Capítulo Um

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DEZ ANOS DEPOIS

Alexandro estava feliz, era seu trigésimo aniversário, sua conta bancária estava muito bem, obrigado, graças ao seu sucesso como piloto. Ele sempre havia procurado crescer sozinho, não utilizando o dinheiro de sua família. Sua namorada era uma modelo americana linda, independente, e seus pais estavam bem de saúde... Enfim, nada estava fora do lugar, mas ao mesmo tempo, ele se sentia inquieto, com uma certa angústia que não passava, como se procurasse por algo sem nome ou sem forma. Ele só sabia que buscava alguma coisa.

— Alexandro, você não vai acreditar quem também veio passar as festas aqui na cidade! — Sua mãe gostava de entradas dramáticas, talvez fosse sua ascendência grega.

— Quem, mãe? A Barbra Streisand? — ele caçoou, sabendo que se fosse a cantora favorita de sua mãe, ela já estaria internada, tomando uns calmantes para se preparar para o show. E ela era dramática mesmo!

— Marianne Dummont!

Com duas palavras, sua mãe fez seu mundo seguro ruir como um castelo de cartas. Alexandro arregalou os olhos para a mãe e perguntou:

— Quem?!

— A Marianne! A Mari! Mamá! Enfim, como você quiser! Ela vem pra cá passar as festas e também vai aproveitar e visitar a tia dela.

— Hã?

Alexandro estava desnorteado demais para raciocinar. Tentava se concentrar no que sua mãe lhe falava, mas a única coisa que ele via era a mãe mexendo as mãos freneticamente na sua direção.

— Alex! Você não me ouviu? Com certeza deve ser a velhice! E olha que tenho 52 anos! Mas não estou como você!

Ele ergueu uma das mãos.

— Eu entendi. Entendi... Tá? Não precisa repetir, mãe. É só quê... — como ele ia explicar para sua mãe? Explicar que no colégio irritava uma menina com suas insinuações e brincadeiras pelo fato de... Pelo fato de o que mesmo? Ah, sim. Era porque gostava de irritá-la mesmo. E essa menina era Marianne Dummont!

— É só que... O quê? — interrogou.

— Oi?

— Alexandro Stefano Damaskinos! — ela praticamente gritou seu nome todo (herdado de seus avós). — Fale logo! Por que você ficou tão perplexo daquele jeito, filho? Foi por causa do que eu lhe disse, ou o quê?

Pronto. Lá estava sua mãe dramatizando de novo. Aquela última frase era da novela da semana passada.

— Nada... É só que... É só que... Havia uma vespa perto da janela ali, e eu estava vendo se ela ia entrar aqui em casa. A senhora sabe o que aconteceu da última vez que eu vi uma vespa, não sabe? Pois foi isso.

— Ah!

Alex sentiu um tom desconfiado de sua mãe. Mas ele não podia contar para ela. Não agora.

Marianne chegou ao aeroporto com duas horas de atraso. Estava extremamente cansada, com uma dor de cabeça tremenda, e seus pés estavam doendo de tanto ficar em pé esperando a bagagem. Seu telefone começara a tocar a sua música preferida, indicando que alguém ligava: “Owner of a lonely heart. Owner of a lonely heart. Much better than a, Owner of a broken heart...”.

Ela abriu sua bolsa e atendeu ao telefone.

— Alô?

— Mari?

— Quem é?

— Como quem é, Mari? Sou eu, Adele, sua tia! Onde você se meteu? Eu estou morrendo de preocupação. Você não quis me deixar buscá-la no aeroporto e já deveria ter chegado faz tempo...

Amigos e Rivais 01 - Marianne 4EverOnde histórias criam vida. Descubra agora