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   Eram seis e meia quando o alarme do meu celular despertou. Levantei e me vesti rapidamente, estava muito frio. Fui até a cozinha descalça, tive que voltar ao meu quarto para colocar minhas pantufas, como de costume, colocava os tênis apenas quando estava na hora de sair.
- Filha! Já levantou?! - perguntou minha mãe de seu quarto.
- Sim! - respondi.
Enchi metade de um copo de leite e coloquei café. Esquentei no microondas, assim podia me aquecer com o café quente.
Me sentei na mesinha que tinha na cozinha e tomei meu café calmamente. Comi apenas algumas bolachas pois não sentia fome pela manhã.
- Droga! - disse após derrubar o pote de bolachas no chão.
Juntei as bolachas do chão e coloquei fora, o que havia ficado dentro do pote, guardei.
Depois de escovar os dentes e fazer minha higiene pessoal, peguei minha mochila e meus tênis All-Star no quarto.
Quando finalmente terminei de calçar meus tênis e consegui colocar uma garrafa de água em minha mochila, fui até minha mãe para avisá-lá que estava saindo.
- Mãe, já estou indo - disse abrindo a porta do quarto.
- O.K. Beijo!
- Beijo! - disse fechando a porta e indo até a sala.
Quando estava quase saindo de casa, me lembrei de pegar meu trabalho de história. Fui correndo até meu quarto, peguei o trabalho e desci rapidamente as escadas do apartamento, a combi já devia estar me esperando. Fui até a entrada do meu prédio e como esperado, ela estava lá.
- Vamos, Ashley! - gritou o motorista.
- Estou indo! - disse correndo em sua direção.
A porta da combi já se encontrava aberta, entrei e me sentei ao lado de Katy, minha melhor amiga.
- Oi, menina. Achei que não viria na aula hoje - disse ela sorrindo.
- Não posso perder a apresentação do trabalho de história - disse mostrando o trabalho pra ela.
- Como eu queria conseguir fazer trabalhos bonitos como os seus. Olha o meu. Tenho que apresentar amanhã, mas entregar hoje - disse ela abrindo um papel que segurava.
- Está lindo! - disse.
   Ela apenas revirou os olhos e fechou o trabalho. Estava bonito mesmo, sou bem sincera em questão disso.
- Seu cabelo está bonito - disse ela pegando um dos meus cachos.
- Obrigado - disse envergonhada.
Ficamos em silêncio por um tempo e quando percebemos já estávamos na escola.
- Vem, Ashe - disse Katy me ajudando a descer.
   Bufei vendo o rosto de Scarlett.
- Ela veio? - perguntou Katy notando minha expressão.
- Veio - disse.
Eu não me dou bem com aquela garota desde o primeiro ano, ela me tratava como lixo, não só isso, como se acha a melhor de tudo (mas não é, não é mesmo).
- Não liga pra ela - disse Katy.
- Ela age como se fosse uma miss. Toda a escola gosta dela - disse.
- Coff... Ciúmes... Coff... - disse Katy fazendo tosses falsas.
Apenas ri e continuei a subir a lomba que dava na escola.
Passei pela porta, dando no saguão, onde tinham poltronas, sofás e era bem quentinho, apesar de todas essas qualidades, preferia ficar na parte de trás, onde tínhamos o recreio.
- Está muito frio aqui - disse Katy assoprando as mãos.
- Quer ficar lá...
- Oi - disse Lukas me interrompendo.
- Oi - respondemos.
- Está muito frio hoje né? - perguntou ele.
- Pois é, ontem estava mais quente - disse Katy.
- Vocês vão no evento que terá sábado? - perguntei animada.
- Que evento? - perguntou Lukas.
- Onde tem coisas sobre animes, youtubers, cosplays, concursos, é bem legal, podíamos ir juntos - disse.
- Se você vai, óbvio que eu vou - disse Katy sorrindo.
- Se eu puder ir junto... - disse Lukas.
- Claro que pode - disse sorridente.
O sinal bateu e tive que me despedir de Katy. Apesar de melhores amigas não ficávamos na mesma turma, ela era da 9°B e eu da 9°A, nos separamos esse ano.
- Você fez o trabalho? - perguntou Lukas.
- Uhum. E você?
- Fiz. Mas em minha opinião ficou feio - disse ele.
- Posso ver? - perguntei.
Ele assentiu com a cabeça e pegou o trabalho da mochila.
- Meu Deus! Feio? Você esta ficando louco! Ficou lindo! - disse encantada com aquele trabalho.
- Nossa... Não está TÃO emocionante assim... - disse ele envergonhado.
- Está sim!
- Vamos subir? A professora já deve estar na sala - disse.
- Vamos.
Quando chegamos na sala, por nossa sorte, a professora ainda não estava. Me sentei em minha classe, Julia já tinha chego.
- Oi, Ashe - disse ela.
- Oi! - disse sorridente.
Nesse momento a professora entrou e já começou a passar coisas, dizendo que tínhamos que ter a matéria até junho.
- Ashley - disse alguém cutucando minhas costas.
Me virei e era Fred, ele tinha cabelos ruivos e olhos verdes e era um pouco mais alto que eu.
- Oi - disse o encarando.
- Me empresta uma caneta azul? - perguntou.
- Só tenho uma e estou usando, desculpa - disse.
- Tudo bem.
Ele voltou a se sentar.
- Ashe, ontem você não entrou no WhatsApp o dia inteiro. Aconteceu algo? - perguntou Júlia.
- Não, fiquei estudando até tarde - respondi.
- Ah...
Depois de mais dois períodos chatos com professores chatos, fomos liberados para o recreio.
Peguei na jaqueta de Lukas, o puxando para descer as escadas comigo. Éramos amigos desde o quinto ano, ele é uma ótima pessoa.
- Eu sei andar - disse ele de um modo brincalhão.
Sorri e continuei o puxando, até chegarmos lá no espaço livre.
- Ashe... Amanhã você pode vir na minha casa? - perguntou ele me olhando.
- Posso - disse sorrindo - Para o almoço?
- Não. De tarde, podíamos assistir um filme ou fazer alguma coisa.
- Ah... Claro! - disse ainda sorrindo.
- Olá pombinhos - disse Katy se aproximando.
Revirei os olhos e olhei para Lukas que fazia a mesma coisa.
- Porque tem que existir inverno? Inverno é ruim - disse Katy.
- Eu gosto do inverno - disse.
- Vou no banheiro - disse Lukas indo em direção ao saguão.
Estávamos conversando normalmente como sempre, até todos do recreio, menos eu, caírem no chão, como se tivessem todos desmaiado ao mesmo tempo.
Fiquei muito assustada e a primeira coisa que me veio na cabeça foi a pulsação. O coração de Katy não estava batendo. Comecei a me desesperar e quando vi estava chorando.
- O que esta acontecendo? - falei baixinho.
- Katy! Acorda! - gritei mesmo sabendo que ela não estava mais ali.
Fui correndo até o banheiro dos meninos e abri todas as portas, Lukas não estava lá. Comecei a chorar mais.
- Lukas... - sussurei limpando minhas lágrimas.
Comecei a andar lentamente pela escola e não havia mais ninguém de em pé, além de mim. Notei que o guarda tinha uma arma, então a peguei e coloquei em meu bolso traseiro e no outro uma caixinha de munição.
Limpei mais algumas lágrimas e subi as escadas, indo até uma das salas. Meu plano era ficar lá, até que alguma coisa acontecesse ou alguém aparecesse.
Me sentei em uma das mesas do fundão. Comecei a pensar em minha mãe, que nesse momento deve estar caída em sua cama, em Lukas, que deve estar no chão em algum lugar. Minha melhor amiga...
- Por que? - comecei a me perguntar dando socos na parede.
Eles eram as únicas coisas que eu tinha. Mesmo ainda não sabendo se Lukas estava vivo, era bem provável que não.
A maçaneta começou a se mexer, naquele momento peguei a arma e apontei para a porta. Eu estava prestes a atirar, mas quando vi era meu colega, Matt.
- Graças a Deus! - disse indo em sua direção e o abraçando.
Ele retribuiu o abraço e ficamos assim por um tempo, era muito bom ver alguém vivo.
- O que aconteceu? - perguntei o soltando.
- Não sei - disse ele me encarando.
Matt era da minha altura, tinha cabelos negros arrepiados e olhos verdes escuros. Ele vestia roupas modernas e ao todo era bonito.
- Eles morreram? - perguntei limpando mais algumas lágrimas que escorriam em minha bochecha.
- Eu não sei, o coração deles não está batendo - disse ele em um tom triste.
Ficamos em silêncio por um tempo.
- Matt... Não podemos ficar na escola - disse.
- Eu sei. Vamos para minha casa, quando saí, meus pais não estavam lá, está vazia.
Assenti com a cabeça e saímos da sala. Descemos as escadas rapidamente e as pessoas ainda estavam todas caídas no chão.
- Estou com frio - disse.
- Pode até ser uma ideia idiota, mas não tenho casaco para te dar, pegue o de alguém - disse ele olhando para mim.
Eu ia recusar, mas não podia passar frio, fui até o local de recreio e me aproximei de Katy.
- Me desculpa - disse deixando algumas lágrimas caírem em seu rosto.
Tirei o casaco dela e deixei-a ali no chão. Quando estava entrando novamente no saguão, algo segurou meu pé direito.
- Você está vivo?- perguntei olhando para o garoto que segurava meu pé.
Aquela era uma pergunta extremamente idiota, mas ele não estava vivo antes.
Recebi resmungos como resposta. Com medo, tentei me soltar de sua mão, mas não estava conseguindo.
- Me solta! - gritei.
O garoto fez barulhos estranhos e quando notei, a mão que me segurava estava ficando maior e rosada, as unhas compridas e pretas.
- Matt! - gritei.
- Ashe! - gritou ele de volta.
- Socorro! - gritei o mais alto que pude, ainda tentando me soltar do garoto.
Matt se aproximou de mim com uma faca de cortar carne e arrancou a mão do garoto. Deixando escorrer uma gosma verde.
- O que é isso?! - perguntei assustada me aproximando de Matt.
- Eles estão se transformando em algo - disse ele apontando para algumas pessoas distantes que estavam se levantando.
O garoto que agarrava meu pé estava levantando. Suas pernas ficaram mais compridas até ele atingir o que parecia dois metros de altura. Seu braço que Matt havia cortado tinha crescido novamente e de um tamanho maior, os pé estavam aumentando o tamanho também. As roupas estavam se rasgando e quando vi, ele era apenas um bicho careca rosado, com dentes super afiados e garras imensas. E para piorar ele não estava sozinho.
- Vamos sair daqui! - gritei pegando a mão de Matt e o puxando para fora da escola.
Não paramos de correr até chegar na esquina da escola.
- Nós vamos morrer - disse olhando para Matt.
- Não vamos não - disse ele - Vou te proteger. Apenas mantenha a calma.
Vi que aquelas coisas estavam se aproximando, então novamente peguei na mão de Matt e o puxei até a outra esquina.
- Onde você mora? - perguntei.
- No final desta rua. Sorte sua que moro perto da escola - disse ele limpando uma lágrima do meu rosto.
Estávamos caminhando assustados. Peguei a arma na mão.
- Matt, vamos mais rápido. Mais daquelas coisas podem sair das casas - disse olhando atentamente para os lados.
Ele começou a correr e eu fiz o mesmo, fomos assim até chegar nos prédios onde Matt morava.
- Moro no fundo. Bloco H - disse ele com uma expressão triste.
- Tudo bem, vamos - disse abrindo o portão para nós entrarmos.
Os guardas ainda estavam desacordados, mas logo "acordariam".
- Por que será que não viramos aquelas coisas? - perguntei pegando no braço de Matt, para não ter perigo de me separar dele.
- Talvez algo no sangue, físico. Não sei - respondeu ele apressado.
Continuamos a caminhar e finalmente chegamos na entrada onde Matt morava. Os prédios eram amarelados e tinham quatro andares. Subimos as escadas e fomos até sua porta, que se encontrava no terceiro andar. A porta e a grade eram brancas, bem pintadas.
- E a chave? - perguntei.
Ele levantou o pequeno tapete escrito "Welcome" e pegou uma chave, abrindo a porta.
- Entre - disse ele dando espaço para mim entrar.
Ele pegou uma outra chave na mesinha do computador e trancou a grade, após isso trancou a porta.
- A partir de agora, essa será nossa nova casa - disse ele do modo mais animado que conseguiu.

História nova! Espero que gostem, de verdade. Estou adorando escrever essa história. Se acharem algum erro de ortografia, ou qualquer coisa fora de comum, me falem, estarei a todo ouvido para críticas. Beijos!

DeadRose - O Começo Do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora