Prólogo - Cor.

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Cor (ô) sf

1. Sensação que a luz provoca no órgão de visão humana, e que depende, primordialmente, do comprimento de onda das radiações. [Contrapõe-se ao branco, que é a síntese das radiações, e ao preto, que é a ausência de cor.]

2. Qualquer cor, exceto o branco, o preto, e o cinzento.

3. V. Coloração.

4. Qualquer matéria corante.

5. O colorido da pele, especialmente das faces.

*****

13 de Setembro

Havia balões. uma mesa de doces e um palhaço para animar a festa. Os seus amigos também estavam ali, corriam e gritavam por todo o jardim.

Ele se sentia curioso quanto àquela interação estranha na casa ao lado. Nunca havia tido uma em seu próprio jardim.

É de fato que ele sabia que naquele dia ele completava quinze anos de vida, mas também sabia que sua família não comemora aniversários.

Sua mãe carregava o bebê nos braços, sua irmã mais nova, na qual Niall era proibido de ter contato. Os pais de Niall diziam que ele era uma maldição, um castigo de Deus por seus pecados. Niall não entendia muito bem, ele não era muito diferente do seu irmão mais velho, Greg.

Ambos tinham a mesma estatura, porém Niall aparentava ser menor por causa de seu peso relativamente baixo da média. Ele não comia muitas vezes ao dia, apenas um desjejum e uma janta, eram tudo o que ele recebia para se manter.

Greg era bonito, forte, com um cabelo bonito e olhos brilhantes. Niall era o oposto, de aparência tão fraca e quebradiça, cabelo sujo, pois ele também não recebia banhos com muita frequência, e os olhos não tinham vida.

Os pais de Niall tinham boas condições, moravam em um bairro de classe média e transpareciam uma família cristã normal.

Tanto Greg quanto Niall frequentavam o colégio, Greg apenas uma classe à frente de de Niall.

Todos os domingos iam à igreja, ajoelhavam-se e rezavam.

Niall não gostava da igreja.

Niall não gostava de rezar.

E principalmente.

Niall não gostava do padre e das tantas horas que ele era mantido em uma pequena sala com ele, para "pagar seus pecados"

*****

A mãe de Niall ainda carregava o bebê pela sala, cantava uma canção bonita, que Niall particularmente havia apreciado.

Niall não via as cores.

Ele enxergava os traços, como se tudo fosse um grande desenho em uma Folha em branco.

Ele sabia diferenciar o preto do branco, porque eram apenas as duas coisas que ele tinha.

De fato, ele não era o único assim. Uma boa parte dos seres humanos nasciam assim.

As cores só se mostravam para os puros de coração, para os que encontram sua razão. Seu amor verdadeiro. A metade de sua alma que estava com suas cores.

Niall estava sem suas cores, mas ele também carregava algo de seu amor consigo.

O pecado de Niall era ter nascido com o nome de seu amor no lado esquerdo do seu peito. Como uma cicatriz. Uma marca de nascença.

Cores ↳ Ziall versionOnde histórias criam vida. Descubra agora