Primeira Vez.

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O barulho da chuva lá fora era alta, os trovões ressoavam abafados e se misturavam com o vento. As cortinas balançavam enlouquecidamente, devagar me levantei e a fechei. Meu pescoço doía e os meus olhos estavam pesados, o céu estava cinzento, mais que o normal. Andei pelo corredor, até chegar na cozinha. Fechei os olhos, mordendo os lábios para amenizar a dor, eu havia batido a perna na mesinha de centro. Passei a mão com um pouco de água, mas a vermelhidão não passava. Desisti de tentar consertar o que já não tinha jeito e fui tomar o meu café. Seis garrafas de vodka, onde eu consegui arrumar tanta bebida em uma noite ? A ressaca era notável, minha cabeça palpitava. No chão perto do sofá havia vidro e flores no chão, as flores que o Andrew me deu, havia poças de vodka no meio da sala. Literalmente, eu havia feito uma bagunça e tanto na noite anterior. Sentei - me a mesa desajeitadamente, derramei um pouco de café na xícara e levei até a boca. No meu celular haviam catorze chamadas perdidas e sete mensagens do Andrew. Eu ignorei. Terminei e fui arrumar o resto das coisas. Varri a sala, tirei o pó dos móveis, os coloquei em seus devidos lugares, joguei todas as caixas fora. E lá estava o meu celular vibrando de novo, pela sétima vez no dia. Ele de novo. Peguei e celular, impaciente.

- Andrew, por favor, Pare de ligar. Você não tem mais o que fazer ? - Perguntei com o meu tom cansado e me sentei no sofá.

- Alison, o que aconteceu ? Por que saiu daquele jeito da lanchonete ? - A voz de Andrew soou aliviada, seguida de um suspiro.

- Eu tenho certeza que você sabe e eu não te devo satisfação. Agora, apague o meu número do seu celular.

- Espere. Você está com ciúmes ? - Ele perguntou e eu sabia que estava sorrindo. - Você mesma disse que não temos um relacionamento, por que está tão incomodada ?

- A sua vida, literalmente não me interessa, com quem você está ou qualquer outra coisa, eu não me importo. Mas, " Alguém como eu " Sério, Andrew ? - Eu gesticulei como se ele pudesse ver.

- Eu sinto muito, Ally. Eu não sabia que você estava escutando. Tente me entender, eu não podia deixar a Samantha fazer um escândalo. Você é importante pra mim e sabe disso. - Ele falou.

- Andrew, eu não me importo. Vamos terminar o projeto e então, você não precisará evitar escândalos por minha causa. - Falei e desliguei o telefone sem ao menos me despedir. Levei as mãos ao rosto e suspirei. Meu coração apertado se acelerou ainda mais.

Andrew On.

- Era ela, não era ? - Samantha perguntou passando pela entrada de mármore no meio da sala com uma xícara na mão, assim que desliguei o telefone.

- Não era ninguém, Sam. - Eu lhe falei, chateado.

- Eu escutei tudo, Andrew. Como ainda pode querer mentir ? - Ela perguntou irritada elevando o tom de voz.

- Samantha, não começa. - Passei a mão pelo rosto exasperado.

- NÃO COMEÇA ? VOCÊ QUER CONSTRUIR UMA FAMÍLIA COMIGO OU COM ELA ? - Ela gritou gesticulando exageradamente. - EU NÃO VOU VIVER À TRÊS.

- Ninguém está vivendo à três. Pare de gritar, está parecendo uma louca. - Pedi, me levantando.

- ENTÃO PARE DE LIGAR PRA ELA, PARE DE FALAR COM ELA. EU NÃO QUERO ELA NA NOSSA VIDA.

- Samantha...

- NÃO, ANDREW. SEM MAIS DESCULPAS, SEJA HOMEM. EU NÃO AGUENTO MAIS, VOCÊ PASSOU DOS LIMITES.

- NÃO. - Elevei o tom de voz e apontei com o dedo indicador. - Você passou dos limites, eu estou cansado. Se você fosse quem eu sempre pensei que você era, nada disso estaria acontecendo. Isso aqui, não começou quando eu te quis de volta, começou quando você estragou tudo o que a gente tinha. A melhor coisa que a gente faz é acabar com isso agora, antes que um dos dois perca a chance de ser feliz. - Eu falei, quase me arrependendo ao ver sua expressão desesperada e a sua fragilidade sendo exposta pelo seu olhar inquieto.

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