O Festim das Cartas

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O pátio interno do castelo de Winterfell nunca estivera tão movimentado como naquela manhã; servos caminhavam em direções opostas carregando itens e iguarias, lordes vociferavam ordens, crianças subiam em cima de mercadorias, senhoritas tagarelavam entre si e os escudeiros poliam as espadas e armaduras dos Cavaleiros Nortenhos.

Dizia-se que a rainha dos Sete Reinos, Daenerys Targaryen, visitaria o Norte pela primeira vez. Seus vassalos ansiavam por um memorável festim, o maior que Winteferll já tivera, e por isso todos os Nortenhos foram convidados: dos carniceiros aos lordes, das meretrizes às senhoritas.

No grande estábulo do castelo, Hodor penteava cuidadosamente a crina de um belo cavalo mustangue de cor marrom-rútilo, escuro como o solo fértil da cidade livre, e forte e vigoroso como seus guerreiros Dothrakis. Contudo, o animal estava faminto, relinchando ao cavalariço como se implorasse urgentemente por um ramo de palha.

─ Hodor - ele disse, virando-se e pegando um enorme fardo de feno, e depois o arremessou diante do animal.

Hodor era um homem muito alto e não muito roliço; portava sempre o seu esfarrapado casaco verde-broto de mangas compridas e uma gola na qual contornava completamente o seu pescoço. A cor de seus olhos era de um azul mais profundo que o Mar Frio; sua barba, a fazer, e seu cabelo curto e despenteado, era de um castanho-escuro.

─ Não se esqueça dos corvos, Hodor, eles devem estar bem alimentados quando a Vossa Graça aparecer, pois teremos de enviá-los aos Setes Reinos avisando-os de sua chegada em segurança - murmurou um velho corcunda, que adentrara o estábulo a passos curtos. ─ Vamos, vamos. Quero mostrar-lhe algo.

─ Hodor - disse o cavalariço, e andou em direção aos viveiros com Meistre Luwin logo atrás, em seu encalço. Após chegar aos viveiros, Hodor pegou pequenos pedaços de carne e arremessou-os um após o outro, ao passo em que a rajada de corvo os devorava.

─ Hodor, está vendo aqueles pergaminhos em cima da mesa? - disse o Meistre. O cavalariço olhou de relance e viu uma corroída mesa de carvalho localizada na extremidade do estábulo, coberta por pergaminhos, penas de corvos e potes de fuligens. ─ A rainha Daenerys chegará em breve e todos da nobreza estarão presentes no festim que acontecerá no salão, incluindo a mim.

Hodor parou de alimentar os corvos e virou-se, franzindo a testa.

─ Portanto... Um criado de confiança terá de escrever as mensagens anunciando a chegada da Vossa Graça e depois enviá-las pelos corvos, pois eu não poderei exercer esse oficio. Compreende?

Hodor assentiu com a cabeça, mas não compreendera.

─ Meu querido Hodor - disse o velho, colocando as duas mãos nos ombros de Hodor e olhando-o nos olhos. ─ Você é o único criado que tem a minha confiança. Eu o vi chegar num cesto e eu te alimentei e eduquei como um verdadeiro filho.

─ Hodor - sussurrou o cavalariço.

─ Eu sei que você tem suas limitações... - Meistre Luwin desviara o olhar, depois voltou a fitá-lo - mas, você escreve como ninguém!

Hodor deu um largo sorriso.

TUM! TUM! TUM! TUM!

Os Guardas Reais adentraram os portões de Winterfell batendo as espadas contra os escudos, e assim anunciando a chegada da rainha, que viera logo atrás, montada numa galanteadora égua branca. Todos corriam para vê-la e os guardas formavam uma trilha por entre a multidão em direção ao salão do castelo onde aconteceria o festim.

Quando Hodor estava prestes a encostar a pena num velho pergaminho... Ouvira a multidão e o ressoar dos batuques lá fora, então correra para a porta do estábulo. Podia vê-la, Daenerys Targaryen, e como era linda... Seus cabelos eram longos e platinados envoltos em uma longa trança que recaia por sobre um de seus ombros. Seus olhos eram violetas, cujas flores jamais foram.

As Cartas de HodorOnde histórias criam vida. Descubra agora