Reinvento-me

30 0 0
                                    

"Desculpa, mas as ausências também são feitas de amor.
Aguento longos períodos sem visitar alguns espaços em mim. Sou resiliente como uma criança que nunca cresceu, por mais madura que possa ser. Há coisas para as quais não tenho noção de tempo, muito menos pressa.
É uma opção, como viver.
Só por acaso não falei em inocência. Também podia: como uma criança que ainda não a perdeu. No entanto, com esta idade e num mundo como este, ainda não ter perdido a inocência seria declarar um óbito. Felizmente, ainda respiro. Infelizmente, sem sobressalto (bom... às vezes, só às vezes, tremo).
Mas perdi-me. Desculpa. Foi isso.
Também acontece distrair-me demais com a vida. Com todas as possibilidades: como acordar, trabalhar, sonhar só um pouco, e criar a família. Esqueço-me então dos impossíveis. Um erro conveniente, bastante fácil com que se lidar. Cômodo dizem...
Quando me tomo de assalto e penso nisso, discordo. Mas avante.
Há que saber viver. Esquecer, pois claro! E fazê-lo bem, absorvendo o bom, diluindo o mal e sabendo reservar bons mantimentos: capazes de aquecer no frio, proteger nas batalhas, sorver nas épocas secas e frívolas e alimentar na fome - qualquer que seja.
É uma arte. E nisso sou criativa.
Reinvento-me a cada instante. Crio obras-primas e lixo com a mesma genialidade.
Se ainda penso em ti? Oh, sim, há coisas que não se vivem.
São. Habitam. Pertencem.
Coisas como nós emaranhados um no outro.

By flaviavhugo

 Pedaços & Trechos Onde histórias criam vida. Descubra agora