O Lutador

Capítulo 18

"Você parece bem forte. Tem um corpo bem... robusto." a médica estava comentando comigo e eu comecei a ficar envergonhado "Você luta mais fisicamente, né?"

"S-s-sim... Aprendi um estilo de luta com um velho amigo meu." enquanto eu falava, meu rosto parecia estar ficando vermelho. Ela percebeu e soltou um sorriso com isso, o que acabou me confundindo mais ainda. "Ch-chama-se... Punho. Punho de Pedra. Já ouviu falar?"

"Já sim." ela respondia ainda com um sorriso no rosto. Nunca havia visto nenhuma mulher mais bonita. Seu sorriso tirava toda a seriedade do momento e era reconfortante. Sua pele era delicada e bem cuidada. Seus olhos tinham heterocromia. Um deles era azul e o outro era roxo. "Parece muito interessante esse estilo de luta."

"É a primeira vez que vejo um olho com a coloração roxa... que lindo." eu comentei inconscientemente enquanto a observava. "D-desculpe! Não foi por querer..." eu fiquei mais vermelho ainda.

Ela riu. Uma risada leve e suave.

"Por que está tão nervoso, mocinho? Afinal, você não me disse seu nome ainda..."

"Ah... eu sou assim mesmo. Sou Romm, é um grande prazer conhecê-la. Como você se chama?"

"Betia. Olá, Romm." ela esticou o braço com a intenção de me dar a mão. Eu a apertei levemente. Era uma mão tão pequena e parecia tão frágil. Sua mão ficava invisível enquanto minha mão a segurava.

"E então Romm... Me diga porque está aqui." ela perguntou, com um tom de curiosidade.

"Bom... estou procurando a cura de uma doença." eu perguntei.

"Você está lutando por isso, então? Prefere lutar do que estudar a medicina à parte, talvez?"

"Não é bem isso... A doença é um caso bem sério. E todos da minha vila estão infectados com ela. Eu fui o único que não foi infectado e as razões são desconhecidas. Eu sou a última esperança deles. Além de só saber lutar, muitos arquivos da medicina estão guardados para o resto do mundo. Só cargos relativamente altos podem ter acesso à isso. Por isso estou em minha jornada. Se eu me tornar um Lutador da Terra, eu já terei acesso à muitos arquivos que eu não tinha antes. Talvez isso me ajude a encontrar a cura."

"Entendo. Uma atitude nobre, de fato, Romm. De qual doença se trata, Romm?"

"O senhor Toraher me disse que o nome dela é Doença da Pele-Quebrada."

"E-espere! Você conhece Toraher? O xamã..." ela perguntou com uma expressão de surpresa.

"Sim... ele foi o meu mestre por alguns meses. Você também o conhece?"

"Ele é meu irmão."

Agora, eu percebia alguma similaridade em seus traços. Toraher também tinha heterocromia e eu só me lembrei disso agora. Mas cores não eram iguais. Toraher tinha um olho amarelo ao invés do roxo.

"Como eu não percebi antes?! Vocês têm traços parecidos." eu perguntei, enquanto ria.

Por alguns minutos, continuamos conversando. Contei à ela como foi ter Toraher como mestre e o que ele havia me ensinado. Ela comentou comigo tudo o que sabia sobre a Pele-Quebrada, mas Toraher já havia me dito tudo o que ela havia contado. Contei sobre a minha viagem até aqui, sobre meus planos, sobre meus novos companheiros e as batalhas que já enfrentamos. Eu estava alegre de poder compartilhar tudo aquilo com ela.

"Senhorita Betia. Precisam de seus cuidados em outra sala. É urgente." falou um instrutor que havia chegado na porta.

"Ah, claro." ela disse meio desanimada. "Com sua licença, Romm." ela me abraçou.

Enquanto saía pela porta, ela disse: "Foi um enorme prazer conhecê-lo." com um sorriso. Não sabia o que sentir nem dizer. Só continuei sorrindo como um bobo.

Fiquei pensando nela por alguns minutos e Zyr acorda desesperado, o que me assustou absurdamente.

"Epa, espera!" eu gritei "Ei, você está bem?"

"Romm..." ele disse enquanto me olhava fixamente. Sua expressão era de medo, talvez pavor.

"Acalme-se... você está cansado. Tire um cochilo." eu disse enquanto apoiava minha mão em seu ombro. Eu o deitei novamente na cama e o cobri, mas sua expressão de pavor não saía de seu rosto e aquilo começou a me deixar preocupado.