Capítulo 4

28 3 0
                                    

Algum tempo já havia se passado ,depois do intervalo já tive mais algumas aulas de história, português e física. Não consegui me concentrar. Agora eu caminhava em direção a saída, o corredor estava abarrotado, alunos apressadíssimos loucos para chegarem em casa e ter um pouco de paz. Eu andava tão rápido quanto eles só de imaginar que o John estaria ali fora...tudo bem que ele é meu primo, mas eu ia adorar dar mais uns beijinhos nele, ele beija super bem, foi diferente dos poucos garotos com quem já fiquei na vida.
Sim, foram poucos, primeiro porque não sou nenhuma Angelina Jolie da vida e segundo porque sempre fui medrosa com esse negócio de ficar, vai entender né?
Ao passo que me aproximo do pátio a visto o John lá, parado, super confortável em sua moto, sendo vítima de vários olhares maliciosos e parecendo alheio a isso.
Me aproximo dele e sou recebida com um sorriso caloroso.
- Oi John.

- Oi gata, como foi?

- Foi ótimo, a Natalie veio falar comigo, perguntou se te namoro, disse que sim, tudo bem né?

- Ué e não é a verdade? Namoramos gata - E com isso ele me puxa pela cintura colando nossos corpos e me beija com vontade, sugando meus lábios, me levando a loucura.

- John! - Bato em seu braço, rindo de leve - Não se acostume com isso. John abre a boca para falar algo mas é interrompido por um "hum-hum" nada discreto. Olhamos para trás ao mesmo tempo e avistamos a Natalie.
- Oi - Diz ela com um sorriso simpático, fingindo timidez.
- Oi Natalie - Ficamos os três calados, naquele silêncio constrangedor até que entendo o que ela quer - Amor, esta é a Natalie, uma...amiga minha.
- Prazer em te conhecer Natalie, eu me chamo Jon...
- Sim, eu sei, se chama Jonathan, o prazer é todo meu - Ela abre todos os dentes num enorme sorriso se jogando pra cima do "meu namorado" na minha frente.
- Já que és amiga de minha namorada irei te convidar pra uma festa que vai acontecer lá na irmandade hoje a noite, topa? Natalie aceita, completamente eufórica e o John dá as instruções a ela de como chegar e como entrar na festa. Alguns minutos depois a Natalie - finalmente - vai embora e eu lanço um olhar interrogativo para o John.
- O que? Dá a ela o benefício de ir a uma das festa dos universitários vai com certeza fazer com que ela te aceite em seu grupinho - Assinto com a cabeça, ele tem razão - Sei que você nunca foi a uma festa da irmandade antes, por causa de seus pais, mas essa noite você tem que ir. Eu tenho um plano, estive com seus pais o dia todo, não se preocupe com nada apenas siga minhas instruções e lembre-se: Você tem que estar maravilhosa, afinal de contas, você é minha namorada.

(************)

Eu me lembro, lembro muito bem da primeira e única vez que tentei pedir aos meus pais pra ir numa festa da irmandade do John. Era uma noite quente e eu estava muito feliz pela fato de o John ter finalmente me convidado a uma de suas festas.
Eu cantava enquanto me arrumava, colocando e tirando várias roupas, tentando ficar bonita o suficiente pra pegar um universitário gatão... Eu de fato deveria ter levado a sério esse ditado popular de "não comemorar antes da hora". Depois de horas trancada no quarto me arrumando eu estava pronta, acho que nunca demorei tanto pra me arrumar, eu estava eufórica e linda. Trajava um vestido azul, rodado, com transparência e decorado com pedrinhas. Meus cabelos estavam escovados, lisos e soltos. Completei com um salto preto que provavelmente iria me torturar a noite toda e uma maquiagem que fiz seguindo um tutorial. Agora vinha a pior parte: Pedir a permissão.

Sai do quatro devagar, caminhando com passos lentos, captei imediatamente a expressão de espanto no rosto de meus pais provavelmente se perguntando "Aonde ela vai vestida desse jeito?"
E foi exatamente isso que minha mãe me perguntou.
-Ah mãe, fui convidada pra uma festa na irmandade do John - Comecei eu com total entusiasmo - vocês vão deixar eu ir né? Volto cedo, prometo. Meu pai riu e meu minha mãe continuou com rosto impassível.
- Ora então quer dizer que já está pensando em engravidar?! Você não sonha alto menina?! Acha que nesta festa vai ter algum milionário?! A universidade do John não é dos ricos, não vou deixar você ir pra lá se embriagar e engravidar de um zé-ninguém qualquer. Eu estava abismada com as palavras dela, era sério que ela pensava isso de mim? Porque ela sempre tinha que ser tão grossa? Será que não via o quanto eu estava feliz?
- Mãe não é porque você não hesitou na primeira oportunidade que teve de engravidar de uma cara que não era rico, que eu irei fazer o mesmo. - Doeu em mim dizer essas coisas a ela, mas era a mais pura verdade, a verdade que ela tinha que ouvir.
Ela ficou boquiaberta por alguns segundos e levantou do sofá determinada a procurar briga.
-Mas você não fale assim comigo! Se hoje não estou rica foi por um erro de cálculo, pois quando engravidei do seu pai ele ainda era rico sim! Mas era burro e perdeu tudo, foi nisso que errei.

-Tudo bem, tudo bem. Que você não casou comigo por amor eu estou careca de saber, mas a vizinhança não sabe disso, vamos queridas, falem mais baixo, ainda precisamos manter a aparência da família feliz. - A calma e o sarcasmo com o qual meu pai disse aquelas palavras me irritou mais do que a frieza e o egoísmo de minha mãe, cheguei ao me limite.

-VOCÊS SÃO SIMPLESMENTE OS PIORES PAIS DO MUNDO.

Deixei que as lágrimas caíssem quando cheguei em meu quarto, sentei na frente da porta já que não achei a chave para tranca-la e ali fiquei chorando. Toda felicidade já tinha se esvaía e eu estava só o caco, não por não poder ter ido a festa, mas sim pela briga. Eu via as minhas amigas e os seus pais com uma relação maravilhosa, sim haviam brigas, mas nada comparado às brigas daqui. Não odeio meus pais, mas odeio o modo como eles se comportam.
Minha mãe principalmente.
Ela me culpa por não ser rica hoje, me fez apenas na intenção de prender meu pai e se deu de mal.
Meu irmão veio do nada, nenhum dos dois planejava ter mais um filho, eles já estavam mal financeiramente, mais uma boca pra alimentar seria o cúmulo. Somos um peso pra eles dois. Meu pai parece sempre alheio a tudo, aos filhos, a esposa, a vida! Enquanto ele brinca de ser pai a minha mãe brinca de ser a mãe diabólica, aquela que por ser infeliz quer também a infelicidade dos filhos.

Olá amores! Levei um tempão pra postar um novo capítulo,desculpe. Gostaria de pedir novamente que você comentassem e votassem na história. Obrigado!!!

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Aug 20, 2016 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

EncantadaOnde histórias criam vida. Descubra agora