Capítulo 1

499 24 1
                                    

Leonor Pov

Acordei, mais uma vez apressada, pois estava atrasada para o trabalho. Sinceramente, não sei se posso chamar trabalho aquilo que fazia, simplesmente servia bebidas a velhos bêbados ou ricos frustrados com a vida, durante o dia, e dançava para o mesmo género de pessoas, durante a noite.

Não eu não me despia e não eu não me prostituia apenas dançava e posso dizer que mesmo assim não me sentia confortável com aquela situação mas também não tinha outra escolha. Precisava de dinheiro urgentemente e o trabalho mais rápido que me apareceu foi aquele.

Terminei de me arranjar e saí de casa à velocidade da luz. Levei os fones aos ouvidos e fiz todo o caminho até ao trabalho a ouvir música.

Ao chegar ao local horrendo, ou seja o bar, repeti o ritual que já mantinha desde que ali trabalhava. Respirei fundo e pedi aos deuses lá de cima para que me ajudassem a sair daquele inferno ao qual eu tinha de chamar de "meu trabalho".

"Bom dia" disse eu às raparigas que já lá se encontravam.

"Bom dia" responderam elas num tom monótono e sem emoção. Todos os dias era assim, elas tratavam-me sempre com uma enorme indiferença.

"Ei Leonor vai limpar a casa de banho" ordenou uma delas fazendo com que uma expressão confusa tranparecesse no meu rosto.

"Esse não é o meu trabalho" disse eu tentando manter a calma.

"Minha querida vais aprender que se queres continuar aqui a trabalhar vais ter que estar disposta a tudo" ela explicou. Eu não queria continuar ali a trabalhar, eu precisava por causa do dinheiro e ela estava muito enganada se pensava que eu ia estar disposta a fazer tudo.

"Nem tudo..." disse pegando no balde e na esfregona e dirigindo-me para a casa de banho. Que inferno...

(...)

A noite estava a chegar, logo a parte pior do trabalho também. O bar começava a encher cada vez mais e eram só clientes homens. Acabei de vestir as roupas ao qual era obrigada, que se tornavam tão ridículas de tão curtas que eram. Eu parecia ser a única incomodada com aquela vestimenta por isso é que nunca me havia queixado.

"Prontas para irem para o palco?" perguntou o careca e gordo do patrão.

"Sim..." respondemos em uníssono.

Avançamos em direção ao palco e já uma música sensual era audível. Mal entrei no palco senti os olhos nojentos pousarem em mim e nas outras raparigas. Balancei as minhas ancas ao ritmo da música e com as mãos tentei mexer no cabelo sensualmente. Não era uma grande bailarina mas fui me habituando aos passos básicos e necessários.

Estava-me a sentir muito diferente naquela noite. Mais observada. Mais observada mas não em quantidade de olhares mas sim na persistência de um só olhar. Não queria olhar diretamente para essa pessoa pois tinha receio mas queria ver quem era e como era.

Aproveitei que a música tinha terminado para olhar a tal pessoa. Quando o meu olhar focou em tamanha beleza nem queria acreditar.

Ele era alto, moreno, olhos claro e o seu olhar era misterioso e de uma certa forma assustador. Eu queria olhar mais para ele sentia como se estivesse presa mas tinha de sair do palco. Olhei uma última vez para ele e quando o fiz ele piscou-me o olho e fez um gesto com o dedo chamando-me para ir à beira dele. Todo o meu corpo tremeu e uma vontade de saber o porquê de ele me ter chamado percorreu-me.

Saí do palco e com alguma pressa, troquei de roupa e quando sai dos balneários certa parte de mim desejava que o tal rapaz ainda estivesse lá fora mas outra desejava que não estivesse pois tinha algum medo dele.

One Night [LT]Onde histórias criam vida. Descubra agora