Capítulo I

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Eu sabia que estava em grandes problemas, já estive em apuros antes e sabia como o ambiente ficava pesado quando estava prestes a ser posto na cruz para ser açoitado. Mas ao entrar na sala me surpreendi ao ver tantas pessoas com expressões tempestuosas em um só ambiente, rapidamente vasculhei em minhas memórias todas as minhas atividades recentes tentando encontrar o que eu teria feito de tão grave para ser convocado à uma reunião de emergência, pude pensar em uma festa ou duas mas ao que me lembrava nada tinha saído do controle, pelo menos não de uma maneira que não conseguisse administrar.

Encarei meu pai sentado numa das poltronas, um dos braços repousava no braço da cadeira e o outro apoiava o queixo, suas enormes sobrancelhas quase se uniam sob seus olhos semicerrados o quê evidenciava sua irritação. Laurel Bard, chefe de imprensa real parecia agitada, sentada na ponta da cadeira com um tablet em mãos e as costas eretas, sua expressão com certeza não era das melhores também. Annabel Acker estava sentada na cadeira ao lado, ela parecia ainda mais agitada, seus olhos capturaram os meus assim que passei pela porta, mas o contato visual durou apenas alguns segundos ao passo que ela desviou o olhar para as mãos elegantemente dispostas sobre o colo, se ela tentou me mandar alguma mensagem com aquele olhar, não consegui entender. Mas minha maior preocupação estava naquela senhora que no momento estava de costas para mim olhando para fora do palácio.

- Sente-se Harry- ela me ordenou sem virar em minha direção, apenas obedeci.

- Eu não sei o que eu fiz, mas eu darei um jeito- comecei a dizer, mas meu pai me olhou de forma repreensora fazendo com que eu me calasse.

- Onde está William?- ouvi minha avó perguntar para ninguém em especial.

- Estou aqui vovó, desculpe a demora- William adentrou a sala, e pela sua expressão soube que algo verdadeiramente catastrófico estava acontecendo.

- Você gostaria de informar ao seu irmão o porquê de estarmos aqui Harry?- olhei pro meu pai sem entender, eu também gostaria de ser informado, não fazia a menor ideia do que estava se passando ali.

- Se eu soubesse ficaria feliz em esclarecer, mas ele não é o único a estar perdido nesta situação.

- Quantas vezes nós pedimos que você mantivesse suas indiscrições sob sigilo?- minha avó finalmente se virou e senti meu coração acelerar como o de uma pequena criança assustada, nunca tinha visto minha avó tão expressiva, e gostaria de não tê-la visto de tal maneira, de certa forma era assustador- nós conseguimos lidar com suas travessuras quando mais jovem. As bebedeiras, aquela maldita fantasia nazista, o show exibicionista em Las Vegas, o suposto vídeo explícito de meses atrás, dentre tanta outras, todas elas foram abafadas Harry. Mas há um limite, um limite que mesmo os mais rebeldes sabem que não deve ser cruzado, porque há coisas que não dá para simplesmente mantermos dentro dos muros deste palácio.

Eu entendi que a situação era comigo, mas não estava entendendo o sermão sobre todos aqueles acontecimentos, mas preferi não a interromper já que o olhar dela era tão perturbador.

- Algumas pessoas dizem que nós somos como bonecos de cera, que somos artificiais, mas elas esperam que sejamos perfeitos. Sempre!- minha avó se aproximou lentamente e mais uma vez como uma criança quis correr e me esconder atrás do meu irmão mais velho- Estas pessoas que defendem uma faceta mais normal e espontânea, são as primeiras a nos apedrejar se dermos um passo fora da linha.

- Vovó, o que está acontecendo?- perguntou William que assim como eu estava tentando entender aonde àquela conversa iria. Eu poderia apostar o quão irritado ele estava comigo por aprontar algo e fazê-lo sair de perto de suas crias- O que está acontecendo meu querido é que seu irmão cometeu a maior das falhas.

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