Doces Lembranças de Verão

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Já fazia algum tempo que não viajava. Aliás, "algum tempo" é eufemismo! Há quase 14 anos que não viajava. Não por falta de tempo, mas, dentre as muitas razões, por falta de dinheiro e por ter sempre uma companhia, digamos, pouco agradável querendo me acompanhar. Não que fosse chato viajar com alguém, mas admita: quando se é jovem, o que mais queremos é pegar um ônibus com destino bem longe de casa e, de preferência, sem parentes na cidade que é pra aproveitar "tudo o que a vida pode oferecer"... E com "o que a vida pode oferecer", entenda: "aprontar bastante, fazer loucuras sem medo de ser feliz e voltar pra casa com a maior cara de santo dizendo que 'foi legal, descansou e curtiu bastante'". Estou errado?


Como sabemos, nosso povo adora um descanso, até mesmo se for apenas o feriado de um dia.Quando acontece de emendar com outros dias então, é a alegria completa. Porém, a maioria das pessoas tem a estranha preferência de fazer o que mais detesta: pegar um trânsito do caramba pra ficar,se muito, dois míseros dias numa praia abarrotada de gente,disputando o metro quadrado de espaço na areia, pegando micose,dividindo o único ventilador num quarto abafado com mais de 4pessoas, pra enfrentar mais trânsito para voltar pra cidade. Então,no fim, o que seriam dias relaxantes e revigorantes num local calmo,se transforma num estresse desnecessário de fácil solução: não-vá-pra-praia-nessas-épocas! Será que é tão difícil de entender ou chegar a essa conclusão?!


Por isso tudo e aliado à minha falta de paciência pra filas em padarias litorâneas, à falta de água nas casas em época de férias e outros problemas típicos da temporada, sempre pensei e repensei milhares de vezes sobre a ideia do "viajar". Até porque, pra mim, viajar é sair do estado. Ir para outra cidade em busca de campo ou praia é passeio (claro, se é pra ficar apenas alguns dias). É uma visão estranha eu sei, mas sempre fez (e ainda faz) sentido pra mim.

Se notou bem, as razões que me faziam desistir de viajar eram mais numerosas do que as prós.

Mas, quando atingi a maioridade, algumas vontades estranhas despertaram em mim, entre elas o desejo de viajar. Especificamente: sozinho, para longe e podendo fazer o que sempre tive vontade.


E a oportunidade de realizar algumas destas vontades veio alguns anos depois, numa viagem com alguns colegas mais chegados de faculdade.

Nessa viagem organizada por eles, iríamos de ônibus para não ter que gastar muito tempo em trânsito, embora eu duvidasse muito que, na metade das férias de janeiro, encontraríamos algum trânsito que não fosse o normal.Ficaríamos hospedados num hotel mediano e com preço "em conta", já que ninguém estava a fim de gastar tanto dinheiro.Rachando tudo entre nós 5, ainda teríamos algum dinheiro sobrando no fim da viagem. Dinheiro esse que, ao menos no meu caso, foi muito bem gastos.

Estava fora de cogitação um quarto para cada um, iria detonar nosso suado dinheiro. Porém, como não haviam tantos quartos ocupados por não estar mais na "alta" da temporada, pudemos nos dar o luxo de escolher as opções de "quartos e camas".

Por serem duas moças e3 rapazes — contando comigo— , a divisão ficou da seguinte forma: eu dormiria no mesmo quarto que elas, onde havia uma cama de casal e onde eu, consequentemente, iria dormir num colchão no chão;e os outros caras em um outro quarto com duas camas de solteiro.


Na cidade, fizemos alguns programas juntos, mas nada que necessite de grande atenção.E foi num destes programas que conheci a outra pessoa desta história.


Meus colegas e eu,depois de conhecermos as áreas turísticas da cidade e tirarmos um monte de fotos em poses bonitinhas e com um sorriso no rosto — nem sempre de tanta felicidade —, estávamos numa praia da qual não me recordo o nome, mas consigo me lembrar de algumas características como a areia branca e fofinha, e a água do mar azulada. Enquanto meus colegas tomavam alguma coisa alcoólica como se fosse água e conversavam sobre seus planos para a noite, eu me perdi admirando o horizonte e o mar azul.

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