Oito Em Ponto

capítulo 3

Cheguei a casa já passavam das oito da noite, não comi nada o dia todo mas continuo sem fome.
Olho para a cozinha e o meu pai e os meus irmãos mais novos estão a jantar, não lhes digo nada apenas subo para o meu quarto e agradeço pelo o meu pai não me ter seguido.

Tive muito tempo ao pé da campa da minha mãe a chorar, chorei tanto que já nem tenho lágrimas. Mas o nó na garganta e a dor no peito esses não foram embora. Gostava de ter alguém para desabafar agora mas também não sei se seria capaz de dizer alguma coisa. Apenas queria um amigo para me abraçar e ficarmos aqui mesmo sem falar.

Olho a minha volta e sinto-me mais sozinha. Então decido ligar para a minha única amiga só para ouvir a sua voz. Como esperado atende ao 2 toque.

-Jenni, olá que saudades..

-Oi, também tenho muitas saudades..- respondi com a voz a tremer. Afinal as lágrimas não secaram por completo.
-Que Se passa Jenni? Não me digas que logo no primeiro dia de aulas já gozaram contigo?- apenas obteve um silêncio da minha parte como resposta logo percebendo que não estou bem.

-Jenni quem me dera estar aí para te consolar. Tenho a certeza que vais ultrapassar isso tudo e ainda vais pisar todos os que gozam contigo agora.. Desculpa Jenni mas tenho de ir jantar. Amanhã falamos por chamada e anima-te por favor. Se não vou ter de ir aí e não vai ser bonito para aqueles burros. Adoro-te.

-Adoro-te..- disse e desliguei a chamada. Amanhã é mais um dia. Mais um daqueles dias em que me aptece morrer. Em que preciso da minha mãe. Talvez se mudasse de escola as coisas mudassem. Apenas quero ser normal. Apenas quero que as pessoas não reparam em mim. Isso já me fazia feliz.

Pego no meu pijama e vou para a casa-de-banho para tomar um duche. Aqueço a água e rapidamente me coloco debaixo da mesma. Sabe bem e relaxa-me. E fico ali a pensar na minha vida. Amanhã é terça e prometi a minha irmã que a levava ao shopping mas não sei se vou ter coragem. Só não quero que ela passe pelo mesmo que eu.

Deito-me na minha cama e demoro a adormecer. O sono não chega, só chegam as memórias. Não minha cabeça repete-se várias vezes as palavras proferidas por aquele rapaz "a tua mãe não te deu educação? ".

-Quem me dera que ela pudesse estar cá para ma dar..- sussurro para mim mesma e deixo uma lágrima escorrer-me pela cara enquanto adormeço.