Eu fui atacado por um monstro

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"Ele viu tudo girar e desmaiou..."

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Foi como ligar uma lâmpada. Um clique de interruptor. Ele parou no meio fio entre a calçada e o asfalto. Primeiro ele tirou os fones e olhou pro nada. Depois, ele viu um enorme ônibus passando, lhe enviando estalos de choque pela espinha e se espalhando pelo corpo todo. Ele não sabia se continuava, ou se esperava os lados da pista ficarem totalmente desertos para ele poder terminar o caminho de volta pra casa. Foi realmente assustador. Ele sentiu cada pulsação como se o estivesse sufocando, e a dor aumentado, e por fim... Clique! Acordou do que seria um belo pesado de sua própria morte... Mas ele ignorou. Simplesmente ignorou.

Chegando em casa, seus pais estavam lá. Sua mãe estava sentada, com um copo de água na mão, seus cabelos ondulados escuros espalhados pelos ombros, até a dobradura entre o braço e o antebraço. Seus olhos castanhos direcionados ao abajur em forma de cogumelo, e que irradiava uma luz branca amarelada. Ele logo se lembrou do mini-pesadelo há minutos atrás. Seu pai estava de pé. Parado na entrada entre a sala de estar, onde estavam, e a sala de jantar, com seu suéter azul escuro, calça branca, cabelos loiros e olhos dourados que expressavam um que de surpresa e alívio assim que George entrou. Os pais de George não eram novos. Mas também não eram tão velhos. Pelo menos não tinham cara de velhos. Seu pai com 39 anos com seus cabelos que iam até a nuca e o deixava com cara de 30, e sua mãe com cabelos pretos ondulados e totalmente notáveis onde quer que ela chegasse, e seu rosto em forma de coração e pele clara, eram mais que enquadrados para "modelos" de pais que passam em comercial de televisão.

- Filho...- disse seu pai.- Como foi a escola?

A mesma pergunta que ele fez, que geralmente não fazia, mas que a fez um dia antes do seu aniversário, percebeu George. Amanhã ele ia fazer 16 anos e com a barba que estava, poderia dizer que ele faria 20.

- Ahm... Legal? Quero dizer... Normal como sempre... Normal pra eles. Nunca foi meu tipo de normal. E vocês, por que não chegaram hoje por café da manhã?

- Nós acertamos de ficar mais um pouco hoje pra pegar um dinheiro extra, já que amanhã é seu aniversário e...

- Pai! Já conversamos sobre isso. Sobre os presentes, não foi? Já disse que não gosto. Não gosto! - ele quase gritou. Quase.

Mas George não gostava, mesmo. Cada vez que ele ganhava presentes dos pais, se sentia como se estivesse perdendo eles aos poucos. Pior era as comemorações. Ele chamava as comemorações de aniversário como "mensagem de adeus soletrada", onde cada ano era uma letra. Mas George não especificava isso para os pais. Não tinha necessidade.

Sua mãe se levantou e lhe deu um abraço. Ele se assustou. Ele estava gritando por um abraço mentalmente, e sua mãe o abraçou como ela estivesse acabado de ler sua mente. Talvez ela só o conhecia bem. O bastante.

- Filho, quando você vai deixar disso e parar de reclamar? São só presentes.

- Mas não gosto. Só isso. - ele disse devolvendo o abraço.

- Por que não vamos jantar? - falou o pai.

- Deram comida ao Erry? - rebateu George.

- Filho... Quem é Erry? - perguntou sua mãe, totalmente cética da pergunta de George.

- Como assim, quem é Erry?! Meu gato. Erry! - ele gritou e assobiou em menção ao seu gato.

- Filho... - disse o pai, se aproximando dele devagar. - desde quando temos um gato em casa?

Pedras Da Magia - DescobertasOnde histórias criam vida. Descubra agora