A. 1

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Puxei Camila pelo braço e a pressionei com as costas em meu peito, minha mão tapando sua boca, enquanto nos escondíamos na parte de trás da casa. Podia sentir seu peito subir e descer rapidamente. Tão rápido que o pensamento da mais nova ter um ataque cardíaco a qualquer momento era completamente válido. O sangue escorria do meu supercílio, assim como podia sentir minha boca sangrando, devido os socos que havia levado, mas era para um bem maior.

:- CABELLO! NÃO ADIANTA SE ESCONDER PARA O RESTO DA VIDA! VOCÊ ESTÁ SEM SAÍDA! SE RENDA AGORA E AS CONSEQUÊNCIAS SERÃO MENORES!

Um dos capangas de Miguel gritou, e pude escuta-lo puxar o gatilho da Gloc. Camila tentou correr, mas a apertei ainda mais contra meu corpo, sentindo-a tremer em meus braços. Assim que ouvi os passos apressados das botas, sai correndo em direção a mata, puxando Camila comigo. Olhava para trás vez ou outra, queria certificar-me de que não estava sendo seguida, e para nossa sorte, não estava. Corria como se minha vida dependesse daquilo, e de fato, dependia.

Pude ouvir o primeiro tiro ser disparado, mas longe de onde estávamos. Agora todos os capangas de Miguel gritavam, todos procurando por Camila, enquanto ainda corríamos desesperadamente. Pude sentir o corpo magro ser brutalmente jogado contra minhas costas.

:- Camila! O que está fazendo?! - Sussurrei irritada, a agarrando.

:- Eu tropecei, ok? Agora continua correndo.

:- Você não podia simplesmente me agradecer?! Eu quase morri por você lá, porra!

:- EU NÃO TE PEDI POR ISSO! - Camila gritou e no mesmo instantes os gritos cessaram, para serem substituídos por passos na mata. Grunhi ainda mais irritada e voltei a correr.

:- Ótimo! Sua garota mimada. Agora eles já sabem por onde estamos indo. Se te acharem, eu vou achar pouco, e dessa vez não vou me envolver! – Rebati com ódio correndo nas veias.

Quando pensei que íamos acabar morrendo nas mãos daqueles bandidos, chegamos à estrada. Meu carro estava abandonado no meio da alta plantação de milho, podia dizer aquilo pelos faróis ligados apontando para a floresta. Soltei a mão de Camila e corri em direção ao carro. Em segundos a mais nova entrou no carro.

:- Puta merda! - Esmurrei o volante, respirando fundo enquanto pensava em outra solução.

:- O que foi?!

:- A chave caiu.

:- Puta que pariu, Lauren! Você piorou tudo para mim, pra no final eu não conseguir fugir!

:- CALA A BOCA E ME AGRADECE, CARALHO! Você é a porra de uma mal agradecida! - Abri a porta do carro e sai, ajoelhando-me na porta e mexendo nos fios que ficavam embaixo do volante. - Vamos, sua lata velha! - Conectei dois fios e consegui fazer o carro ligar. Quando entrei no carro, três dos sete homens apareceram na estrada, atirando contra o carro, acertando um de raspão em meu braço esquerdo. - Abaixa!

Como já tinha noção de direção, abaixei e acelerei, saindo daquela via.

:- VOCÊ ESTÁ FODIDA, CABELLO! E O MESMO PRA VOCÊ, JAUREGUI!

Levantei a cabeça, vendo que estávamos longe do local e agora podíamos acalmar; pelo menos um pouco. Peguei o rádio que estava jogado no guarda-volume da marcha e o liguei.

:- Dinah!

:- DEUS, Lauren! Finalmente!

:- Conseguimos sair, Dinah! Por hora está tudo bem.

:- Escute agora, Jauregui! Você vem direto para cá, o próximo movimento discutimos aqui, ok?

:- Tudo bem. - Suspirei, sentindo-me um pouco mais segura. Toda essa loucura acabaria, afinal.

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