A linha de Pilar - Do sim ou fim

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― Sim. - Disse Pilar.

― Na presença de todos aqui reunidos, eu vos declaro, Jorge e Pilar, a partir de agora e sempre, marido e mulher. Pode beijar a noiva!

Era fim de tarde, num sábado de primavera em Belo Horizonte, os Ipês da cidade formavam um mar de cores nas principais avenidas. A Igreja estava bem decorada, receptiva aos presentes que festejavam o mais novo casal da cidade. Pilar estava feliz. Era o dia mais feliz desde que perdera seus pais 7 anos atrás. Finalmente ela encontrou um novo caminho, de boas possibilidades depois de tudo que lhe aconteceu. Estava se casando com o homem que amava, formou sua própria família, tinha dois filhos lindos e a sábia companhia de Ísis.

No fim daquela noite, deitados, sentindo o cansaço de meses de preparação cobrar o seu preço, Pilar começou a sorrir. Sorriu lembrando de tudo que passaram até aquele momento:

― E pensar que o homem mais chato da companhia, seria hoje o homem mais importante da minha vida.

― Até parece que você é um doce de pessoa amor. Você é uma caixa de abelha – Ela lhe encarou abrindo boca para reclamar, ao que ele interrompeu. – pronta pra me fornecer o mel mais saboroso do mundo. – Concluiu Jorge, cariosamente.

― De qual placa de caminhão você se inspirou pra falar isso Jorge? – Desdenhou romanticamente, rindo nos braços do então esposo.

...

Quanto mais metas Pilar alcançava na empresa, mais próxima era sua relação com a Central, e consequentemente mais era conhecida no restante do grupo. Sempre havia alguma conversa da moça extrovertida e criativa da filial vinte três. Ou ainda, boatos sobre a criadora dos lucrativos espaços temáticos, e como ela copiou tudo de outra empresa que ninguém sabia dizer o nome.

Com tantas ligações, e viagens a central, a Coordenadora Geral da filial vinte e três e o secretário da Coordenação Geral do Grupo precisaram se aproximar. Ela descobriu que um pouco do temperamento dele era fruto de sua história de vida, e seus problemas familiares. Ele e o padrasto não se davam bem, com isso a mãe sempre ficava numa situação ruim entre os dois. Jorge por sua vez, pegou mais leve com ela desde que soubera do desastre aéreo, ele sabia bem como ela se sentia culpada por aquilo e não queria ser apenas mais um problema.

Com mais boa vontade de ambas as partes, acabaram nutrindo uma amizade curiosa e cheia de provocações, num verdadeiro "toma lá, dá cá" de indiretas e piadinhas. Na primeira festa de desempenho do grupo, Pilar e Jorge sairão por último, um tanto quanto alegres demais:

― A xerife da filial vinte e três aceitaria uma carona até o hotel deste humilde lacaio da central?

― Haha, do lacaio pode até ser, agora do humilde? Quem é esse, Jorge? – Zombou Pilar.

― Você não me respeita mesmo hein mulher. Queria ver esse sucesso com a diretoria se a senhorita tivesse amigos na Central! – Disse olhando para o lado, pronto para ouvir a fera brigar com ele.

Para a surpresa dele, não teve briga, ela apenas riu e perguntou com uma malícia no olhar, que surpreendeu até a ela mesma.

― Então agora eu lhe devo alguma coisa Jorge?

― Dever não deve, mas bons presentes são sempre bem vindos.

Os dois estavam caminhando em direção a saída do salão de festas, rumo ao carro do colega. Ela tinha chegado à festa de taxi, pois a Central fica em outra cidade. Aceitar a carona de Jorge seria natural, afinal ele é o anfitrião. Ele havia sido uma excelente companhia naquele final de semana: a buscou no aeroporto, almoçaram juntos, ele apresentou à cidade a ela, acompanhou sua entrada no hotel e agora iria acompanhá-la até o seu descanso. Apesar de tudo que passaram, aos poucos o jovem chato dos relatórios era uma boa pessoa.

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⏰ Última atualização: Apr 29, 2016 ⏰

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