sinaleiro , e ser bombardeado de lembranças.

Bradford – 2005

Harry Pov's ( 15 anos)

Meus pais e os dele se conheceram na infância, e ao contrário do que muitos achavam, a amizade entre eles era fortalecida cada vez mais, em certo ponto os pais dele assumiram que nutriam um sentimento um pelo outro e começarem a namorar , o namoro dos meus pais veio logo depois. Em certo momento, eles decidiram passar o namoro a algo mais sério, e se casaram em um casamento comunitário três anos depois, segundo minha mãe, a alegria podia ser sentida de longe. Enfim adultos, eles se viam na responsabilidade de arrumar um emprego melhor para sustentar as duas crianças que estavam por vir, e em um belo dia chuvoso , tomando chá quente ao lado da lareira , decidiram seguir com o que faziam de melhor , trabalhar com o amor. A Stylik's, uma empresa de imóveis de fundo de garagem, surgiu aquele dia. Primeiramente fabricavam apenas móveis para crianças, mas o negócio foi crescendo tão rapidamente que em menos de 10 anos , já eram a maior empresa da cidade.

Devido a grande amizade de nossos pais, Zayn e eu crescemos juntos, mesmo sendo muito fechado para meu gosto- ele raramente sorria-, ele gostava sempre de comandar tudo o que fazíamos , mas mesmo assim , eu o amava ,éramos irmão, pelo menos da minha parte, as vezes ele me usava tanto que eu não sabia se era um capacho ou um amigo.

Na adolescência nos grudamos mais, mas sem sair da mesma situação, ele a frente e eu logo atrás, mas a convivência tinha ficado melhor e nos dávamos mais naquela época, chegando ao ponto de contar tudo ao outro, por mais fútil que fosse a coisa, tudo era compartilhado entre nós. Na escola não era muito diferente, não fazíamos parte de grupo algum, era como se fossemos rebeldes anônimos no meio da multidão, ninguém nunca nos havia notado, nem mesmo para nos caçoar, mas não nos importávamos, éramos felizes daquela forma, o meu pensamento, era que se sempre fossemos eu e ele já tínhamos o que importava.

Quando completamos 14 anos, Zayn conheceu Perrie, nossa nova vizinha que havia acabado de chegar de Londres, e como eu morava –literalmente- ao lado da casa dele, eu estava lá no momento em que Trisha, sua mãe, chamou-os para jantar conosco, e eu estava lá também quando vi o olhar fascinado de Zayn sobre a "pobre Perrie", eu via de longe o desejo dele por ela, quer dizer, sempre tinha sido apenas eu e Zayn, sem meninas, então acho que era normal que ele, em algum momento, começasse a olhá-las e desejá-las, é só que naquela época eu não sabia por que aquilo me incomodava tanto.

Perrie acabou por se juntar a nossa dupla, e agora não era só Zayn e eu, era Zayn eu e Perrie, e aquilo ainda me causava um desconforto, como por exemplo, eu não gostava de quando enlaçavam suas mãos umas nas outras, ou quando riam bobos um para o outro, nos beijos na bochechas, nos abraços, carícias que eram compartilhadas apenas pelos dois, quer dizer , além de ser posto de lado , Zayn odiava que o tocassem , odiava sorrir por motivos banais , odiava que eu lhe pedisse um abraço , e agora eu via tudo aquilo passando como um filme , era surreal, e eu estava de fora da tela, sentia-me como deslocado ou como se estivesse atrapalhando, um intruso, quando na verdade ela era a intrusa.

Afraid ( Em Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora