Capítulo Três

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Pés, não me falhem agora

Me levem até a linha de chegada

Oh, meu coração, ele se parte a cada passo que dou....

Born To Die - Lana Del Rey



 Candice


          O estacionamento já está cheio, os grupinhos típicos já estão formados. Acho que não preciso dizer que nunca fui parte ativa de nenhum grupo, sempre quieta, sempre tímida e sempre focada nos meus estudos, as pessoas apenas reparavam em mim por dois motivos: Justin e meus pais.
          Justin sempre cuidou de mim, sempre ficou por perto e por fim eu era a típica namorada da estrela do nosso time, os demais me olhavam com piedade, a pobre órfã traumatizada, fui sequestrada com meus pais, mas no fim um dos sequestradores, uma mulher que não conseguiu carregar a culpa pela morte de uma criança acabou morrendo e com isso me salvando.
          Acionado o alarme do meu carro caminho para o prédio e consigo sorrir quando vejo meu único amigo no meio de mais de mil estudantes.
          — Lollypop! — Kenny grita enquanto vem sorridente me abraçar. Ele é o sonho de muitas meninas por aqui, o que me faz menos popular ainda, pois me consideram uma rival, mas entre nós nunca foi assim, com seus 1,80 de músculos magros e bem definidos, os olhos verdes como esmeraldas e o sorriso quase perfeito se não fosse uma leve falha nos caninos.
          Além de ser um dos melhores do time de futebol, já foi amigo de Justin, mas depois de tudo ele se tornou meu salvador.
          — Kentoy — sei que é bobo, mas ele parece mesmo um maldito boneco Ken, só menos afeminado. — Pronto pro ultimo ano veterano? — Ele se forma antes de mim, junto com Justin.

          Não sei o que será de mim para aguentar sozinha o tempo que faltará.

          — Pronto pra azarar as gatinhas, ir a mais festas que a Paris Hilton e finalmente me ver livre desse condado rumando direto pro frio londrino.
          Meu sorriso se apaga quando recordo que ele fará faculdade em Oxford enquanto eu estarei trocando fraldas e passando noites em claro, estou perdida em pensamentos quando ele ajoelha-se a minha frente e começa a falar com a minha barriga, a cena me faz sorrir novamente.
          — Hei garotão, tudo certo aí na terra bonita que sua mãe é por dentro? Aproveita a estadia porque daqui a pouco você vai estar aqui fora e o tio Ken vai fazer um inferno de vida boa e diversão pra você. — ele diz e em seguida beija minha barriga quando eu sinto na pele sua presença antes do grito que ele dá.
          — Que porra é essa, Kenny! — Justin está há poucos passos do seu armário quando o fecha com força e vem em nossa direção. — Tira à porra das mãos do meu filho caralho, você está maluco?
          Vejo a fúria que ele tenta controlar e falha miseravelmente, seus olhos azuis escuros se encontram com os meus e como sempre aquele contato me abala, Justin é um Quaterback de 1,90, seus cabelos castanhos tem aquele tipo de reflexo dourado quando o sol bate atrás dele, seu corpo é uma máquina de músculos definidos debaixo da camiseta branca e justa, seus jeans abraçam os músculos das suas coxas e só posso recordar quão bem sua bunda fica naquelas calças. Desvio o olhar e sacudo a cabeça para desviar esses pensamentos, ele não é mais meu, mesmo que meus hormônios gritem desesperados por ele.
          — Cara dá um tempo, se alguém tem que reclamar ou se sentir incomodada com meu toque é a Candy. — Kenny fala calmamente enquanto segura minha mão e começa me puxar em direção aos nossos armários, somos impedidos por Justin que me segura o pulso, baixo o olhar para a mão dele e reúno coragem para falar.
          — Tira suas mãos de mim, não sei qual puta você estava na sua cama hoje e não quero correr o risco de pegar nenhuma doença venérea vinda de você e da sua legião de fãs. — falo friamente. — E porque se incomoda com quem me toca? Pelo seu conceito e dos seus amigos eu sou apenas uma puta qualquer, não é?
          Ele me olha espantado, em três meses é a primeira vez que dirijo a palavra a ele. Sua mão solta meu pulso imediatamente e ele dá um passo para trás antes de nos virar as costas e sair pela primeira vez totalmente sem palavras.
          Kenny sorri tristemente quando olha em meus olhos que já formam lágrimas e caminha comigo até a porta do banheiro, ele sabe que precisarei de alguns minutos antes de irmos para a aula.
          Tomando respirações profundas eu lavo meu rosto, me olhando no espelho já vejo que meus olhos começaram a ficar vermelhos e meu nariz segue o mesmo caminho, abro minha bolsa e pego um corretivo tentando ajeitar minha aparência, antes de começar um dos reservados se abre e revelam Penélope que sorri quando me vê.
          — Ora, ora, ora... Se não é a mãe do bastardinho, como estão as estrias querida? — Ela fala sorrindo e de forma sarcástica, continuo ignorando-a e começo a sair do banheiro quando ela puxa meu cabelo. — Mais uma loira diferente saiu lá de casa hoje, não sei o que ele vê em loiras quando provou da morena aqui. — Ela solta meu cabelo e não espera que eu reaja, mas hoje ela me pegou em um péssimo dia, pois não esperava o tapa que a fez cambalear para trás.
          — Nunca mais me toque a próxima vez que chegar perto de mim ou do meu filho você ira responder ao meu advogado.
          Com isso saio do banheiro e puxo Kenny comigo que me segue sem entender o que está acontecendo.

Porque Não Posso Te EsquecerOnde histórias criam vida. Descubra agora