høur ø1

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"A vida é como um elevador. No seu caminho para cima, às vezes você tem que parar para deixar algumas pessoas saírem"
ABDELNØUR, ZIAD K.

•••
"O-o que?" Harper perguntou, meio incerta, enquanto a garota emo gótica se sentava no chão do elevador sem nenhuma cerimônia. "Como assim estamos presas?"

A garota revirou os olhos, claramente irritada. Harper não pode deixar de notar que seus olhos eram de um azul elétrico, azul piscina, azul águas caribenhas, azul tudo que podia se dizer lindo, que contrastava claramente com suas roupas escuras e metálicas e lápis de olho negro. "Ótimo, to trancada nessa joça com uma estressadinha..."

Harper queria bater na garota, mesmo sabendo que provavelmente acabaria no chão em menos de um minuto. A menina emo poderia ser mais baixa, mas com certeza tinha mais força também. "Desculpa se não considero ficar presa em um elevador a melhor coisa no momento, querida!"

"Como se eu quisesse estar aqui também, né!"

Harper respirou fundo, tentando não se exaltar com a menina de olhos azuis. Ela era pacífica, ela iria manter a calma. "Você está certa, me exaltei um pouco... Eu só..." Ela se sentiu ao lado contrário do elevador, pensando. "Devem nos tirar daqui a pouco e- "

"Não vão não." A garota respondeu, certeira.

"Como você tem tanta certeza?" Harper inquiriu, inquieta.

"Porque acabou a luz na cidade toda." A menina gótica respondeu sem rodeios. Vendo que Harper ainda aparecia confusa, continuou. "A tal crise energética? Que o Primeiro Ministro não sabe resolver? Não? Nada?" Por fim, revirou os olhos azuis. "Basicamente, esse deve ser o primeiro apagão do verão. Dou um chute de 5 horas de duração."

Harper perdeu a respiração de nervosismo. "Cinco horas?!"

A garota de cabelo liso nem se deu ao trabalho de tentar acalmar a outra. "Sim. Então, vai se aconchegando aí que vai durar. Espero que tenha ido ao banheiro..."

Harper encostou as costas nas paredes frias, metálicas do elevador, fechando os olhos por um momento. Ela não podia acreditar que estaria com as amigas se tivesse saído um pouco mais cedo de casa. Ela não podia acreditar que estava presa no elevador. Ela não podia acreditar que iria ficar trancafiada com uma menina arrogante por mais de cinco horas.

Então lembrou das amigas e em um momento de euforia, pegou no celular.

"Nem adianta. Sem sinal." A outra menina disse monotonamente.

Harper arfou, um tanto frustrada. O elevador já começava a ficar abafado. "Como você sabe que vão ser cinco horas realmente?"

De novo, parecia que ela estava realmente entediada e faria de tudo para não estar ali, trancada com uma menina tão simplória como Harper. "Porque eu assisto ao jornal, oras."

Harper ficou meio surpresa que assistisse o jornal, por causa da idade e seu estilo de roupas, já que passava a aura mais o "foda-se o governo" que "vamos ver o jornal das 10", mas deu de ombros, tirando sua jaqueta, já que o ar começava a ficar mais abafado. Já tinham se passado dez minutos desde que o elevador tinha parado. A outra menina estava ouvindo música, então Harper decidiu tentar se ocupar também.

Porém não tinha nenhum livro, e seu celular velho não tinha música. Resolveu então, perturbar a garota.

"Qual seu nome?"

"Lou."

"Só Lou?"

"Só Lou." A garota respondeu, estoicamente. Não parecia muito afim de trocar informações com Harper, mas nem por isso a garota de cabelos cacheados desistiu.

"Eu sou a Harper. Prazer."

Lou acenou com a cabeça, se mantendo calada. Assim se passaram 20 minutos naquele elevador metálico e um tanto abafado. Um silêncio mortal por parte de ambas meninas, de mesma idade, morando no mesmo prédio, mas completas estranhas.

Até que uma das meninas gritou em desespero. Lou olhava para o celular um tanto desesperada, como se a luz da sua vida estivesse morrendo. E talvez estivesse mesmo.

"Não, não, não!" Ela repetia, clicando incessantemente no celular, que não exibia mais luz em sua tela. "Sabia que deveria ter carregado essa porra antes de sair de casa! Caceta."

Ela jogou o celular para longe dela, para o outro lado do elevador, causando um grande barulho que assustou um pouco Harper. A garota de olhos verdes achou melhor permanecer calada sob tais circunstâncias.

Lou ficou olhando raivosamente para o celular do outro lado da porta, como se aquele pequeno objeto fosse tão amado e tão odiado ao mesmo tempo.

"Caralho, por que tudo tem que dar errado na minha vida?!" Lou perguntou, um pouco exasperada.

Lou sabia que era uma pergunta retórica. Harper sabia que era uma pergunta retórica. Todos sabia que era uma pergunta retórica. No entanto, mesmo assim, foi respondida.

"Tenho certeza que isso não é verdade, então não diga isso." Harper respondeu, fazendo a atenção de Lou focar nela. Ela tentou não se encolher com a repentina atenção da gotica sob si.

"Como tem tanta certeza?"

Harper pigarreou. "Estamos somente em um elevador... Poderíamos estar no meio de uma cirurgia ou algo pior..."

Os olhos de Lou se esbugalharam. "Ah, e saber que tem pessoas no meio de cirurgias no momento deveria me fazer ficar melhor? Muito obrigada, Harper!"

Harper sabia que Lou estava sendo passiva agressiva para distanciar uma da outra e, geralmente, a menina iria desistir de se aproximar da pessoa se a tratasse assim. Porém algo em Lou a chamava atenção. Algo na garota gotica de cabelos lisos e olhos azuis era um mistério para Harper e ela tinha que resolvê-lo.

"Não é isso, Lou, e você sabe disso. Só não vejo necessidade de você odiar sua vida. Poderia estar aqui sozinha, sem mim... Imagina só!"

Lou revirou os olhos novamente, como de praxe. "Eu imagino sim, mais que você pensa..."

Harper ficou um pouco ofendida. Ela também não gostava da companhia de Lou mas vendo agora, notou que estaria completamente desesperada se estivesse sozinha, com seu celular sem sinal, sua bolsa de caminhada e roupas da adidas.

"Olha, Lou... Você parece uma pessoa bem fechada, e me desculpe por querer me intrometer na sua vida." Ela falou aos poucos, baixinho. "Mas iremos passar mais 4 horas e 15 minutos juntas, então acho legal ou nos tratarmos cordialmente ou pararmos de nos falar. Alguma hora vamos nos estressar, e precisar uma da outra. Então, mantenha seus segredos. Só não seja rude, por favor."

Por um momento, parecia que Lou ia largar a armadura. Parecia que ia deixar a máscara cair e iria parar de ser tão fechada e rude. O momento só durou até o aceno de cabeça concordando, porque Lou fechou os olhos e encostou a cabeça na parede de ferro.

"Escolho a opção de não se falar. Me acorde quando tudo isso acabar."
•••

e aí? que estão achando? comentem, por favor!

IMPORTANTE!
vou tirar um hiatus de duas semanas, então talvez outra pessoa atualize por mim enquanto isso! não se preocupem, vou arranjar alguma maneira de atualizar isso sim!
adoro vocês!
manu

elevator stories ⚢ fem!ls ❂ √Onde histórias criam vida. Descubra agora