Marcas

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 Cuidado, foi só o que deu para ouvir, depois completo silencio, silencio gélido. Julie abre devagar os olhos, e só o que vê é borrões, a sua visão está embaçada. Mas a sua cabeça doía, certamente bateu a cabeça em algum lugar, porem não se lembrava aonde e nem quando. A sua visão começa a melhorar, e ela consegue perceber a presença de um estranho, e que também estava em um lugar estranho. O que teria acontecido? O Homem se move e vai até a sua direção, Julie fecha os olhos assustada. Mas ele nem encosta nela. E então ela pergunta:

− O que você quer? Quem é você?

Ele não respondeu, apenas foi até a janela. E esse silencio a deixava mais tensa e com varias perguntas na cabeça. Depois de um tempo ele respondeu. Respirou fundo e falou: − Uma pergunta de cada vez, está bom? − Ele parecia tenso,como se fosse um crime responder aquelas perguntas, Julie só conseguia pensar em coisas ruins.

− Eu sou John, e salvei a sua vida.

Como assim ele havia salvado a vida dela? Então ele era um herói e não um criminoso? Julie não estava entendendo mais nada e a sua cabeça ainda doía muito. Ela levou a mão até onde doía com cara de dor. Mas antes que perguntasse o que tinha acontecido, ele respondeu como se tivesse lido os seus pensamentos.

− Você bateu a cabeça quando estava no beco, por isso dói.

− Como? por quê? 

− Você estava andando por um beco próximo daqui de casa, eu estava por perto e escutei gritos, quando chego lá, tinha um cara tentando te agarrar, comecei a bater nele e ele te empurrou com força, fazendo com que você batesse a cabeça com muita brutalidade. Não se lembra? − Ele falou com cara de tristeza, como se aquilo importasse.

− Não, não detalhadamente, está tudo uma bagunça aqui. − Ela apontou para a cabeça. Mas porque fez isso? Digo, me salvou?

Ele engoliu em seco antes de responder, talvez estivesse pensando na resposta. – Eu sei o que é ser obrigado a fazer algo que não estamos muito afim.

− Porque me trouxe até aqui?

− Não sabia para onde te levar, você me parecia tão frágil. Falou sem emoção.

O John parecia o homem mais infeliz do mundo, vivia naquela casa minúscula e solitária, ele era o homem mais triste que Julie chegou a conhecer. Solidão trasbordava de seus olhos. Ele era triste, sozinho, mas um grande homem. O homem que tinha acabado de salvar sua vida.

− Olha, eu não te conheço, não sei nada sobre você mas queria agradecer por salvar a minha vida, Obrigada.

Ele sorriu, pela primeira vez ele havia sorrido. – Espere. − Falou enquanto a Julie se direcionava a porta.

− O que?

− Você não me disse o seu nome.

− Julie.

Ele a olhou bem nos olhos e sorriu mais uma vez, e ela sorriu de volta. Alguma coisa fazia com que ela sentisse que precisava ficar mais um pouco, conversar um pouco mais com aquele homem. Talvez as lembranças de ter tido companhia enquanto estava internada e quase sempre não se sentia bem, lembrou dos amigos, e lembrou-se de como era boa em ser amiga. E então ficou.

− Por que não foi embora?

− Poderia, mas sinto que não seria uma coisa muito certa. Não quer conversar, é isso? − Falou sorrindo.

− Seria uma ótima idéia. − Ele respondeu sorrindo também.

− Então, me fale um pouco de você, senhor John.

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