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– Corre Júlia, Corre! – Nathália gritava desesperada e corria na minha frente, mas eu já não conseguia mais correr, estava no meu limite, estava completamente sem folego. – Corre... Quem mandou você jogar vodka pura no rosto do Park? Você é louca! – ela parou caindo na gargalhada e apoiando as mãos no joelho, lembrando o porquê estávamos correndo feito loucas, um cara (que se acha o) fodão porque pra mim ele não é nada, tentou me agarrar e eu joguei vodka pura na cara dele.

– Ele tentou me agarrar e se aproveitar de mim! – disse me explicando e sentando no chão, não dava pra correr e rir ao mesmo tempo, minha barriga doía muito.

– E daí? – ela disse ainda rindo muito. – Sua louca, ele é Park ChanYeol, o maior ladrão de bancos de Seul. Ele pode tudo.

– Não mesmo! Não comigo. – falei nervosa, e a olhando séria.

– Ah tá! Você viu o ''armário'' que os seguranças dele são? Pensa se eles resolvem vir atrás da gente, ele não iria só te agarrar, ia fazer picadinho de você e de mim!

Revirei os olhos sem dar importância e ela me fuzilou.

– Foda-se quem ele é! Ninguém toca em mim a força!

– Desculpa aí, PURITANA! – ela caiu na gargalhada de novo, Nathália era minha melhor amiga e a gente só aprontava, fazíamos de tudo para estar perto do perigo. Éramos as adolescentes mais problemáticas de Seul.

Pulamos o muro do convento colégio onde estávamos internadas sem fazer nenhum barulho, já estava clareando, acho que era umas 06h00min. Estávamos fodidas se fossemos pegas ali àquela hora da noite e com aquelas roupas que a freiras condenam e fala que são coisas do mundo. Éramos experientes em fugir do convento para ir curtir a noite em lugares perigosos  que só frequenta a bandidagem de Seul, para mim e para ela isso era a nossa diversão, adorávamos nos meter em encrencas era o tipo de adrenalina perfeita para nós, mas todo cuidado era pouco, se fossemos pegas novamente iriamos ser expulsas... Nossa, nem quero pensar. Já estava a mais de sete anos trancafiada naquele convento, não saia de lá nem em época de festas, nunca fiz uma visita para ninguém, a única pessoa que me visitava era minha mãe e quando ela podia. Fui internada aqui quando tinha apenas nove anos, depois de muitos anos aguentado os surtos e os temperamentos repentinos que a droga causava nela, ela resolveu me internar, afinal me manter longe era o único jeito que ela tinha de me proteger dela mesma.

Meu pai abandonou minha mãe quando descobriu que ela estava grávida, desde então eu fui como um carma na vida dela, minha mãe nunca aguentou o peso de ter uma filha enquanto era jovem e sem contar que ela virou uma viciada e fazia de tudo para manter o vicio dela, muitas vezes ela chegou a dizer que eu tinha acabado com a vida dela, havia vezes em que ela surtava e descontava tudo em mim, fui crescendo e os momentos de lucidez dela foram se tornando raros e cada vez eu ficava mais indefesa e vulnerável a ela. Um dia ela chegou em casa me obrigou a arrumar as minhas coisas, ela estava decidida a me internar, eu chorei, esperneei mas não adiantou porque fazem sete anos que estou internada aqui e só vejo minha mãe de vez em quando.

– Júlia. – bateram na porta e eu pulei com o susto que tomei, tinha acabado de chegar e pular a janela do meu quarto, mais um pouco me pegam no flagra.

Respirei fundo e olhei no relógio, ainda não estava no horário da nossa refeição. – Pode entrar irmã Kyung– entrei no banheiro e coloquei o uniforme depressa enquanto ela me esperava e joguei a roupa que fui pra festa dentro do armário do banheiro.

– Tudo bem? – balancei a cabeça positivamente saindo do banheiro um pouco desconfiada, será que ela sabia de algo? Ela sorriu para mim. – A madre que falar com você.

Dangerous LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora