Nova história.|28

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(...)

"Lauren?" Ouço a voz do Harry me chamar na parte de baixo do apartamento.

"Aqui" me encolho ainda mais no lugar.

A vista do terraço é realmente linda, o sol se põe em Seattle e torna a cidade ainda mais encantadora, as ruas parecem de ouro o asfalto brilha feito diamante, o sereno da noite já começa a dar sinal. Ontem não consegui assimilar muita coisa do que aconteceu, fiquei o resto do dia chorando, me senti a pessoa mais fraca do mundo. Eu não quis aceitar nada daquilo, por mais que tenha aquelas fotos de infância eu não consigo acreditar. Minha mãe é Taylor Denions e meu pai é Jorge Tones, ponto final! Aquilo só pode ter sido mais um trote, uma mentira, não posso simplesmente acreditar em um pedaço de papel com algo escrito por qualquer pessoa.

"Oi" Harry senta ao meu lado no chão de cimento.

"Oi" falo com a minha voz rouca de choro.

"Procurei você na universidade mas não achei" ele tira o casaco do corpo revelando sua t-shirt preta. Minha combinação preferida com a calça também preta.

"Vim mais cedo hoje" ponho minhas mão em volta da perna e volto a olhar o sol se pondo.

"Tá melhor?" Ele fica na mesma posição que eu.

"Não" saí quase um sussurro.

"Lauren liga logo pro seu tio e termine com isso" ele fala mais uma vez que nem ontem.

"Não posso Donam, não assim, por celular" falo mais calma diferente dos gritos de ontem.

"É verdade" ele faz carinho nos meus cabelos.

"Você acha que isso pode ser verdade?" O olho confusa.

"não sei Lauren...Talvez, só vamos saber se formos lá" ele levanta.

"Acho que não consigo" me levanto em seguida.

"Uma hora você vai ter que ir" ele fala enquanto descemos as escadas.

"Sei disso também" me jogo no sofá da sala.

"Tudo no seu tempo meu amor" ele fala ao meu lado e dou um sorriso.

"Faz tempo que você não me chama de meu amor" me jogo nos seus braços e deitamos no sofá, fico em cima dele.

"Deveria te chamar sempre" ele me beija.

"Você está certo, preciso tirar isso a limpo" volto a fazer carinho nos seus cabelos.

"Acho que é o melhor" ele me abraça.

(...)

Se passaram 5 dias e hoje finalmente tomei coragem de ir até o endereço. Faz mais ou menos meia hora de viagem, até o Harry parece nervoso. Estamos em um bairro um pouco mal encarado ou melhor, muito mal encarado.

"Aonde estamos?" Olho pela janela.

"Não sei, mas não gosto daqui" ele fala apreensivo.

"O endereço tá certo mesmo?" Olho no papel.

"Sim está certo... o número da casa é esse" ele para o carro.

Olha para a frente da casa que paramos, o mato toma conta da parte da frente da casa, a tintura branca está em um tom bege com o passar de tempo. As janelas de entrada tem vidros quebrados e remendados com outros de cores diferentes. Os quadros de passarinhos ao lado da porta estão tortos e empoeirados. Um balanço em uma árvore me chama atenção, penetro o olhar nele e uma pequena lembrança me faz paralisar. Lembro de está naquele balanço, estava sorrindo e um homem me balançava.

"Lauren?" A voz do Harry me tira dos meus pensamentos.

"Tá tudo bem" falo quase que pra mim.

Finalmente tomo coragem e saio do carro logo depois o Harry vem e fica ao meu lado, ele aperta meus braços e me guia até a porta. Caminho por entre o jardim de entrada surrado, ouço barulho dentro da casa assim que subo os três degraus de escada. Tento recuar mas o Harry não deixa. Enfim, aperto a campainha, espero um tempo até um garotinho de cabelos castanhos de mais ou menos 5 anos abrir a porta e me olhar da cabeça aos pés. O menino saí correndo pra dentro da casa e logo em seguida volta puxando uma mulher pelo avental, ela tem os cabelos castanhos, olhos azuis marcantes e sardas no rosto, ela pergunta ao filho o porque de sua reação e então olha pra mim colocando as duas mãos na boca, lágrimas rolam no seu rosto e olho pro Harry totalmente confusa. A mulher vem até mim e me abraça, não retribuo o abraço mas também não a afasto. Minhas mãos tremem, e minhas pernas congelam no lugar. Ela se afasta e parece me analisar, olho pro Harry que parece ainda mais confuso que eu.

"Não acredito que está aqui...minha filha" ela fala e me afasto rápido.

"não sou sua filha" falo rápido.

"Eu prometo lhe explicar tudo" ela tenta me tocar mas me afasto batendo no corpo do Harry e ele me segura.

"Vim aqui pra isso" falo baixo.

"Entrem, fiquem a vontade" ela faz sinal para entrarmos.

Entro pela casa e observo o lugar, as paredes com papéis descascados. Tem medalhas de honra de bombeiros pelas paredes do corredor. Chego a sala e me sento no sofá, a casa era simples mas muito bem arrumada. O menino me olha e lhe dou um sorriso, logo em seguida ele se esconde atrás da mulher que ainda nem sei o nome. Harry senta ao meu lado e seguro sua mão.

"Qual é o seu nome?" Falo rápido com a coragem repentina.

"Glória" ela sorrir.

"vamos direto ao assunto" falo e ela se senta no sofá a frente do meu.

"como você está grande minha menina" Glória põe a mão na boca e chora mais uma vez.

"Me fale por favor" falo com uma voz áspera.

"Vamos lá... Quando você tinha 2 anos de idade pegou uma doença muito grave, bacteriana, ficou meses no hospital. Convivi com você durante um ano sofrendo por dores com o tratamento em casa. Uma vez levei você até a igreja, chorei no altar pedindo a Deus proteção à você. Taylor apareceu, me perguntando se estava tudo bem, se eu precisa de ajuda. Ajuda? Eu precisava mais que isso. Taylor e eu nos tornamos amigas, ela via o seu sofrimento. Meu marido e eu não tínhamos mais condições... Então ela fez uma proposta. Ficaria com você na casa dela até o tratamento acabar, e eu... nossa Lauren! Como foi difícil te deixar ir. Depois de um tempo acabei por aceitar, sua vida era mais importante pra mim no momento. Taylor tinha mais condições que a gente, poderia te dar o que não daríamos. Enfim, sua vida foi salva, eu tentei te buscar tantas vezes, mas sabia que seu futuro não era ao meu lado " ela chora.

Me levanto e saio da casa correndo. Harry puxa meu braço e me joga contra o carro me abraçando, derramo minhas lágrimas no seu ombro.

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