Canção do Sangue - ALLEN

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O alvo fazia seu discurso, na escadaria do grande hall. As palavras que proferia eram as mesmas... as mesmas que sempre me enojaram. Deixando claro, os seres superiores que eram. O poder que tinham na mão. A imortalidade...

Como era cômico.

E segui para o palco onde eu realizaria meu espetáculo, silenciosamente passando despercebido entre os imortais, fingindo ser um deles, a Elite, filhos dos líderes da Trindade. 

As taças com o liquido rubro eram servidas e o cheiro do sangue invadia a sala. No mesmo instante que os humanos que também seriam servidos se aproximavam. O jantar começaria realmente naquele momento.

Segui para o andar de cima, para o escritório que eu sabia que meu alvo estaria em breve. O lugar era perfeitamente igual e aceitável para qualquer humano. Papeis em cima da espaçosa mesa de madeira enegrecida. Estantes lotadas de livros em ambos lados da parede. Livros que estavam ali para supostamente passar seriedade e um ar de nobreza que esse vampiro não tinha. O lugar estava imaculado, não havia cheiro humano ou de sangue ali, mas eu tinha informações confiáveis de suas preferências.

Sentei na grande cadeira detrás da mesa e estiquei minhas pernas sobre ela. Esperando...

Não demorou muito até que eu ouvisse as vozes se aproximando do corredor, um coração humano e outro não. O vampiro estava ansioso e excitado. Suas intenções com a humana ao seu lado eram claras. Nem ao menos se dava conta do perigo que corria.

Ele só pensava em matá-la, mas não antes de se divertir bastante.

Assim que a porta se abriu e a garota me viu, soltando um suave "oh". Eu sorri para ela.

Ela foi empurrada para o lado abruptamente, assim que o acompanhante me viu. Continuei onde estava, ocupando a mesa do vampiro e encarando seu rosto.

— O que está fazendo aqui? Não tem permissão para isso?! De que família você é?! – as perguntas eram uma repetição continua para uma mesma resposta.

— De nenhuma família senhor. – respondi, e sorri para ele, me levantando de sua mesa.

— Sabe quem eu sou rapaz? – Essa pergunta retórica também era muito comum, eu normalmente era contratado para me livrar dos figurões daquela sociedade. E ser chamado de rapaz era cômico. Apesar das aparências eu era mais velho que ele.

— Senhor Ricardo, Governador. Filho de Felipe da linhagem de Delacroix. E eu não sou rapaz. - respondi

— Eu já cansei dessa conversa... – Ele ia chamar sua segurança. Estava claro.

— Por que não lida sozinho com seus problemas. Precisa realmente chamar alguém?

— Pare de brincadeiras e saia logo da minha casa.

— Sairei. – Alcancei o cabo da espada em minhas costas e puxei revelando para ele a lamina. – Depois que matar você.

E assim eu avancei, mais rápido do que ele poderia supor que eu fosse capaz. Enterrei a lamina em seu peito, perfurando o coração. Ele caiu de joelhos, provavelmente tentando controlar o próprio sangue que fluía.

— Parece que não precisam mais do senhor no comando. Meus contratantes ficaram muito pertubado com as informações que eu juntei sobre seus feitos, senhor. E eles me chamaram para cuidar disso. Sinto muito. Apesar de termos a eternidade a nosso lado, seus chefes, não são muito pacientes. – Enquanto falava, peguei a pequena bomba de gás, para disfarçar o cheiro e dar o tempo que eu precisava.

— Eu sou... imortal – ele falou baixo. O fluxo de sangue que escapava da ferida aberta em seu peito diminuía.

— Não, se estiver em minhas mãos. – encarei os olhos e baixei a lâmina separando a cabeça do resto do corpo. Ela rolou até encostar nos pés da humana que estava ali. Ela ia gritar, saindo de seu torpor alcoólico. Mas agarrei sua cabeça, impedindo-a.

Filhos do Sangue - O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora