Ada-
A minha rotina foi se repetindo ao longo do mês, ela era exclusivamente faculdade, trabalho e apartamento, não era lá a coisa mais emocionante ou divertida mas eu estava realmente feliz por estar vivendo este novo capítulo na minha vida.
Rose e eu nos tornamos grandes amigas e isso me fez ficar até mais à vontade com a nova vida que venho levando. As group de garotas estúpidas da sala se desfez e até mesmo falam conosco hora ou outra, eu não precisei de muito para fazê-las desistirem desse papel patético de perseguidoras, bem, quando se tem a experiência que eu tenho em aprontar, as coisas ficam bem mais fáceis.
Assim como Rose, Lion e Ranny se tornaram meus amigos do trabalho, são bem divertidos e idiotas quando querem, e quanto ao senhor Ghael, mesmo sendo um velho pra lá de rabugento, tem exercido um papel singular e protetor na minha vida, em resumo, o café se tornou minha segunda casa.
Em relação ao inconstante e instável Tarvos, nas primeiras semanas eu estudei o comportamento grosseiro dele. Para começar ele é lindo, mas é tão estupidamente grosso que estraga toda a beleza, ele não da sequer um bom dia quando chega ou um obrigado quando recebe seu pedido, nada e, têm sempre respostas afiadas cheias de veneno. Como se não bastasse ser estupido, ele também tem um ego maior que o planeta terra, é tão convencido que se pudesse não tocaria seus sapatos caríssimos no chão, ele levitaria. Idiota.
Nas semanas seguintes, tentei usar um pouco de gentileza e passei a trata-lo como costumo tratar os demais clientes, gentileza gera gentileza, certo? Errado. Quando se trata de gentileza perto de Tarvos O'Donnel, tudo que se recebe em troca é arrogância e o gelo inteiro do pólo norte, como se tratar uma pessoa cheia de si com gentileza fosse fazer diferença... e isso me tirava do sério!
Depois disso, eu parei para pensar no porquê de eu estar fazendo todas essas coisas, por que eu estava querendo receber um bom dia dele? por que eu esperava um sorriso gentil ou um obrigado? E a minha resposta? Não sei. Mas acredito que seja essa minha mania de querer corrigir o errado dos outros, eu meio que me sinto desafiada em mostrar pra esse idiota que o mundo não gira em torno dele. Na verdade, eu gostaria de ter uma alfinete imenso para poder estourar essa bolha enorme que é o seu ego apenas para vê-lo se espatifar com a cara no chão da realidade. Palhaço.
Então você percebe que está fula da vida e que avançou a casa da frustração. Por que? porque Tarvos parecia cada dia mais resistente à toda gentileza, me tratava com sarcasmo e piada e claro que eu nunca fiquei por baixo. Nós pareciamos duas crianças briguentas e ora ou outra eu era aconselhada pelo pessoal do café a parar de implicar com o Sr. Empresário Fodão por que ele tinha poder de ferrar a vida de quem ele quisesse. Então eu desisti, desisti não por que ele tem o poder de destruir sua carreira profissional e essas coisas, mas por que o fato de estarmos em pé de guerra estava me consumindo, eu terminava o dia com o psicológico abalado e exausto da nossa batalha diária. Desisti depois de três meses de atritos por quê eu não tenho poder algum de mudar quem ele é, a mudança parte de dentro e não faz sentido eu querer que ele seja algo que ele não é.
Com isso, eu simplesmente passei a tratar Tarvos O'Donnel como um cliente qualquer do café, ou ate menos que isso e, ignorando completamente as reclamações e provocações que hora ou outra ele fazia em relação ao café que eu preparava. Fora esses baixos, meu primeiro salário foi muito bem gasto, comprei talheres, um chuveiro elétrico e uma tv, o meu próximo investimento será em uma cama e um armário. Desde que me mudei, minhas roupas ainda estão nas malas, as poucas coisas que trouxe comigo ainda estão embaladas nas caixas esperando para eu organizá-las.
Aquele sábado eu estava disposta a sair e comprar roupas. Levantei mais cedo, tomei um bom banho, escolhi um vestido leve e confortável, passei algumas camadas de rímel e um batom coral. Apanhei minha bolsa sobre a cama e peguei o autocarro para o centro comercial.
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INDOMÁVEL TARVOS - O'Donnel Family Vol. 2
ChickLitHomem de negócios, solitário, arrogante e cruel definem bem Tarvos Trigaranus O'Donnel. A forma dura como o destino o moldou, as brigas, desentendimentos e desprezo familiar, criaram em Tarvos uma armadura fria e quase impenetrável. Como um furacão...