1 2 3 e... Noah!

Capítulo 1 - Noah!

Novamente a mesma cena aterrorizante de sempre se repete na tarde de hoje, a merda do meu Wi-Fi resolveu brincar com minha cara novamente, me deixando um tanto aflito e até mesmo, apavorado, ele deu pane mais uma vez pra variar. Você sabia que neste exato momento às três horas da tarde, minha alma gêmea pode estar me mandando uma solicitação no Facebook, pedindo pra me seguir no Instagram ou Twitter e até mesmo mandando aquela mensagem "Oi, manda uma foto?" nos vários aplicativos de encontros Gays? venho instalando no meu celular desde os meus 16 anos de idade, quando a puta da Nicole resolveu me assumir pra escola toda porque seu "namoradinho", típico jogador de futebol estava me dando mole no dia da discussão em grupo na sala do professor Henri (Pai da Nicole) na qual ela fazia uma palestra para as pobres garotas gordas e invisíveis do CCP com o tema: "Quero ser como a Nicole daqui a seis meses" um tanto egocêntrico da parte dela, mas enfim, não estou aqui pra falar dessa bitch narcisista, pelo menos não por enquanto. Voltando ao meu drama, eu poderia neste exato momento estar marcando vários encontros pra amanhã, depois de amanhã, ou depois de depois de amanhã... Gente! Sexta-feira! dia de sair e se divertir com os amigos, ou marcar aquele encontro super romântico com a minha tão esperada alma gêmea, que vai vir um dia, eu sei que vai.

Oi, meu nome é Noah Mason, é, que mãe em seu estado de plena consciência colocaria o nome do seu filho de Noah, até porque isso está mais para um apelido, me pergunto isso às vezes. Tenho dezoito anos de idade e moro em São Paulo. Devido ao trabalho da minha mãe tivemos que nos mudar de Belo Horizonte, talvez eu tivesse um ano ou menos quando tivemos que sair de lá, então não faço a mínima ideia de como foi morar naquela cidade. Estudo no CCP, uma escola como qualquer outra, formada por vários grupinhos de alunos, como todo Ensino Médio. Sofro de S.M.E, Síndrome do Medo de Morrer Encalhado, um tanto escroto, eu sei. Não tenho tantos amigos como gostaria e o lance de sair na sexta à noite é pura ilusão da cabeça de um jovem que passa suas sextas-feiras na frente de um computador, assistindo seriados e mastigando o bocal da caneta que fica em cima da escrivaninha junto com meu caderno de anotações, para o caso de algum número desconhecido me ligar e me chamar para ir a algum encontro romântico. Tenho poucos amigos, como fico vegetando na frente do meu computador, a maioria é online, a não ser as loucas da Lisie e Marcy, uma alérgica a flores e outra que morre de medo de ursos de pelúcia, Marcy ficou de me contar essa história dos ursos no verão passado e até hoje nada.

Moro com minha mãe e irmã... ai meu Deus! meu celular acaba de vibrar aqui, só um minuto. Alma gêmea aí vou eu!

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Mais um lindo SMS da minha tão amada operadora, que insiste em se tornar minha alma gêmea, até que ela é legal, ao menos nunca se esquece de mim e me manda uns mil torpedos todos os dias, tá, exagerei um pouquinho, mas só um pouquinho.

-NOOOOOOOOOOOOOAHHHHHHHHHHH !

E essa é minha mãe, ou também conhecida como "despertador matinal", uma mulher de 35 anos, formada em nutrição. Trabalha na Cnutrition, não entendo o motivo que leva as pessoas a colocarem quase sempre nomes em inglês nessas clinicas. Ela trabalha com o Carlos, um grande amigo da nossa família que tem nos ajudado muito desde a morte do meu pai, inclusive foi ele quem a sugeriu para esse novo trabalho. Estudaram na mesma Universidade e se formaram na mesma época, quando as amigas dela vem aos finais de semana, sempre conversam assuntos dos tempos de escola e vez ou outra o nome do Carlos está no meio dos assuntos, na última vez que elas vieram para o encontro que costumam chamar de "encontro das amigas para sempre" meio cafona, só falta criarem uma camiseta e uma caneca com essa frase pra completar a cafonice, mas voltando, o tal encontro acontece entre os finais de semana, mas o fato é que eu ouvi a Rubi comentando que o Carlos, desde criança, sempre foi apaixonado por minha mãe e que isso sempre foi muito claro pra todas elas, apesar de que ele nunca tenha comentado isso com ninguém, ele faz o tipo "tímido-bestão", o que talvez pode ser até fofo, mas não tão quando se trata de mais de 20 anos de um possível romance secreto que ele guarda só pra ele, aí entra a parte do "bestão", o máximo que minha mãe poderia fazer com o senhor "timido-bestão" era dar a mesma e velha desculpa de sempre, de que não pode entrar em um relacionamento porque está muito ocupada se dedicando aos filhos e ao trabalho na Cnutrition.