Capítulo 2 - A garota do banheiro errado

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Que dia maravilhoso! Primeiro acordo com uma puta ressaca, depois Scarlet me faz ir para a faculdade e por último - talvez por causa do meu retardo mental excessivo - entro no banheiro masculino sem nem me dar conta que estava o fazendo.  Que ótimo, só faltava agora o professor Campbell pegar no meu pé por chegar cerca de 15 minutos mais tarde do que o ínicio da aula.

Terminei de colocar meu batom no corredor mesmo e segui para a aula de História das Artes. Entrei na sala de fininho, me sentando numa das cadeiras vazias ao fundo da sala. O professor falava sobre alguma pintura de Van Gogh quando eu simplesmente liguei o foda-se e deitei minha cabeça sobre os braços e dormir um belo de um sono.

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Acordei com o barulho estridente do maldito sino que indicava a hora de saída, no meu ouvido. Sino dos infernos. Essa coisa maldita só pode ter sido criada pelo diabo. Olhei com os olhos ainda focando a minha volta e umas meninas me encaravam enquanto cochichavam entre si e eu simplesmente rolei os olhos para elas. Muita gente me criticava pelo meu jeito de ser. Eu era  tipo de menina que ligava o botão que dizia "foda-se" para tudo e não ligava.

Levantei, pegando minha bolsa e saíndo porta afora. Ainda eram onze da manhã, mas se fosse para dormir o dia inteiro desconfortável na porra de uma mesa de sala de aula, mais valia ir dormir em casa, mesmo que a minha Júlia deveria sentir saudade. E sim, eu dou nome para a minha almofada! Peguei meu celular para avisar Scarlet da minha mudança repentina de planos, quando trombei em alguém e caí de bunda no chão.

- Olha por onde anda, criatura! Vou-te oferecer um óculos! - Comecei reclamando e xingando a pessoa até a sétima geração, quando o sujeito começou a rir, na mesma hora. Terminei de ajeitar minhas roupas e pegar minhas coisas espalhadas, e estava prestes a xingá-lo dos piores nomes quando notei que "o tal sujeito" era a mesma pessoa que havia me pego no banheiro masculino, pensando que era o feminino.

Dylan tentava segurar a risada enquanto eu o fitava irada, mas quando me preparei de novo para falar poucas e boas para aquele ser humano, ele me cortou:

- Ainda não me falou o seu nome! Eu sou o Dylan e você? - ele disse estendendo a mão. Rolei os olhos e bufei na cara dele mesmo. 

- E nem vou falar meu nome para você!

- Okay, garota do banheiro errado! - ele disse rindo divertido.

- O que foi que você disse? - eu disse o encarando ainda mais irada.

- Hey, calma aí, estava só brincando com você! Só quero saber o seu  nome! - ele falou com os seus olhos castanhos expressivos vidrados nos meus. Continuei olhando fundo nos seus olhos procurando algum tipo de humor, quando simplesmente suspirei e estendi minha mão para o tal de Dylan.

- Maxine Scott!

Dylan olhou para mim de novo sorrindo, mais abertamente. 

-Então, Maxine, quer ir tomar café?

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Eu ainda não acreditava que tinha aceitado tomar um café, com o garoto do banheiro. Sim, eu acabei aceitando! O que deu em minha cabeça para fazer isso? Não sei, talvez um breve estalo de loucura.

"-Então, Maxine, quer ir tomar café? - disse o garoto erguendo sua sobrancelha.

- Porque deveria aceitar? Ainda a pouco estava tirando uma com a minha cara! - disse olhando em seus olhos com um sorriso amarelo no rosto. Odiava quando me zuavam, quem não odiava?

- Porque eu quero conhecer você.

- E se eu não quiser conhecer você? E se você for um...

- Chato? Arrogante? Idiota com a mania que é engraçado?

- Bem..

- Você só vai saber se vier! O que você mais gosta de fazer? Pelo desenho que vejo em sua capa, presumo que ame fazer isso. Mas como você sabe que ama? Tentando!

- Do jeito que você está falando, parece que quer me conquistar! Credo!

Dylan torceu a boca de um jeito fofo e abriu um sorriso.

- Talvez queira. Talvez não. Você vai ficar com essa dúvida por não ter aceitado.

Dylan sorriu mais uma vez e saiu andando passando por uma Maxine com cara de nada. Quando voltei em mim, chamei seu nome e Dylan parou olhando para mim com um sorriso. Deus será que aquele garoto só sabia sorrir?

- Eu não disse que não aceitava."

E foi assim que vim parar nesse café com um ambiente maravilhoso. E não, não é ironia. O café tem como uma espécie de tema a Holanda. Em cada parede tinha uma imagem descritiva do país. As casas, as tulipas... Eu admirava o ambiente e Dylan me olhava, mas claro eu estava fazendo de conta que não via.

- Gostou?

- Eu amei. Sempre quis ir na Holanda. - soltei sem querer. E era verdade eu amava viajar, só que tinha o mesmo problema que todo mundo que não viaja tinha: dinheiro.

- Eu também, é lindo. Talvez um dia eu leve você.

O encarei pela primeira vez com um sorriso verdadeiro e ao mesmo tempo comico.

- Você está flertando comigo?

- Tentando desde o banheiro! Está dando certo? - disse coçando a cabeça.

- Não! - ri - não sou o tipo de garota que gosta de flores e corações e o caralho a quatro.

- Já notei um pouquinho isso em você - disse enquanto o garçom nos servia dois cafés e se retirava. - Qual o seu filme favorito?

- Quer que seja honesta ou minta para você?

- Mente para mim.

- Cinderela. - Dylan soltou uma risada gostosa. Gostosa? Quem falou isso?

- Okay, a verdade agora. - disse controlando o riso.

- Não tenho um filme favorito.


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