CAPÍTULO 02

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"Only fools fall for you."

Alex narrando

Foi preciso de dois seguranças para que eu pudesse apenas sair do hotel em direção ao carro. Fotógrafos e fãs se misturavam na calçada. Tomei alguns segundos para conceder fotos e autógrafos rápidos antes de adentrar o veículo.

- Podemos ir. – disse ao motorista, fechando a porta e abafando o som da gritaria.

Junto a mim estava Phillip – amigo, produtor e assessor de imprensa. Há um mês já estávamos andando para todos os lados sem a equipe completa. Mesmo com o fim previsto da turnê, sentia falta da banda ou, pelo menos, do meu sossego. Não tive se quer um dia de folga. Com o lançamento do último álbum no ano passado, todos os shows e eventos, mal pude desfrutar da minha própria casa. O estresse que eu sentia era fora de escala.

- Vamos repassar algumas coisas?

- Como quiser, Phil. – respondi olhando pela janela, não muito interessado. Sempre me esquecia das regras, de qualquer forma.

- Vou pedir que faça o mínimo de loucuras a partir de agora, tudo bem? Assinamos um contrato importantíssimo, e perderemos muito dinheiro se as coisas não saírem como o planejado. Quando você já estiver dentro do programa, não poderei ter tanta cobertura sobre seus passos.

- Essa é nova.

- Eu já te disso isso antes.

- Ah, é. – fingi entendimento. Talvez fosse bom não ter Phill nas minhas costas com tanta frequência.

- Enfim, você terá seguranças ao seu dispor e assistentes o tempo todo. Isso faz parte do contrato. Não se esqueça de que será um programa transmitido em rede internacional, Alex. Sua imagem vai valer ouro. Mais do que nunca.

- É. Você costuma dizer isso.

O tempo todo Phillip fazia seu discurso sobre o quão importante era minha imagem e quanto dinheiro faríamos com qualquer coisa. Já não sabia se aquilo me estimulava ou irritava.

- Você não está levando isso a sério, não é? Já não bastam todas as merdas que fez nos últimos anos e eu tendo que cobrir seus rastros? Não seja burro.

- Ok, Phill. Eu já entendi. Tentarei me controlar o máximo possível. Agora se não se incomoda, poderia ficar em silêncio até chegarmos lá?

Phill obedeceu, dando-me a glória de ter sua boca fechada por alguns minutos. A verdade era que eu estava pouco me importando com esse maldito reality show. Mesmo tendo, agora, produtores que me davam considerável liberdade sobre minhas próprias decisões, ainda assim era sufocante. O contrato caríssimo desse programa trouxe a minha vida uma nova burocracia da qual eu já não gostava, mas precisava aceitar a favor da minha carreira e equipe.

Cantar com amadores desconhecidos. De onde tiraram essa ideia? Quem garantia o sucesso? Sem contar que me afastaria de férias por mais um longo período. Pelo menos, em meus próprios shows sentia-me livre para fazer o que bem entendesse, sem toda essa merda de regras em contratos. Minha prioridade era minha música e meus fãs, e nesse momento tudo me deixava irritado demais para pensar em algo bom.

- Chegamos. Vai ficar com a cara amarrada o dia inteiro? – perguntou Phillip antes de se mover.

- Claro que não. É por isso que fiz cinco anos de teatro. – respondi abrindo um sorriso claramente falso, mas que Phil teve que engolir.

Dessa vez, ao sairmos do carro, não precisamos lidar com fãs ou fotógrafos, já que estávamos no estacionamento do local. Saquei meu celular do bolso e postei a frase "Chegou a hora!" no Twitter. Recebi ordens para não divulgar especificamente em redes sociais ou entrevistas sobre minha participação no programa. Era um jogo de promoções que induziriam os fãs a assistirem ao show. Boa.

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⏰ Last updated: Jun 09, 2016 ⏰

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