CONTRA O TEMPO

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Registrado na Fundação Biblioteca Nacional sob o número 507.259 Livro : 961 Folha : 23 CONTRA O TEMPO – Sylvius B. Black 1

CONTRA O TEMPO – Sylvius B. Black

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SYLVIUS B. BLACK

CONTRA O TEMPO 

Registrado na Fundação Biblioteca Nacional sob o número 507.259 Livro : 961 Folha : 23 CONTRA O TEMPO – Sylvius B. Black 3

Eu dedico este livro a Deus e a minha família!

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ÍNDICE PRIMEIRA PARTE SEGUNDA PARTE TERCEIRA PARTE EPÍLOGO FI M

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PRIMEIRA PARTE

PRÓLOGO

Uma fina garoa há uns tempos atrás, esfriaria seus pensamentos. Hipnotizado, ele olhava para o orvalho que se formava na relva daquela manhã. Tudo a sua volta estava de um branco angelical, a serração caia forte por todos os lados da Serra. Olhando dali de cima ele pôde sentir a força que a natureza exercia, uma queda ali seria morte instantânea e se não morresse do tombo, que mistérios a mata esconderia. Seus pensamentos estavam confusos, conflitantes, Raiva e frustração. Ali, no alto daquela Serra, por um momento ele sentiu uma paz encorajadora, um sentimento de vida, preenchia os vazios de seu ser. Era chegada à hora de entender os rumos de sua vida, a angústia em seu coração, ali, naquele momento, algo começou a dissipar-se, leve. Agora seus pensamentos pareciam querer tomar de volta a razão perdida. Ele se sentia em guerra, ansiando por um momento de paz, ansiava a guerra, mas queria a paz. Um momento de reflexão, um sentimento reflexivo, um lugar de decisão. Descer a Serra em busca de paz, rumar para o Norte. Voltar à cidade para seio da guerra, ir para o Sul, com esperança renovada, qual decisão seria justa neste momento? Qual decisão seria correta para seu coração? Ainda envolto em seus pensamentos, sem perceber seus pés se moveram, no começo lentamente, mas a velocidade e a determinação iam aumentando a cada novo passo. Ele rumava para o Norte. Agora, muito tempo depois, lá estava ele novamente, no mesmíssimo lugar, já não existia mais a garoa, apesar de ser o mesmo horário daqueles tempos atrás, havia ainda um pouco de serração. Mas agora seu olhar não captava mais aquela belíssima vegetação à sua frente, a paisagem mudara, como se um novo quadro tivesse substituído o anterior na parede. Sinal dos tempos, diriam uns, nem o orvalho reluzia mais como antes, apenas um brilho pálido, num verde descorado. Sentia-se em paz, CONTRA O TEMPO – Sylvius B. Black 7

mas queria a guerra, ansiava novamente por ela, para dar fim aquele ódio, que o estava consumindo por dentro, escravizando sua alma, agora, não mais funcionaria descer, rumar para o Norte, o monstro havia acordado novamente, uma fúria adormecida retornava, sem nem mesmo pestanejar, e ele rumou decidido para o Sul.

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CAPÍTULO 1 – PESCANDO EM TOCANTINS

Deitado na grama, o mundo parecia quase não girar, pássaros voavam, um canto nobre ecoava naquelas paragens, águas cristalinas, quase tocavam seus pés, aquele mundo girava preguiçoso ao seu redor, gostoso, quase, surreal. A deliciosa vida, em meio à natureza quase intocável, peixes maravilhosos corriam de encontro à correnteza, nada poderia deixar qualquer pessoa triste naquele lugar. Mas não era o caso de Danilo. A sensação de paraíso mal conseguia penetrar seus profundos pensamentos. Uma sensação de abandono impedia que ele sentisse verdadeiramente aquele maravilhoso lugar. Eram seus últimos dias de férias e, como acontece com quase todo mundo, só foi perceber que não havia aproveitado quase nada, praticamente no fim das férias, enrolara tanto, tentando escolher um local bem calmo que, no final das contas, acabara indo para onde sempre ia, quando arrumava uma folga. Tocantins, o Estado mais novo de seu país, mas um dos mais conhecidos por quem gosta de sentir a natureza de perto, bem de perto, ao seu redor. E como seu grande amigo Hans conseguira, a muito custo, ensinar-lhe, a verdadeira paixão, de uma boa pescaria. Mas apesar da calmaria e dos momentos sossegados que estava passando naquele momento, Danilo queria afastar aquela sensação de inexistência, que o perseguia há alguns anos, uma sensação de angústia silenciosa, que o devorava lentamente, sem que a solução se apresentasse para ele. Danilo sentia-se muito sozinho ultimamente e quando pensava estar vivendo alguma coisa real, descobria que o mundo havia mudado muito enquanto ele estava totalmente concentrado na academia, as garotas, as garotas de hoje, eram mais livres e não menos atiradas, sem um objetivo, sem alguma coisa mais séria do que se sentir donas do mundo. O progresso havia afetado de alguma forma as pessoas, que agora não queriam saber de compromisso sério de jeito nenhum, eram só baladas. Danilo se sentia muito antiquado e solitário, como uma peça de museu fora de lugar e pior que isso, era que a solidão não lhe dava nenhum descanso, mesmo ali em meio à natureza, Danilo sentia a solidão corroendo seu coração. E para fechar com chave de ouro, nem os peixes queriam saber dele, talvez por já ser quase meio dia ou porque o calor estava começando a ficar sufocante, a verdade era que os peixes passavam do lado de sua isca, às vezes esbarravam nela e não davam a mínima bola, como se comer fosse um gesto extremamente cansativo, cansativo demais. Danilo sentia uma preguiça enorme querer tomar conta de seu corpo, enquanto via passar tucunarés, dourados, curimbatas perto dele, sem se importar. Um sono leve foi tomando sua mente, ele sem perceber, caiu num sono delicioso. Ele podia ver os peixes saindo da água e vindo se deitar ao seu lado, com cores magníficas, lembrando um pequeno arco-íris que parecia fazer procissão ao seu redor, um desses peixes era mais bonito do que os outros, parecia ter cabelos ruivos e olhos castanhos, de corpo nu, vinha e voltava, como se dançasse para ele, ela fazia sinais, que ao primeiro momento ele não entendeu, mas ela continuava a sinalizar e gesticular com leveza, como uma deusa, sorrindo belíssima para ele. Danilo com dificuldade se levantou, mas em seguida se sentou novamente, parecia tão inebriado, mas a deusa parecia dizer para ele ir ao seu encontro. Danilo pareceu ouvir chamar: venha meu amor, venha conhecer meu mundo, venha, venha, venha... Com um esforço sobre CONTRA O TEMPO – Sylvius B. Black 9

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⏰ Última atualização: Nov 09, 2011 ⏰

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