Salzburg, Áustria, 07 de dezembro de 1879.
Uma mulher corre desesperada pela vida. Não sua vida, mas sim, a vida que carrega nos braços. Um recém-nascido, coberto com um fino cobertor de seda branca.
Estava escuro, úmido e um vento tocava o ambiente com sons perturbadores. O único guia seguro, era uma lamparina movida a querosene, crepitando uma possível luz salvadora. Guiando frágeis olhos à turva visão à frente.
A saída...
Mas o corredor parecia não ter fim! Pertencia a grande mansão, que mais se assemelhava à uma fortaleza. Algo a perseguia, uma forma, uma sombra que a parede, assim como uma grande tela de um quadro, emoldura uma arte. Só que a pintura era perturbadora, horripilante...
Um rugido de raiva, ecoava sobre o enorme corredor, alcançando a fugitiva aflita. No impacto do som, ela tropeçou e perdeu um de seus sapatos. Continuando a correr com dificuldade e cai ao chão com um bebê, que desperta em choro. Ela parecia exausta, os pés doíam, o joelho esquerdo estava roxo. A mulher sentia que se desistisse de sua vida era uma escolha. Mas e a criança? Não teria o direito de decidir?
A mulher optou pela vida do bebê, e com esforço além do normal, se levantou. Porém tarde demais, pois "a coisa" a havia alcançado. Quando garras singravam o vento ao som do que parecia ser uma lâmina, a mulher ergueu o braço que segurava a lamparina. Depois gritou num tom de voz, que criaram ecos no ambiente e a lamparina explodiu em sua mão. Transformando os dedos da mulher em fachos de luzes. Quando os olhos do perseguidor e perseguida se encontraram no momento fulminante, os lábios da mulher proferiam palavras tão rápidas quanto o pensamento que ás projetou.
- Lumina, quod tueri moenia mundi corde! (Que as paredes de luzes protejam os puros de coração!)
Uma redoma fluorescente tomou forma em volta da mulher e da criança, protegendo como um escudo. No exato momento em que garras negras iriam "fatiar" vidas. Antes que "a coisa" ousasse outro golpe, ela como que em um último e tortuoso suspiro, pronunciou palavras rápidas. Em companhia dos gemidos de agonia exaurida de alguma espécie de energia, enquanto seu tom de pele oscilava estava entre o estado pálido e o roxo.
- Ad excogitandum luminaria et tenebras ingressi sunt in corrupta! (Que as luzes projetem e se acabem as trevas corruptas!)
A redoma se transforma em uma lança, que em velocidade incrível transpassa o ser, que grita em agonia e explode em pedaços. Ela sorri, com a satisfação do sucesso arcano e desmaia.
Após alguns minutos, que pareciam terem sido horas, ela desperta assustada e olha a criança ao lado, gesticulando os dedinhos, olhando para o teto. Quando seus olhos voltam sua atenção para o teto, uma forma monstruosa em fumaça sorria mostrando dentes que mais pareciam lanças. A mulher parecendo ter recobrado um pouco de energia, se levanta com a criança nos braços e corre aflita em meio à escuridão.
Seus olhos iluminaram de esperanças ao enxergar a saída, uma olhada rápida pra trás e forma "esfumaçada" havia sumido. Chegando ao portal de saída da mansão, ela empurra com dificuldade uma das portas de madeira maciça que a libertariam do horror vivido. No ranger da porta de madeira velha mexendo e abrindo a saída, ela enxerga uma carruagem e um homem. Ele desce da carruagem. Desesperado corre rumo às escadas que levam à porta entreaberta. A mulher chora num misto de emoção e medo. E desce as escadas.
Os dois se encontram no meio da escadaria e se abraçam com força, em desespero e paixão. Ele a beija ternamente os lábios e a testa do bebê. Com braço direito, sob os ombros da mulher, ele a conduz rumo à carruagem.
No momento da entrada da mulher com o bebê, as portas maciças de madeira da mansão, voam aos ares como gravetos. E de dentro da mansão aparece uma criatura enorme e musculosa, cor de sangue com caninos espalhados por todo céu da boca, com olhos amarelos rugindo e proferindo sons em uma língua desconhecida...
O homem chicoteia os cavalos rumo à fuga daquele lugar maldito. A criatura sai correndo em disparada. Alcançando a carruagem, lança suas garras. Se não fosse a manobra rápida do homem, teria sido o fim da mulher e da criança.
A criatura errando o alvo afunda as garras no chão, ficando por alguns segundos, com ela presa. Um homem antevendo que a fuga não teria fim acalma os cavalos, desce da carruagem, passa os olhos na mulher e na criança, beijando rapidamente as mãos da mulher que atravessam a janela da carruagem. Seguindo com olhos de determinação rumo ao monstro. O homem estende os braços caminhando e profere com alta voz, parecendo ter grande autoridade.
- Quid globus ignis e caelo et devoret te ducem super a putredo inferos quo tu, vile animal! (Que uma bola de fogo dos céus, consuma tua podridão e te guie rumo ao inferno de onde vieste, vil criatura!)
O céu envolta, antes escuro com a noite, cria nuvens e um clarão surge entre elas, e uma espécie de chama desce ultrapassando as nuvens, rumo ao alvo. A criatura...
Quando o monstro, consegue mover do chão seu braço e se soltando, olha com grande ira e imediatamente avança num salto com um felino à presa, rumo ao homem. No momento do ataque, o homem esquiva com a mesma agilidade do ataque, e chama incandescente vinda dos céus agora estava caindo justo onde homem estava. A criatura gargalha e mira sua atenção a carruagem.
Quando a queda era certa sob o homem ele simplesmente espera...
No exato momento do impacto, ergue os braços e para no ar a imensa bola de fogo. Uma espécie de pedra incandescente. Mirando em seguida rumo à criatura que avançava para o extermínio da mulher e da criança.
A bola de fogo ruma e pega as costas da criatura que urra em desespero. A pedra incandescente começa a levitar levando em cima o monstro agonizante entre as chamas que tostavam sua pele. O homem gesticulou com força os dois braços e bola de fogo voou rumo ao penhasco próximo e caindo no fundo explode...
Seguro do extermínio da criatura infernal, ele segue rumo à carruagem, olha ternamente a mulher e o bebê com o sinal de que tudo está seguro. Eles seguem viagem rumo à cidade de Viena sem maiores percalços. Próximos à cidade, o homem percebe uma estranha fumaça passar à frente da carruagem. Ele para os cavalos, desce e ao abrir a porta, o bebê havia desparecido. Já a destemida mulher restara apenas um corpo carbonizado em clamor...
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FUGA DO HADES
ParanormalAno 1879. Em plena "era Vitoriana", uma ancestral ordem ocultista renasce das cinzas. Guiados pela grande Fraternidade Branca, despertam uma poderosa egrégora. Arcanos são despertados. A hora da ascensão se aproxima. Porém, o objetivo maior, seria o...