A família da garotinha Ana gostava de leva-la ao parque para brincar com as outras crianças. Ela acabara de completar cinco anos e, seus pais sempre notaram um comportamento diferente; por isso a levavam em parques sempre que podiam, para ver se a pequena criança se enturmava.
Em casa, Ana costumava brincar sem nenhum brinquedo, isso intrigava seus pais. Que criança não gosta de brinquedos? Além disso, ela era muito quieta, não era de falar com visitas, muito menos com parentes.
O que havia de errado? "Nada". Os médicos diziam aos seus pais, pois sempre levavam Ana para fazer checkup. Como sua saúde era perfeita, os pais dela nunca se preocuparam em leva-la à um psicólogo, achavam algo desnecessário por ser apenas um comportamento curioso, mas não muito preocupante.
As cores:
Era uma manhã comum de domingo, fazia 28 graus em Greenland, o céu brilhava sem nenhuma nuvem. A mãe de Ana a acordou para ir ao parque, como habitualmente faziam.
"Quero o vestido de linha que a vovó fez. " Ana pediu para sua mãe enquanto seus olhinhos ainda estavam semiabertos. E como de praxe, sua mãe colocou as sandálias brancas para combinar com o vestido vermelho de tricô.
Aliás, Marta e Bryan são os nomes dos pais de Ana.
A casa em que moravam não era muito grande, mas enorme o suficiente para uma garota de cinco anos sair correndo de seu quarto para o quarto de seus pais.
"Acorda papai. " Nisso Ana já se acomodava ao lado de Bryan para voltar a dormir junto com ele, enquanto Marta arrumava todo o café da manhã.
Com toda aquela preguiça de final de semana, finalmente todos estavam prontos e partiram para o parque.
Chegando lá já notaram que seria um longo dia, estava lotado de crianças. Os pestinhas estavam por toda parte do parque correndo, gritando, brincando, pulando e fazendo tudo o que uma criança poderia imaginar fazer para se divertir. Ana se sentia deslocada na multidão, mesmo sendo de crianças. Ela ficou grudada na barra da mãe por um bom tempo, então Bryan resolveu agarra-la e começou a fazer cócegas. Ele sabia como quebrar o gelo.
Seu pai era do tipo quietão, por isso se dava muito bem com Ana. Eles deixaram Marta com os outros pais e, foram para um lugar com menos crianças brincar sozinhos. Ela gostava de sentar e imaginar que inventava objetos majestosos de grande utilidade, seu pai só entrava na onda.
Depois de algum tempo brincando, Bryan disse que iria se sentar com Marta no meio dos adultos. "Procure alguém para brincar, papai vai falar coisa de gente grande! "
"Me deixa ficar com vocês, eu não tenho amiguinhos aqui, papai! "
Bryan gostava de passar muito tempo com Ana, mas sabia que a garota precisava aprender a se enturmar, era uma questão de convívio social.
"Você precisa fazer amiguinhos querida, se der sorte fará um que não morda. " Disse o pai com um sorriso no rosto, levantando para se juntar com os outros adultos.
Naquele momento Ana ficou chateada e com raiva, pois não gostava de ser deixada sozinha, obrigada a fazer algo que não gosta. Ficou sentada olhando para os adultos por algum tempo e, depois foi observar as outras crianças.
Não muito longe de onde estava, haviam algumas crianças com a faixa etária de Ana, brincando de pega-pega. Ela ficou parada só observando, sem coragem de ao menos tentar um "oi "com alguém, quando de repente um garotinho moreno gritou:
"Hei, menina do vestido engraçado, vem brincar com a gente. Você está no meu time. "
Sem hesitar ela correu para lá.
Havia cerca de umas quinze crianças brincando de pega-pega, corriam numa grama baixa, em alguns lugares tinha terra batida de tanto os pés pisarem na grama.
Eis a cena que Ana guardou perfeitamente na memória: Sol no meio do céu azul, fazendo o suor pingar da testa e ela limpando no vestido, aquela poeira levantando de tanto as crianças correrem, algumas arvores perto de onde brincavam tão verdinhas, gritos de felicidade e susto. Tudo parecia ocorrer na velocidade normal do tempo, quando Ana para sua visão em uma garota. Agora é como se o tempo corresse em câmera lenta.
O que fez Ana parar não foi o fato daquela garota estar olhando para ela, mas o fato de parecer que ela tinha muito mais cores do que o resto da paisagem e das pessoas. Como se tudo perdesse o foco e ela pudesse apenas enxergar aquela menina: Cabelo loiro cacheado, olhos tão azuis, uma blusinha amarela, short roxo, chinelo rosa. Aquela menina olhava direto nos olhos de Ana, sorrindo estranhamente. Enquanto tudo não fazia sentido, ela ia se aproximando.
"Você não é igual todo mundo. " Disse a menina loira do cabelo cacheado no pé do ouvido de Ana.
Ana tinha apenas cinco anos quando teve sua primeira experiência com as cores. Ela guardou perfeitamente esse dia em sua memória.
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O Mundo Real da Mente de Ana
Mystery / ThrillerPouquíssimas pessoas descobrem que existe um outro universo detrás de nossas vidas. O que as pessoas chamam de pensamentos eu prefiro chamar de conselheiros. Todas as coisas que achamos que vem da nossa imaginação na verdade são teorias criadas pelo...