Capítulo Um ☕

13 1 1
                                    

Eu Resolvi novamente entrar. Para falar com o piano tagarela, o qual sabia tudo o que naquele mundo acontecia. Levei alguns minutos para descobrir se o coronel estava ou não na grandiosa casa de azulejos azuis. Pulei o muro e entrei por uma das janelas, rezando para que não houvesse ninguém ali.

"Boa tarde, minha adorável jovem" - O piano cantarolou.

" Deus do céu! Que susto você me deu" - falei para ele, que havia trocado de lugar.

" Vejo que sua curiosidade à trouxe aqui novamente, May "

Havia algum tempo em que eu venci o medo e passei a visitar o casarão do coronel, e me irritava o fato de que o piano falava era cantando. O mesmo continuou:

" Talvez na próxima vez que você vier aqui, nada seja ainda como é hoje. Será que eu devo lhe mostrar as maravilhas do mundo de Alice?" Mas..."

" Ora! Deixe disso. Só não me venha dizer que estamos em um conto de fadas pois não vou acreditar"

Cruzo os braços e viro o rosto para analisar o lugar, que dessa vez... parecia ter um brilho a mais. Continuo:

"Se bem que, Hummm... Devo levar isso em consideração! Já que estou conversando com um piano que me responde tudo cantando! "

" Você acredita em contos de fadas, minha jovem... É por isso que está aqui, é por isso que encontrou a gente."

" a gente? " - Arregalo os olhos confusa " Estamos só eu e você aqui"

"Da gente"

Escuto uma voz suave. Seja lá quem for, agradeço por não está cantando. Um gato aparece flutuando no ar, ele rodopiava e pairava. No estante que chegou em mim, com um sorriso grandioso e de dentes brancos alinhados que formavam uma meia lua perfeita. Os pelos brilhavam e a luz refletia uma camada azulada, depois roxa, depois marrom... O gato parecia mudar de cor!

" Minha nossa! " - exclamo boquiaberta. " Eu estou enlouquecendo" - sussurro para conscientizar - me melhor.

O gato estala os dedos e tudo naquele lugar parecia ter criado vida. As cortinas dançavam enquanto tudo ao meu redor ganhava cor, o sofá velho no fundo da sala estufava o peito e adquiria uma cor verde. De longe, vi sair dos armários xícaras e talheres, dançavam pelo chão fazendo uma dança alegre e bem sincronizada. Na parede, os quadros expandiam vida. A poltrona, que elegância! Enquanto a mesa de centro toda arrumadinha estava, parecia uma mocinha.

Tudo ali, me soava mágico. Me perdi encantada em um arco-íris e borboletas que jamais entenderia como elas foram parar ali dentro.
Uma porta se abriu, e ali avistei vindo um chapeleiro, que vinha aos pulinhos ao nosso encontro. E um coelho, parecia atordoado, apressado, vendo as horas logo atrás.

" Não é adorável?" - O gato perguntou bailando pelo ar.

"É tarde, é tarde, é tarde" - anúnciava o coelho.

"Mas que gracinha! O chapéu que você desejar. " - Em uma referência, se apresentou o chapeleiro. Que logo em seguida olhava e media o tamanho da minha cabeça.

"Assim vocês a deixarão louca" - O piano cantarolava calmamente.

"Deixá-la louca?" - O gato riu ironicamente.

"Eu não estou entendendo nada!" - Falei olhando aquele lugar, que era irreconhecível agora.

" Você conheceu um pouco das maravilhas do mundo de Alice" - Cantou o piano, balançando um bigode que eu nunca havia reparado.

"Mas não podíamos ir sem antes mostrá-lo a você, menina"

O piano falava algo sobre ir embora, teria escutado se não fosse pelo coelho gritando:

" É tarde, é tarde, é tarde"

O chapeleiro se espantou. Assustado ele disse:

" Oh, é tarde mesmo! Vamos, Vamos. Estão chegando!" - Me empurrando até a janela mais próxima, eles me seguiram com o olhar.

" Adeus, May. Adeus" - O gato falava com a sua voz suave e com o mesmo sorriso escandaloso. Atordoada, passei uma das pernas pela janela. Virei novamente para olhar, o lugar que, talvez, minha imaginação formará ali.

" Adeus é uma palavra precipitada. Até outras vid..." - O chapeleiro me empurrou e eu pulei a janela, com a mesma batendo fechada ali.

Um Conto Para AliceOnde histórias criam vida. Descubra agora