Capítulo 4: Sorte

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Seu olhar era determinado, já não estava mas tão opaco assim, se você olhasse bem iria ver um brilho ali.

" Que proposta? - pergunto com o cenho franzido e os braços cruzados. O meu lado defensivo estava ativo. Durante anos eu recebi muitas propostas, de diversos tipos, eu realmente espero que ela não esteja querendo o que eu acho que quer.

" Eu quero... - ela foi interrompida por um grito de uma mulher que tinha entrado na casa como se fosse sua. Bom, talvez fosse. Talvez elas fosse namoradas. Talvez...

" LAUR VIADA. ONDE VOCÊ ESTA? - Uma mulher alta com um corpo trabalhado que eu nunca conseguiria ter e levemente bronzeado, cabelos com mexas mais claras na ponta e um sorriso muito bonito no rosto.

" Dinah? O que você está fazendo aqui? - Lauren perguntou saindo de perto de mim indo em direção a Dinah que estava nós olhando com uma cara bizarra.

" Dinah? - Maria entrou na sala vendo a mulher que ainda nos olhava. Isso está ficando constrangedor - Minha querida, acabei de fazer um bolo de cenoura com cobertura de chocolate, seu preferido. - disse com um sorriso.

" Maria do céu, você veio do céu pra me fazer muito feliz né. Mas eu não vou poder experimentar agora, você poderia pegar um pedaço para mim levar? - perguntou animada em quanto pegava as mãos de Maria que tinha só sorrisos para ela. Pareciam mãe e filha.

" Claro menina, espere aqui. - disse indo para a cozinha.

Dinah esperou Maria entrar na cozinha para começar a nós olhar maliciosa.

" Eu atrapalhei? - disse apontando para nós duas em quanto pegava a bolsa Channel que tinha colocado no sofá.

" Sim. Não. - Lauren e eu falamos ao mesmo tempo. Dinah nos olhou divertida em quanto Lauren me olhava com uma cara de interrogação.

" Aqui menina. Esperou que goste! - Maria disse entrando na sala de novo estendendo uma sacola para Dinah que parecia o gato do filme Alice no País das Maravilhas de tão grande que estava o seu sorriso.

" Tenho certeza que está magnífico. - disse dando um beijo em seu rosto.

" Depois nos falamos Laur. Até.- Dinah falou abrindo a porta de entrada mandando uma piscadinha para mim fazendo minhas bochechas ferverem.

" Maria pode nos dar licença? - Lauren perguntou para Maria que ainda continuava na sala.

" Claro! - disse indo para a cozinha.

" Olha Lauren, eu agradeço por ter me salvado, me acolhido durante essas horas, por tudo. Mas eu não quero mais atrapalhar nada, eu vou me cuidar muito mais nessas ruas não precisa se preocupar. - digo indo em direção a porta de entrada.

Uma parte de mim queria que ela me impedisse, que disse para mim ficar que cuidaria de mim como cuidou durante essas horas.

Mas só me toquei que isso não iria acontecer quando já estava na calçada soltando algumas lágrimas com o coração cheio de desesperança.

Nova York é magnífica de noite, suas luzes, sua arquitetura, o ar de sonhador das pessoas, até mesmo a multidão de turistas. Eu realmente entendo o por que a minha irmã veio para cá, aqui a liberdade de expressão é enorme e era isso o que ela estava procurando. Mesmo a cidade sendo bela e encantadora ela apenas me traz lembranças ruins.

Dizem que se pegar nas bolas do touro charging bull da sorte, claro que não acredito nessa merda, então eu não sei por que eu estou olhando tão fixamente para ele como se pedisse para me dar sorte sem ter que toca-lo. Sorte é uma coisa que eu tenho poucas vezes, tão pouco que eu poderia contar nos dedos.

Mas desde que eu vim para cá, apenas tive duas vezes. A primeira quando eu consegui escapar do Jack quando ele tentou pela primeira vez me violentar. A segunda foi quando eu conheci Lauren, claro que ela teve que me salvar do Jack para me conhecer, mas conhecer ela foi uma das melhores coisas que já aconteceu comigo.

O seu cheiro está o toda a parte na roupa, não sei o por que mas sinto falta da sua presença, da risada, mas o que eu posso fazer se ela não me quer por perto. Abraço minhas pernas para sentir melhor o cheiro de flores e tentar amenizar o sentimento de falta. O que essa mulher está fazendo comigo?

" Um dia eu encostei no chifre do touro e pedi para que ele me desse sorte, estava num momento bem complicado da minha vida. - a voz que eu queria ouvir disse ao meu lado me fazendo levantar a cabeça. Sua expressão de cansada olhando para o touro na nossa frente me inquietava.

" Por que no chifre?

" Por que eu não iria encostar nas bolas dele, mesmo ele não sendo de verdade. - disse como se fosse óbvio me fazendo dar uma pequena risada e ela abrir uma pequeno sorriso de canto. - Hoje depois de tanto te procurar pelas ruas e não te achar eu tive uma necessidade de vir aqui pra pedir para ele mais sorte. Sorte para que eu te achasse. E aqui está você e eu nem precisei pedir nada, por que o desejo de te encontrar era tão grande que os anjos acabaram me concedendo. - disse me olhando. As lágrimas transbordavam em meus olhos. Seu pequeno sorri ainda em rosto se abriu mais me fazendo derrubar algumas lágrimas.

" Você não sabe o quanto eu pedi para que você viesse. - digo a abraçando com o rosto escondido em seu pescoço pálido. Suas mãos faziam carinho nos meus cabelos e seus lábios deixavam trilhas de beijos por ele todo.

" Vamos para casa. - disse me soltando para levantar, sua mão estendida para mim e seus olhos em mim deixaram meu coração cheio de esperança de novo.

" Casa?

" Sim, mi casa su casa.

E foi ali que ela me aqueceu novamente. O frio daquela noite nunca iria me afetar se ela tivesse por perto.

*

Esperou que tenham gostado. Fiz com muito amor ❤

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