Capítulo um

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PARTE UM - OLÍVIA

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APENAS AMOSTRA

Esse era para ser um dos dias mais felizes da minha vida e, vejam só, está sendo um dos piores. E o que não ajuda em nada é a minha plena consciência de que ninguém devia ter que decidir entre duas (ou, no meu caso, mais) pessoas a quem ama.

Sinto-me encurralada, ou sei lá, perdida em uma espécie de rua bifurcada, onde tenho que escolher entre minhas amigas e o cara que eu amo, tudo isso sabendo que, não importa qual seja o desdobramento da história, aquele que não for escolhido já era. Para sempre.

É ridículo.

Kênia e Dalila são minhas melhores amigas há catorze anos, mas isso não dá a elas o direito de implicarem com o homem que escolhi para me casar. Pelo menos não em voz alta.

Estamos no que era para ser a comemoração do meu noivado há quarenta minutos e elas não desistem de tentar me convencer a voltar atrás.

E o pior é que eu simplesmente não consigo encontrar uma maneira de dizer que isso não é o que se espera de melhores amigas. De melhores amigas esperamos apoio incondicional.

− Oli, claro que ficaremos do seu lado − Kênia suspira, jogando sua franja vermelho-sangue para trás. − Não importa qual seja sua decisão.

Qual "seja" minha decisão?

Tenho vontade de gritar com ela à plenos pulmões as palavras que me vêm na cabeça: Já tomei minha decisão!!!

Mas tudo que consigo fazer é emitir um som qualquer pelo nariz. Uma mistura homogênea de riso e bufada, especialmente porque oralizar meus pensamentos seria pura redundância.

Eu não vou voltar atrás, e ela devia saber disso, a julgar pelo extraordinário anel no meu dedo.

− Isso acaba aqui – digo, severa.

E, afinal, não foi tão difícil quanto eu imaginava finalmente dizer alguma coisa.

− Isso o quê? − Kênia pula e, em seus olhos, vejo um lampejo de esperança. Ela toma, num só gole, sua cerveja, forçando-me a lembrar do quanto somos diferentes.

Franzo o cenho.

− Esta conversa! – Praticamente brado, indignada.

O que ela achou que fosse? Meu noivado?

Oli, querida − Dalila finalmente se pronuncia. − Não está fazendo isso pelos motivos errados?

− Mas o quê... − controlo a respiração, o intuito único é não explodir de vez. − Quais motivos "errados" seriam esses?

− Ah, querida... você sabe...

É inevitável soltar uma risada. Não que eu esteja achando graça, longe disso. Mas todo esse papo tem soado tão absurdo que o riso é tudo que me sobra para reagir.

− Você está falando de sexo? É disso que acha que se trata?

Então acontece. As duas se entreolham, o que as entrega.

Ah, mas é Claro! Sou a crente que vai se casar com o cara errado para dormir com ele, não é mesmo?

Nada. Nem uma palavra. Nenhuma contestação a respeito da minha indignação.

A Nossa Vez - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora