Te Amo Por Acaso

Quando eu te conheci.

- Ai meu Deus, ai meu Deus, ai meu Deus... - estava correndo e torpeçando e esbarrando em quem tivesse a frente. - com licenca moça - passei esbarrando em uma mulher. - DESCULPA. - Gritei. A minha intençao era pegar o onibus a tempo, obvio nao foi o que aconteceu. Voltei pro balcão das passagens.

- Próximo. - era a mesma atendente. Negra e com os olhos arregalados. Tao linda e sorridente - Desculpe senhor mas aquele era o ultimo de hoje, você pode trocar. O próximo onibus sai as 00:15 am - olhei no relogio 22:04. O que faria? As pessoas atras de mim ja estavam ficando impacientes. Por fim me decidi.

- Tudo bem, eu vou aguardar. - a atendente me entregou o bilhete da passagem.

Estava acabado. Literalmente. Ao pe da letra. Meu reflexo no espelho sujo da rodoviaria não negava. Cabelos bagunçados, barba por fazer, olheiras fundas parecia que tinha passado um caminhão em cima de mim. Alguns fios do meu cabelo soltaram-se em minhas maos. Tao perceptiveis e negros. Olho no relogio e nao se passaram nem 5 minutos. Sentei-me proximo ao banheiro, coloquei meus fones e fiquei observando as pessoas andarem apressadas na rodoviária. Ao longe proximo a bancada de cachorro quente uma criança estava jogada no chao fazendo birra e a mae ao telefone. Proximo a loja de presentes dois adolescentes olhando bichinhos de pelúcia. E na minha frente uma criança virada para tras e encarando-me com o dedo cutucando o nariz, ao seu lado um senhor ja a uma certa idade despreocupado tentando ler jornal no artigo de esportes. E ao meu lado um jovem com um livro nas maos e comendo batata do tipo chips, dedos oleosos e cheiro de salsa e cebola artificial, quase ritimado o jovem toma seu refrigerante. SE MATANDO, pensei comigo. Engordei so de ver.

Alguns minutos se passaram desde entao e minha barriga roncava, Dirigi-me a lanchonete da rodoviaria fiz meu pedido e fiz minha refeiçao. Esperei sentado na mesa 00:00 am.

- Plataforma 34, poltrona 26. Plataforma 34, poltrona 26. Plataforma 34, poltrona 26. - Repetia quase num sussurro.

Finalmente Sentei-me, minha poltrona era confortavel. Seria uma longa viagem. O destino era Belo Horizonte. O ar estava muito frio entao coloquei minha jaqueta. Procurava meus fones de ouvido logo cutucaram-me. Assustei.

- Oi, desculpa. Sera que nao tem como trocar de poltrona comigo? - ja tinha me acomodado. - Nao consegui comprar junto com meu filho. A viagem é longa nao queria que ficasse sozinho. - assenti. Seus olhos eram penetrantes eu odiava isso em alguem. Sao persoasivos.

Tudo bem. - Respondi. - so vou pegar as minhas coisas. Qual é a dele?

35. - respondeu a senhora de cabelos longos e loiros. Obvio eram tingidos. Natava-se.

Tudo bem. - troquei meu lugar. Era proximo ao banheiro e entao sentei-me.

- Com licença. - o garoto das batatas. O reconheci. - a minha é aqui. - disse conferindo o bilhete de passagem. Seus cabelos eram cacheados e castanhos claros aparentava ter aproximadamente 22 anos. Era realmente bonito. Mas com habitos horriveis. Abri passagem ele abaixou-se para agarrar a mochila e pude sentir seu hálito de salsa e cebola. Seu rosto era de uma forma angelical. Parecia retirado de um filme adolescente. - Voce tem horas? - perguntou - ativei meu celular.

- 00:13am - respondi.

- Aqui faz frio ne? - falando em tempo. Um otimo assunto pra se começar, pensei, Ainda mais com esse bafo de batata. pra ajudar o sujeito abre um chocolate qualquer.

- Muito. - respondi. Desbloqueio meu celular e começo a mandar mensagem. O onibus decide sair, há tempos que estou atrasado. O garoto calou-se. Pegou seu livro. Logo o sono veio e perdi-me nas conversas do whatsapp.

"BRAMM" "trunk"

Acordei com o barulho da porta do banheiro. Olhei no relógio, 02:27am. O céu estava negro. O garoto na janela respirava fundo. Em um tranco do onibus em um buraco meu celular cai para debaixo do assento da frente. Involuntariamente comecei a passar a mao no chao do onibus pra tentar pegar. O garoto acabou acordando. O onibus deu um tranco e eu bati a cabeça. Começou a rir. Tentou me ajudar e batemos a cabeça um no outro.

Nao tem graça. - Ri - Desculpa, não queria te acordar. - o garoto me encarou bocejando. Me perdi em seus olhos eram de um castanho claro e hipnotizantes.

- Relaxa, não foi nada. - ele sorriu. O silencio ficou constrangedor. Ee eu olhando fixamente em seus olhos - Entao.. O que vai fazer em BH? - disse o garoto enquanto entregava meu telefone.

- Trabalho. Tenho uma mega entrevista. Se tudo der certo. - O garoto sorriu. E você?

- Ver a familia. - Pareceu um tanto triste. - faz cinco meses que não os vejo. To voltando pra casa. - um sorriso bobo apareceu em seu rosto.
- Voltando pra casa? - perguntei e ele assentiu.
- Me mudei pra fazer faculdade. - Bocejou e falou com voz de sono - Psicologia.

- Ah sim. Sou Felipe. - estendi a minha mão em sua direção. E ele fez o mesmo.

Rafael. - respondeu o garoto sorrindo.