Coloquei a mão no bolso, buscando algum dinheiro para pegar um táxi, mas encontrei algo que certamente não deveria estar lá. Quando tirei minha mão do bolso lá estava uma moeda de ouro, um pouco maior do que as normais, vistas por aí diariamente. Olhei dos dois lados da moeda e de um lado vi uma mulher que nunca tinha visto na vida, mas me parecia familiar, e do outro lado estava o Empire State. Deixei a moeda na palma da minha mão e fiquei olhando. De repente, o mundo pareceu congelar parar de existir. Era só eu e aquela moeda na minha mão. Até que senti a moeda começar a esquentar, mas não conseguia soltá-la. Agora, a moeda estava literalmente queimando a minha mão.
-Ah! – gritei, finalmente conseguindo soltar a moeda, jogando-a no chão.
Estava preocupada demais com a minha mão que nem percebi: o chão a minha frente tinha começado a borbulhar, e quando vi, havia um táxi cinza, que mais parecia feito de pura fumaça, parado na minha frente.
-Entre logo, meio sangue! – disse uma voz que vinha do táxi. Sério, mas que voz horrível, parecia de um monstro!
-O que é m-me-meio-sangue?- perguntei.
-Como assim? Você não jogou o dracma no chão? – disse outra voz dentro do taxi.
-Dracma? O que é isso? – esse mundo fica mais estranho a cada dia. E eu também, pelo visto, porque eu estava com a maior vontade de entrar naquele táxi.
-Ai meus deuses, outro mortal azarado: na hora errada no lugar errado! – disse ela. Cheguei mais perto do táxi e a vi com cara de pensativa. –Espera... Mas se ela fosse uma mortal, a névoa não a permitiria ver o táxi. Ela é uma meio-sangue.
MAIS QUE DIABOS É MEIO-SANGUE??????
Estavam todos olhando para mim na rua. Resolvi entrar logo no táxi, pois se algum conhecido me visse, iria me mandar de volta para o meu pai, e eu NUNCA iria voltar!
-Agora me contem o que é meio sangue. AGORA!
Quando elas viraram a cara para me olhar, não pude evitar gritar.
-Ah! – gritei – Vocês não têm olhos?
-Temos um – a motorista disse, enfiando a mão no bolso e tirando o olho -Aqui, o bonitinho! – e colocou o olho no lugar onde deveria estar o dela.
Então, virou-se para mim e seus olhos (lê-se olho) se arregalaram:
-Ah! – disse
-Quero ver! – falou a mulher do seu lado, que tirou o olho da outra e disse – Ah! Mesmo!
-Deixe-me ver! – gritou a outra que socou o estômago da do meio e pegou o olho no ar, cumprindo o ritual – Ah!
-O QUE?! O QUE FOI?! DEIXEM ME VER! – Exclamei. Elas me apontaram o espelho e vi o motivo de tanta surpresa. Não pude deixar de gritar também:
-AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHH! – só que muito mais que elas. - O QUE É ISSO NA MINHA CABEÇA? SOCORRO! TEM TRÊS MULHERES NA MINHA CABEÇA! ELAS TÃO BRILHANDO! AHH! SOCORRO!
-Hécate. O símbolo de Hécate.
A terceira motorista olhou para mim, como se decidisse alguma coisa. Olhou para as outras duas que assentiram com a cabeça, olharam para frente e pisaram fundo no acelerador.
O que posso dizer é que: minha pele deve ter descolado do meu corpo! Elas precisam de Jesus, ninguém pode praticamente voar assim, é contra a lei da gravidade!
De repente, tudo parou. Simplesmente parou. Tenho quase certeza que voei para frente naquela hora.
-Pronto. Suba a ladeira, encontre o arco de pedra e entre no acampamento. Dê isso a Quiron. - Ela me entregou uma caixinha, e quando fui abrir, ela me deu um tapinha na mão. – Não! Ele deve abrir! SÓ QUIRON!
A porta do táxi se abriu magicamente e fui jogada para fora. O táxi deu partida novamente e sumiu na estrada.
Me virei e vi uma enorme colina. Subi e encontrei o grande arco de mármore. Vi também na frente dele uma árvore com um pedaço de pano com desenhos em dourado. Subi um pouco mais e passei pelo arco. Escutei barulhos de risadas, gritos e... Trote de um cavalo?
Fui andando e vi um frisbee vindo em minha direção. Mas ele estava pegando fogo. Corri na direção de uma grande casa que vi do outro lado do acampamento. Cheguei lá em menos tempo do que esperava, acho que tenho habilidade para corrida.
Quando cheguei lá, ofegante, e vi da onde vinha o barulho de cascos. Olhei para cima e um homem com... Pera, AQUILO ERAM PERNAS DE CAVALO?
-E você, minha jovem, quem seria? – o homem/cavalo disse.
- Bethany. E você, o que seria?
-Eu sou Quiron, um centauro. Como passou pela proteção do acampamento? Você é uma meio-sangue? – centauro? AH, centauro é aquele homem metade homem metade cavalo... Acho que já estudei isso.
-Todo mundo está falando disso! Afinal, o que é um meio-sangue? Aquelas taxistas ficaram falando Hécate na minha cabeça, esse nome não me é estranho. Afinal, quem é ela?
-Hécate é a deusa da magia – disse ele. WTF? – Você pelo visto é uma de suas filhas.
-Deusas têm filhos? Eu nunca conheci a minha mãe, acho que ela não é uma deusa, tio.
-Por favor, não me chame de tio. E sim, deuses têm filhos com humanos, que são meio-sangues. Você por acaso já fez algo acontecer, algo que você quisesse muito? – Pensando bem... Talvez ser filha de uma deusa seja legal... Saber fazer magia.
-Só se fazer o secador da madrasta queimar e queimar o cabelo dela junto contar. Conta?
-Conta – ele disse sorrindo.
-Ah, e as taxistas me mandaram te entregar isso. Posso ver o que é? – perguntei dando a caixinha para ele.
Ele abriu, sorriu e disse:
-Não.
POR QUÊ? EU SOU MUITO CURIOSA TIO, NÃO FAZ ISSO COMIGO!
Ele pegou uma corneta e soprou. Todo barulho parou e começou a surgir gente de todos os lugares.
-Filhas de Hécate, Grande Deusa da Magia! – disse Quiron, e algumas meninas bonitas vieram para mais perto. – Essa é sua nova irmã, Bethany.
Elas sorriram e vieram até mim, me levando até um chalé, bem grande.
-Entre. – Disse uma delas, tinha cabelos loiros com mechas rosa-choque. – Sou a conselheira do chalé de Hécate, Luciana. Essas são Becky, Hayle, Val, Helena e Jacky. – Disse apontando para quatro meninas a um canto e um menino que estava ao seu lado. – Seja bem vinda!
-Obrigada! – disse com o maior sorriso entrando no chalé. – Ser filha da Deusa da magia tem suas vantagens, dá para aumentar o chalé por dentro, pelo visto! – disse, e fazendo todos, rirem.
-Bem, cada um tem seu talento. O nosso chalé é o maior, mas o Quiron e o Senhor D não podem sabem, eles matariam a gente!
-Quem é o Senhor D? – perguntei.
-Ele é Dionísio, o Deus do vinho. Seu pai, Zeus, o condenou a coordenar o acampamento e ele odeia todo mundo desde então.
Eu ri, e ela me levou até uma cama bem no meio.
-Essa é a sua cama. À noite fazemos um ritual com os novatos para oficializar a chegada ao chalé! Também vamos te ensinar os feitiços básicos, pois a maioria chega aqui sem saber nada.
-Tipo eu! – disse, levantando a mão.
Todos rimos e escutamos a corneta de Quiron de novo:
-Vamos – disse Jacky – É hora do almoço. Não esqueça de fazer a oferenda aos deuses no final!
Oferenda aos deuses?
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Hurricane
RomanceBethany Melenne é apenas mais uma garota comum. Bem, mais ou menos. Seu pai é um rico empresário mas isso não quer dizer que sua vida seja um mar de rosas. Muito pelo contrário. É uma vasta escuridão. Mas seu raio de luz surge quando descobre a exis...