O dia está cinza. Pelo menos o sol teve a decência de ficar longe de mim. As pessoas passam por mim me encarando dizendo "sinto muito" mas o que eu mais queria era estar longe dali.
Minha irmã gêmea Sophia, morreu ontem devido à um infarto fulminante enquanto ensaiava para a peça de Shakespeare na escola, dizem que ela simplesmente caiu para a frente do palco e no chão ficou. Hoje é o enterro dela, estou fortemente despedaçada e o que eu mais queria era dar o fora dali e fugir para qualquer lugar. Minha mãe é uma doente alcoólica, teve várias vezes que tentou fugir do álcool mas as recaídas faziam ela voltar, ela está aqui na igreja, mas está quieta e cabisbaixa. Meu pai se separou da minha mãe quando Soph e eu tínhamos 7 anos, e desde que separou nunca mais veio nos visitar, então não faço muita questão da presença dele, nunca foi presente, Soph não precisa e ele não é nem um pouco digno de pisar neste lugar. E eu ? Eu sou só uma menina comum da Geórgia, toco violão, leio livros e gosto de cantar, tenho agora 18 anos e não divido mais esse "18" com ninguém.
O padre falava de Soph como se a conhecesse, ele não a conhecia e quase ninguém dali a conhecia direito, o que era pra ser um local de adoração e fé, estava mais para uma asfixia sangrenta.
Sai daquele lugar e me sentei nos degraus do lado de fora da igreja, sentindo a leve brisa do outono e o cheiro de chuva passada, Erick vinha caminhando em minha direção, imagino como ele deve estar sofrendo e se bobear, quase entrando em uma leve depressão.
- Olá Erick.
- Oi Sarah, como você está ?
-Tirando tudo que está acontecendo, acho que estou relativamente bem. E você?
-Eu...eu estou bem.
Erick desaba ao meu lado e começa a chorar, sinto vontade também, mas já tinha chorado tanto que não saía mais nada de meus olhos. O abraço o mais forte que consigo, a dor dele e muito grande, Erick era o namorado-noivo de Soph, sei disso porque ele tinha me dito que pediria a mão dela na apresentação da peça de Shakespeare que estava prevista para a semana que vem.
-Desculpa Sah, estou destruído. - ele funga.
-Desculpar o que Erick, esta tudo bem. Não se desculpe por nada.
-Eu amava ela Sah, ela era o meu mundo, meu amor, poxa, estávamos juntos a tanto tempo, sua irmã foi a explosão de amor, felicidade, alegria que aconteceu em minha vida, não sei se conseguirei caminhar para frente sem ela. - ele fala com uma dor tão grande nos olhos que não consigo me conter.
-Erick presta atenção, você vai seguir em frente, isso é questão de tempo, Soph se foi, e não vai voltar - falo chorando - temos que nos erguer mesmo que seja difícil em algum momento estaremos bem.
Abraço-o, desejando que as palavras que falei de alguma forma trouxessem conforto, ele me agradece e diz que me ama, e que algum dia ele encontraria a felicidade outra vez.
Erick entra na igreja, e de longe, caminhando pela rua deserta da igreja, uma figura que eu desejava nunca mais ver. Meu pai, ou simplesmente Andrew, fumando seu renomado cigarro, usando um ridículo chapéu de cowboy.
-Olá Sarah, quanto tempo minha filha. - fala, com uma ridícula e simples frase.
-Você não acha meio sem respeito essa atitude de estar fumando ao lado da porta de uma igreja Andrew? - não queria me importar, aliás ele não merece minha indignação.
-Talvez, mas não estou dentro da igreja, então não há com o que se preocupar. Me diga, onde está sua mãe?
-Está lá dentro, sentada no primeiro banco.
-Obrigado.
Andrew joga seu cigarro, e adentra à igreja, fico-me perguntando o quanto sujo e podre é o meu pai, as pessoas as vezes nascem para serem extremamente ridículas.
A cerimônia acaba, e todos saem da igreja, levanto dos degraus e observo da porta minha mãe conversando seriamente com Andrew com uma expressão de preocuração. Eles caminham até mim, e Andrew põe suas rígidas mãos em meus ombros.
-Filha, sua mãe e eu estávamos conversando, e decidimos que para seu bem e melhoria na relação de pai e filha, sua estadia de agora em diante será em minha casa no Oregon por tempo indeterminado. Se você não se acostumar pode voltar, não irei impedi-la.
Sinto-me perdida, olho para minha mãe incrédula com o ponto em que ela conseguiu chegar. Me mandar para o Oregon? Com um "pai" que diz ser pai, mas não foi porcaria de nada na minha vida? Desejo socar tudo na minha frente, e simplesmente fugir realmente daquele amaldiçoado lugar.
-Tudo bem...eu...eu vou para casa, e quando eu pensar melhor eu te dou uma resposta Andrew.
Saio de lá, correndo, e de raiva começo a chorar. Minhas pulsações estão a mil, e não consigo pensar em mais nada. Se Soph ainda estivesse aqui. Estaria tudo normal, tudo em seu lugar. Mas o que fazer? Agora que ela se foi, terei de escolher, ficar com uma mãe que despreza sua presença na própria casa, ou tentar me adaptar em uma casa onde só há desconhecidos pra mim.
Chego em casa. Uma estranha sensação eu sinto ao pisar na porta de meu quarto. Ver todos aqueles pôsteres de obras do Shakes, e folhas da peça esparramadas na cama de Soph, me atingem, e simplesmente caio e adormeço em minha cama, não iria chorar, então durmo, e tiro quaisquer pensamentos negativos.
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Meu Professor é o meu Amor
Romance" ... Olhando aquele céu colorido cheio de luz e calor do Oregon, Dylan chama minha atenção ao tocar suas delicadas mãos sobre as minhas. -Quero que saiba que isso não vai mais acontecer, seja qual for a hora ou lugar vou sempre mostrar que você é m...