1. O Acordo

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Klaus tivera muitos nomes ao longo dos anos, muitos títulos. Monstro era um dos mais frequentes antes de sentar no Trono e principalmente depois de fazê-lo.

Por mais de um milênio o vampiro, Rei de sua raça, conhecia apenas os prazeres do mundo e o poder, as perdas não mais lhe afetavam como nos dois primeiros séculos de vida e agora, conhecendo a imortalidade e reconhecendo o quão absurdamente forte ele era sua vida se tornou fácil, o luxo não lhe escapava pelos dedos e as noites acompanhado de uma ou mais mulheres era algo que ele conseguia sem esforço, embora estar acompanhado de belas damas não fosse exatamente seu passatempo favorito.

Luxo, poder, riqueza, vida eterna. Palavras que ele claramente sabia que o definiam e que fazia questão de mostrar que de fato o faziam. Mas havia uma a mais, que ele se orgulhava; crueldade.

                                                                                  (...)

500 Anos Atrás.

Naquele campo de batalha só restava um ser de pé. Todos sucumbiram diante do grandioso poder que ele carregava, todos aqueles cadáveres estavam de pé minutos antes, lutando contra a magia verde cintilante daquele que permanecia no centro daquele lugar.

Era como uma muralha que não cedia, não caía, e não importava quantos mais mandassem para destituí-lo do trono, tirá-lo de seu Império, o amaldiçoado era inabalável, uma verdadeira força da natureza.

Uma voz baixa, quase inaudível, soou no meio daqueles cadáveres e como um vulto, aquele que permanecia de pé estava frente ao sobrevivente daquele massacre. A visão do Feérico caído eram as botas metálicas da armadura daquele homem. Não. Não era um homem. Um dia foi, mas hoje era algo pior.

— Ratinho, Ratinho... — cantarolou ele, a voz ribombando como um trovão. — se fosse inteligente permaneceria quieto. Sua curiosidade em saber se eu já havia me retirado irá, finalmente, ceifar sua vida.

— Eu só... — ele tossiu sangue, sem conseguir se mover ou olhar para o rosto daquele ser. — Estava seguindo ordens.

— Como o bom soldadinho de chumbo que é, claramente. — ele riu e pisou na cabeça do jovem Feérico. — Como quer morrer?

Silêncio.

— Ora, vamos. Estou sendo generoso ao te deixar escolher como quer morrer. Qual maldição quer carregar até cair morto? — mesmo que não pudesse ver, o Feérico sabia que aquele ser sorria enquanto falava. — Temos a maldição da dança, que é boba mas engraçada, onde seus músculos irão explodir com o esforço repetitivo. Temos a maldição dos vermes, que surgirão a partir de suas genitais e o devorarão por dentro. Entre muitas outras interessantes. Ou posso simplesmente...

— Garganta. Corte minha garganta. — disse o Feérico, sabendo que não teria como fugir.

Uma risada baixa e satisfeita soou, então, o pé saiu de sua cabeça e a mão daquele ser lhe segurou pelo queixo, fazendo-o erguer a face e os olhos para olhá-lo. Ele morreria sabendo que aquele foi o último rosto que viu. Levaria o recado para o submundo.

— Você é meio humano, olha só. — os olhos do não-mais-humano brilharam em vermelho. Ele respirou fundo e parecia se deliciar com cheiro. — Que cheiro interessante você tem. Seu sangue parece tão... doce. — ele sorriu e as presas se revelaram. — uma joia rara no meio de um monte de porcaria. Vou atender seu pedido, pequeno mestiço.

O Feérico arregalou os olhos quando a mão do ser, daquele vampiro, o puxou com tamanha força que achou que seu pescoço iria quebrar devido ao tranco. Então, tudo que sentiu foi algo rasgar sua garganta. Por puro reflexo, engasgando com o próprio sangue, seus olhos se guiaram para baixo onde viu um frasco recolhendo seu sangue.

Sob Sangue e Fúria (Duologia A Maldição, PAUSADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora