Raymondville

Meu mundo

Escuto o som do telefone. Deve ser meu pai me desejando um feliz aniversário.

-Pai?

-Oi filho! - meu pai diz com uma voz alegre.

-Eae pai,que horas você vai chegar?

Meu pai está em Londres. Está lá por negócios,teve a sorte de conseguir adiar uma reunião para vir comemorar meu aniversário comigo. Acho que ele tem um pouco de pena por eu não ter minha mãe ao meu lado todos estes anos.

-Na verdade filho,vou me atrasar um pouco! Acabaram de me informar que a reunião é muito importante para adiarmos. Então...vou chegar mais ou menos três horas mais tarde. Mas o importante é que vou estar aí ainda hoje.

-Nossa pai! Mas você tinha me dito que estava tudo certo.

-Eu sei,me desculpa mas desta vez não deu muito certo... não

-Tudo bem então.

- Não se preocupe, eu vou chegar, só vou chegar mais tarde.

- Okay, preciso ir pai, ainda não comi nada.

-Tudo bem filho, tenha um bom dia e feliz aniversário!

-Obrigado pai.

Quando desliguei meu telefone fui direto pra cozinha, eu realmente estava com fome.

Quando eu estava terminado de esquentar os pãezinhos de queijo que a Lizzie (a empregada) tinha feito um dia atrás, me deparei com ela.

Lizzie é uma senhora muito bonita. Ela é baixinha com os cabelos castanhos, tem os olhos verdes que sorriem para o mundo. Aquela mulher é a bondade em pessoa, ela é engraçada e ao mesmo tempo séria, sempre esteve comigo e com o meu pai, ela se preocupa com a gente como se fosse da família, e a realidade é que ela é.

- Esses pães de queijo já não estragaram? - pergunta ela com cara de nojo.

Eu dou risada.

- Você fez ontem Liz, não deve estar  estragado.

E pareciam que não estava mesmo, estava tão bom quanto ontem. Mas ela continuava com aquela cara de nojo me olhando morder aquele pãozinho crocante.

- Isso é nojento! Era só ligar e pedir mais, você sabe que eu passo no mercado antes de eu vir pra cá.

E passa mesmo. Os armários só não mantém cheios por causa de mim.

- Não precisa Liz, deixa eu aproveitar esse restinho, não mata não.

Ela mostra a língua e coloca as sacolas  e a bolsa no balcão. O celular dela começa a tocar e eu vejo os olhos dela brilharem quando ela vê quem está ligando.

- Tá de namoradinho novo dona Lizzie? - provoco ela.

Ela tenta fechar a cara mas não consegue.

- Acha que só porque eu não tenho 18 anos eu não posso arrumar alguém?

- Claro que não, você tem o direito de ser feliz. - eu falo em tom de brincadeira.

Ela joga um pão de queijo em mim e vai para a sala atender o celular.