Capítulo 3 - O indesejável,se torna necessário.

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–De-desculpa - Eu disse envergonhada, pegando as coisas espalhadas pelo chão.

–Desculpa? Ha, quem tu pensa que é garotinha? Só porque veio da cidade grande acha que já pode ir fazendo o que quer? - Ela disse levantando e chutando algumas coisas.Ela me olhava com tanto ódio, que eu não conseguia entender o porque de toda a confusão. Afinal, quem era ela e de onde ela me conhecia?

–Eu já pedi desculpas, agora se você não quiser aceitar, problema é teu. - Eu disse apontando meu dedo para ela e parando ali mesmo de recolher tuas coisas, virei me de costas e continuei andando.

–Ah, o problema é meu? Então passará a ser teu também! . -Ela falou alto, levantando a mão pra mim com a intenção de me dar um soco, quando do nada alguém segura tua mão.

–Eeei, o que você está fazendo, pirou de vez? - Disse aquela garota que eu vi desde o começo do dia, já estava com a impressão de que ela me perseguia. E então percebi que a garota que ameaçou me agredir, era a mesma que a garotinha saiu correndo para abraça-la na saída do ônibus, mais cedo.

–Pirou? Então vai me dizer que você está do lado dessa novata? Fique com ela então. - Disse a garota alta me encarando. Ela saiu andando sem olhar pra trás, e a garotinha a deixou ir.

–Nossa hein, você mal chegou aqui e já me causou tudo isso, você sabe agora o problema que eu vou ter? - Disse a garotinha rindo suavemente, levemente com as mãos em frente aos lábios.

–Eu não lhe pedi nada, posso me defender sozinha, afinal. - Rebati.

–Ok, ok. Vamos indo, estamos atrasadas, o sinal bateu já fazem dez minutos. -Ela disse ainda sorrindo.

–Pe-pérai, você está na mesma sala que eu? -Eu disse arregalando os olhos.

–Sim, algum problema? - Ela disse confusa, inclinando levemente a cabeça para o lado.

–Uma garota baixinha desse jeito está na minha sala? - Brinquei, dando uma leve gargalhada. Segundos depois me lembrei do meu papel de rabugenta, então parei de rir e fiquei séria novamente.

A garota me observou emburrada e saiu andando, com as bochechas estufadas. Me recompondo eu fui atrás dela, segurei em teu ombro e disse:

–É brincadeira, sua bobona, você é baixinha, mas tenho certeza de que é super inteligente. - Eu disse sorrindo,dando um leve tapinha carinhoso em sua cabeça. Me espantei comigo mesmo, com o que eu havia acabado de fazer. Tinha certeza de que me arrependeria mais tarde.

–Eu sei, agora vamos, temos muito o que fazer. -Ela disse séria novamente. Eu estranhei, minutos atrás ela estava parecendo uma criancinha de cinco anos fazendo birra, agora estava como uma garota do terceiro ano prestes a uma prova de admissão. Então eu concordei com a cabeça. Ela segurou minha mão e me puxou, nesse momento, meu coração bateu forte, como uma garota quando está em frente ao garoto amado.

–Ei, o que você está fazendo,solte minha mão. - Eu disse irritada.

–Certo, como preferir. -Ela disse soltando. Então eu esperei que ela fosse na minha frente, não queria ser vista com alguém logo no primeiro dia, isso poderia cair no ouvido de meus pais, e eles iriam achar que eu estivesse me enturmando, não, não mesmo.

Eu então segui em frente, subi apressadamente as escadas, e abri a porta da sala de aula, fechei-a e então segui até minha carteira, olhando fixamente para frente.

–Bom dia para a Senhorita Lesly também. -Disse a professora lá da frente. E então todos aqueles alunos caipiras riram.

–Tenha um bom dia, senhora, desculpe-me o atraso, seria este o meu devido lugar? - Eu disse apontando para a mesa do meu lado, sem nem me importar com os risos indevidos ao meu redor.

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